Tuesday, April 17, 2007

Estréias de 01 de junho de 2007

CONFIDENCIAL
(Infamous, EUA, 2006)
Drama - 110 min.
Direção: Douglas McGrath
Roteiro de Douglas McGrath, baseado em livro de George Plimpton. Elenco: Toby Jones, Sandra Bullock, Daniel Craig, Lee Pace, Peter Bogdanovich, Jeff Daniels, Hope Davis, Gwyneth Paltrow, Isabella Rossellini, Juliet Stevenson, Sigourney Weaver.
Sinopse: Truman Capote (Toby Jones) é um escritor e jornalista bastante famoso entre as celebridades, ainda mais depois de ter lançado "Breakfast at Tiffany´s" (Bonequinha de Luxo). Após mais um dia agitado na companhia da elite cultural de Nova York, Capote chega em casa e lê uma reportagem no jornal New York Times sobre um assassinato coletivo brutal numa pequena cidade no Kansdas, Sul dos EUA. Curioso com o assunto, o escritor resolve fazer uma investigação que, mais tarde, transforma-se em sua obra prima literária, o livro A Sangue Frio.
Durante as investigações, Capote desenvolve uma amizade profunda com os assassinos, Perry Smith (Daniel Craig) e Dick Hickock (Lee Pace), enquanto os entrevista no corredor da morte.
Bastidores: - Recebeu uma indicação ao Independent Spirit Awards de Melhor Ator Coadjuvante (Daniel Craig).

Site Oficial: http://wip.warnerbros.com/infamous/




TRANSYLVANIA
(França, 2006)
Direção: Tony Gatlif
Elenco
: Asia Argento (Zingarina), Amira Casar (Marie), Biron Ünel (Tchangalo), Alexandra Beaujard (Luminitsa), Marco Castoldi (Milan Agustin), Beata Palya, Rares Budelaina, Gabor.
Sinopse: Zingarina (Asia Argento) é uma mulher grávida que viaja com a amiga Marie (Amira Casar) rumo à Transilvânia, na Romênia. Ela está à procura do homem que ama, Milan (Marco Castoldi), que conheceu na França mas foi embora sem qualquer explicação. Ao reencontrá-lo, Milan rejeita Zingarina. Sua vida apenas melhora quando ela conhece Tchangalo (Biron Ünel), um homem solitário que, assim como ela, é livre.
Notas da Crítica:
Ricardo Calil, SET: 7/10
Alysson Oliveira, Cineweb: 3/5
Erico Fuks, Cinequanon: 3/5
Christian Petermann, Guia da Folha: 2/4
Cássio Starling Carlos, Folha Ilustrada: 2/4
Suzana Amaral, Guia da Folha: 2/4
Angela Andrade, Cinequanon: 2/5
Jbeto, Cine do Beto: 2/5
Marcia Schmidt, Cinequanon: 2/5
Orlando Margarido, Veja SP: 2/5
Marina Person, Guia da Folha: 1/4

HISTÓRIAS DO RIO NEGRO
(Brasil, 2007)
Direção: Luciano Cury
Sinopse: Documentário que tem como entrevistador o médico e escritor Dráuzio Varella. Foi rodado durante uma viagem de 1.100 quilômetros pelo Rio Negro, de São Gabriel da Cachoeira até Manaus, e conduz o espectador pelas paisagens encantadoras do rio, revelando a vida, o imaginário e as aventuras das pessoas que habitam as suas margens.
Notas da Crítica:
Alysson Oliveira, Cineweb: 3/5
Érico Fuks, Omelete: 3/5
ÍNDICE NC: 6,00/2


Premonições
(Premonition, EUA, 2007)
Direção: Mennan Yapo
Elenco: Sandra Bullock, Julian McMahon, Mark Famiglietti, Kate Nelligan, Nia Long.
Sinopse: Linda é uma mulher casada que vive infeliz em uma típica casa de classe média. Quando seu marido é morto em um acidente de carro, Linda acredita que sua vida vai tomar rumos completamente diferentes, até que ela descobre que tudo não passou de um estranho sonho. Perturbada com a visão, a heroína começa a descobrir que ela sofre de misteriosas premonições e que seu marido pode não estar a salvo como pensa.
Notas da Crítica:
Alysson Oliveira, Cineweb: 2/5
Diego Benevides, Cinema com Rapadura: 4/10
Orlando Margarido, Veja SP: 2/5
Pablo Villaça, Cinema em Cena: 2/5

ZODÍACO
(Zodiac, EUA, 2007)
Direção: David Fincher
Roteiro de James Vanderbilt, baseado nos livros de Robert Graysmith "Zodiac" e "Zodiac Unmasked: The Identity of Americas Most Elusive Serial Killer Revealed". Elenco: Jake Gyllenhaal(Robert Graysmith), Mark Ruffalo (Inspetor David Toschi), Anthony Edwards (Inspetor William "Bill" Armstrong), Robert Downey Jr. (Paul Avery), Brian Cox (Melvin Belli), John Carroll Lynch (Arthur Leigh Allen), Chloë Sevigny (Melanie), Ed Setrakian (Al Hyman), John Terry (Charles Theiriot), Candy Clark (Carol Fisher), Elias Koteas (Sargento Jack Mulanax), Dermot Mulroney (Capitão Marty Lee), Donal Logue (Ken Narlow), June Raphael (Sra. Toschi), Ciara Hughes (Darlene Ferrin), Lee Norris (Miek Mageau - jovem), Patrick Scott Lewis (Bryan Hartnell), Pell James (Cecelia Shepherd), Philip Baker Hall (Sherwood Morrill), Clea DuVall (Linda Ferrin), Richmond Arquette (Zodíaco 1 e 2), Bob Stephenson (Zodíaco 3), John Lacy (Zodíaco 4).
Sinopse: 4 de julho de 1969. Vallejo, California. Em meio aos fogos de artifício do Dia da Independência, um casal de jovens amantes é assassinado brutalmente dentro de um automóvel numa estrada vazia.
Quatro semanas depois. San Francisco, California. Após deixar o filho na escola, o cartunista Robert Graysmith segue para a redação do jornal San Francisco Chronicle, onde ele trabalha há nove meses fazendo ilustrações que o Editor Templeton avalia e seleciona para publicar. As avaliações para os trabalhos de Robert variam de "horrível" a "mais ou menos", e as "mais ou menos" são publicadas.
Naquela manhã a reunião do Conselho Editorial foi contemplada com uma carta enviada em caráter de urgência para o Editor do Chronicle. O autor da carta confessava ter assassinado três pessoas (inclusive o casal de Vallejo), dava detalhes dos crimes e exigia a publicação de uma mensagem cifrada. A carta avisava que havia outras duas partes da mensagem que foram endereçadas para os jornais San Francisco Examiner e Vallejo Times-Herald. A não-publicação da mensagem em código implicaria no início de uma onda de crimes sem precedentes. A assinatura do autor é um símbolo, que à primeira vista parece com a mira de um rifle, mas que também poderia ser um círculo trigonométrico ou o círculo de contagem regressiva típico do cinema.
A mensagem é publicada, mobilizando decifradores de código de toda a Califórnia. Um historiador e sua esposa, de Salinas, conseguem decodificar a mensagem. Robert Graysmith, que além de cartunista é frequentador de bibliotecas e apaixonado por livros de enigmas e desafios lógicos, descobre na mensagem cifrada uma referência ao filme "Zaroff, o Caçador de Vidas" (The Most Dangerous Game, 1932), da produtora RKO.
O autor da mensagem cifrada, que expressa, entre outras coisas, que "Eu gosto de matar pessoas porque é mais divertido do que matar animais na floresta, porque o homem é o animal mais perigoso", assume o codinome Zodíaco.
Enquanto isso, Paul Avery, principal repórter do San Francisco Chronicle, com a ajuda extra-oficial de Graysmith, começa a escrever sobre o Zodíaco, assunto que logo iria se tornar para ele uma obsessão porque passa a ser o carro-chefe da época entre os assuntos que mais vendem jornais e, junto com o alcoolismo, acabaria por colocar em risco sua carreira.
27 de setembro de 1969. Napa, Califórnia. Um casal namorando à beira do lago Berryessa, num Parque Público, é atacado a facadas por um homem de capuz usando uma camisa com o símbolo do "Zodíaco".
11 de outubro de 1969. San Francisco, Califórnia. O taxista Paul Stine é baleado com um tiro na nuca e morre. O "Zodíaco" assume o assassinato.
A notícia cria pânico em San Francisco, já que até então os crimes se circunscreviam a cidades do interior da Califórnia. A chegada do "Zodíaco" à cidade grande mobiliza os inspetores de polícia David Toschi e "Bill" Armstrong, que precisam da ajuda de todos os parcos recursos da perícia técnica e da arquivologia disponíveis na época para tentar decifrar as pistas e as falsas pistas do criminoso, que incluem cartas manuscritas, mensagens cifradas, telefonemas e impressões digitais deixadas em pelo menos quatro cidades diferentes.
Um dos principais peritos envolvidos, responsável por inocentar muitos dos suspeitos, é o especialista em caligrafia Sherwood Morrill.
Aos poucos, a história torna-se mais e mais complicada: policiais e jornalistas começam a desconfiar de que nem todas as cartas foram escritas pelo serial killer e que este assumiu o crédito por crimes que não cometeu. O inspetor "Bill" Armstrong pede transferência para a Divisão de Fraudes.
Depois de alguns anos sem novas ocorrências, os jornais se desinteressam pelo Zodíaco, e a polícia interrompe as buscas. No entanto, Robert Graysmith, que durante cerca de três décadas colecionou recortes de jornais com tudo sobre o Zodíaco continuava intrigado com o caso e determina-se a juntar os fatos, pistas e indícios e descobrir a identidade do criminoso a todo custo.
LINK PARA OS MELHORES FILMES DE 2007

INESQUECÍVEL
(Brasil, 2007)
Direção: Paulo Sérgio de Almeida
Roteiro de Marcos Bernstein, com colaboração de Marcos Lazarini e baseado em argumento de Mariza Leão e Paulo Sérgio de Almeida, baseado ainda no conto "O Espectro", de Horácio Quiroga. Elenco: Murilo Benício (Diego Borges), Caco Ciocler (Guilherme Quiroga), Guilhermina Guinle (Laura Monteiro), Fernanda Machado (Esposa), Gustavo Rodrigues (Amante), Marcos França (Alberto), Marly Bueno (Norma), Nildo Parente (Padre), Roberto Frota (Juiz de paz), Tião D'Ávila (Seu Pedro), Alexandre Dantas (Cenógrafo), Luiz Octávio Moraes (Detetive), Bia Sion (Bilheteira), Thiago Oliveira (Guilherme Quiroga - jovem), Helder Agostini (Diego Borges - jovem), Liz Maggini Seraphin (Laura Monteiro - jovem).
Sinopse: Diego Borges (Murilo Benício) é um famoso ator de cinema que vive o melhor momento de sua vida e de sua carreira. No mesmo dia em que termina as filmagens de seu melhor trabalho ele se casa com seu grande amor, a estilista Laura Monteiro (Guilhermina Guinle). Entretanto Diego descobre que, pouco antes do casamento, Laura teve um caso fulminante com o fotógrafo Guilherme Quiroga (Caco Ciocler), seu melhor amigo, o que o deixa com raiva e ciúme. Inesperadamente Diego morre, deixando como testamento seu último filme. Ao assisti-lo, Guilherme e Laura ficam cada vez mais obcecados com a intimidade com a qual a história dos três foi retratada.
Notas da Crítica:
Alfredo Sternhein, SET: 7,5/10
Cassio Starling Carlos, Folha Ilustrada: 1/4
Alysson Oliveira, Cineweb: 1/5
Fernando Watanabe, Cinequanon: 1/5
Jbeto, Cine do Beto: 1/5
Marcelo Forlani, Omelete: 1/5
Erico Fuks, Cinequanon: 0/5
Sergio Nunes, Cinequanon: 0/5

Extermínio 2
(28 Weeks Later, EUA, 2007)
Direção: Juan Carlos Fresnadillo
Elenco: Harold Perrineau, Robert Carlyle, Rose Byrne e Catherine McCormack.
Sinopse: No primeiro filme, ecologistas invadiram um laboratório a fim de libertar uns macacos que estavam sendo usados como cobaias. O que eles não se preocuparam em saber foi qual o tipo de experiência que estava sendo testada. Eles carregavam um vírus experimental chamado RAGE.
15 dias depois... Grã Bretanha em Quarentena
28 dias depois... Grã Bretanha destruída por vírus
5 semanas depois... Os infectados (zumbis) morrem de fome
11 semanas depois... A OTAN chega a Londres
18 semanas depois... Grã-Bretanha livre de infecção
24 semanas depois... Começa a Reconstrução
28 semanas depois...
O exército americano estava trabalhando em Londres para impedir a propagação da praga e permitir aos poucos o retorno dos moradores que fugiram da epidemia, mas inicialmente apenas para viverem numa área isolada chamada Distrito Um, que seria o ponto de partida para o início da reconstrução da cidade após o caos disseminado pelo vírus da raiva.
Don é um homem que vive na área de segurança e que tem uma espécie de cargo de zelador do local. Ele aguarda a chegada de seus filhos, Andy, com doze anos, e Tammy, e guarda na cabeça a perturbadora lembrança de sua esposa Alice sendo atacada pelos infectados.
Porém, a aparente calmaria do lugar se transforma radicalmente quando o vírus consegue se infiltrar no refúgio espalhando novamente o caos absoluto entre os civis e militares. Um grupo formado pelo jovem casal de irmãos, um atirador de elite, Sargento Doyle, e uma médica do exército, tenta escapar da área de segurança, tendo que para isso combater tanto os infectados que querem rasgar suas carnes e saborear o sangue, como os militares americanos que são orientados a conter a nova epidemia a qualquer custo, mesmo que seja necessário matar pessoas inocentes e ainda livres do vírus.
LINK PARA OS MELHORES FILMES DE 2007

ESTRÉIAS ADIADAS (OU CANCELADAS):

SKINWALKERS
(EUA, 2006)
Terror - 110 min.
Direção: James Isaac
Elenco: Jason Behr, Elias Koteas, Rhona Mitra, Kim Coates, Natassia Malthe, Matthew Knight, Sarah Carter, Tom Jackson, Rogue Johnston, Barbara Gordon, Shawn Roberts, Lyriq Bent.
Sinopse: Duas gangues rivais de lobisomens lutam por motivos distintos pelos corpos da mãe e do filho pré-adolescente.

7 comments:

airtonshinto said...

ÉRICO BORGO, do site Omelete:
"Já que as comparações são inevitáveis, vamos a elas. Realizados quase simultaneamente, Capote (2005) e Confidencial (Infamous, 2006) contam exatamente a mesma história: como o escritor Truman Capote dedicou-se durante seis anos à criação de sua obra-prima, À Sangue Frio (In Cold Blood), um dos maiores romances do século XX e precursor dos livros-reportagens (obras que empregam técnicas narrativas da ficção em histórias verdadeiras, pesquisadas como notícia).
A história começa em 15 de novembro de 1959, quando Capote lê no jornal uma pequena nota sobre o assassinato dos quatro membros da família Clutter, encontrados mortos na sua casa em Holcomb, Kansas. O escritor empolga-se - como uma cidadezinha interiorana, povoada por vizinhos de longa data, que se conhecem e confiam uns nos outros, está recebendo essa notícia, já que o assassino pode ser qualquer um? - Capote faz as malas e parte em direção ao oeste, farejando uma história e incapaz de prever seu dramático desfecho.
Enquanto o filme de 2005, Capote, é mais distante e calculado, Confidencial mergulha nas emoções de seus protagonistas. As abordagens refletem as origens dos roteiros. O primeiro veio de uma biografia austera de Gerald Clarke, o outro de um livro criado a partir de relatos (e fofocas) de pessoas que conheceram Capote, de George Plimpton. Apesar de se vestirem igual, falarem com a mesma voz irritante e terem os mesmos amigos e idéias, os dois Capotes não poderiam ser mais diferentes. O vivido por Philip Seymour Hoffman em 2005 é mais reservado, esconde suas cartas e um inteligente oportunista. O interpretado por Toby Jones aqui é um homem espirituoso, dividido, ligado ao seu "personagem" de À Sangue Frio por afeto e um passado de desgraças.
Tecnicamente, Capote é um filme melhor. O registro metafórico do Kansas, a transformação de Hoffman no escritor, o favorecem (o mirrado e naturalmente esquisito Jones não precisou de muita transformação para ficar perfeito). Mas Confidencial não fica atrás. Ao optar por uma aproximação menos mítica do autor - e muitas vezes bem-humorada -, ele facilita o relacionamento com o público com essa estranha figura. Outro grande trunfo do segundo é o elenco reunido pelo diretor Douglas McGrath (Emma, O herói da família), que inclui Sandra Bullock, Sigourney Weaver, Isabella Rossellini, Jeff Daniels e, especialmente, Daniel Craig. O novo James Bond rouba todas as cenas em que aparece, mostrando que Capote deveria ter investido em um ator melhor que Clifton Collins Jr. para o papel de Perry Smith, um dos dois assassinos da trama. Craig é intenso, inteligente, terno e, em alguns momentos, até assustador.
McGrath foi feliz também na utilização de trechos de entrevistas com os personagens, que parecem extraídas de um talk-show póstumo. A solução, entremeada com as seqüências encenadas, reforça o tom humano que o filme almeja, dando um lado quase documental a ele - certamente uma técnica interessante para injetar alguma novidade num gênero já bastante explorado, e ao mesmo tempo uma homenagem ao próprio pioneirismo da obra que o inspirou.
Mas qual seria o filme mais verdadeiro então, Capote ou Confidencial? Impossível saber, mas ambos merecem ser conferidos - ao menos como um exercício de cinema, provando como o olhar dos criadores pode alterar dramaticamente a mesma história, com resultados tão distintos quanto excelentes."

airtonshinto said...

EMILIO FRANCO JR., do site Cineplayers:
"Confidencial é mais um filme sobre a vida do escritor americano Truman Capote. Esta nova produção foi rodada ao mesmo tempo em que Bennet Miller filmava Capote, filme lançado em 2005 e que acabou sendo grande sucesso de crítica. Confidencial só foi lançado agora a fim de evitar comparações com o longa de Miller. Mas não adiantou, Capote ainda está muito fresco na memória, e as comparações são inevitáveis. Porém, engana-se quem pensa que isso atrapalha o filme de Douglas McGrath. Confidencial não chega a ser tão brilhante quanto Capote, mas é outro ótimo filme sobre o escritor de A Sangue Frio.
A produção aborda o momento da vida de Truman Capote em que ele está escrevendo o seu livro de maior sucesso, A Sangue Frio, um romance de não-ficção sobre o terrível assassinato dos quatro membros da família Clutter, mortos, em sua residência, durante um assalto. O ano é 1959. Ao ler no jornal sobre o assassinato ocorrido no Kansas, Truman (Toby Jones) não consegue tirar a história da cabeça e decide viajar acompanhado de sua amiga, a escritora Harper Lee (Sandra Bullock), para o pequeno povoado de Holcomb, no Kansas. Na cidade, Truman começa a entrevistar os moradores, o detetive de polícia e, posteriormente, os dois criminosos, tudo para conseguir detalhes para seu livro.
Em alguns momentos, Confidencial se assemelha muito a Capote, entretanto, há outros momentos do filme em que as produções não se parecem em nada. Um dos grandes acertos desta nova produção é mostrar com mais veracidade o relacionamento que acabou ocorrendo entre o escritor e um dos assassinos, Perry Smith. O longa de 2005 acaba só deixando a entender o ocorrido entre os dois, enquanto que em Confidencial a questão é explorada abertamente. Ao optar por ser mais verdadeiro, Confidencial acaba transmitindo mais emoção do que Capote. Esse novo longa se diferencia do anterior ao colocar mais passagens cômicas, resultando em um filme com humor na dose certa.
O bom roteiro nos revela não só a face brilhante do escritor, mas sua frieza e seu egocentrismo. O autor amava mais a si do qualquer outra coisa, sendo capaz de pagar bons advogados para os assassinos enquanto estes interessavam como fonte de informações. Após conseguir o que queria, Truman corta o benefício para que os dois sejam enforcados, obtendo, assim, o final perfeito para o seu livro. O roteiro ainda explora a semelhança entre o escritor e o prisioneiro – Smith -, os quais tiveram infâncias parecidas, sofrimentos comuns, mas um venceu na vida, e o outro não teve o mesmo caminho.
A produção deixa transparecer com grande habilidade a personalidade de Truman. É interessante, por exemplo, ver como o escritor decidia a maneira que iria escrever no livro o material coletado nas entrevistas feitas. Ele contava para suas amigas o relato de Perry, porém para cada uma ele contava de um jeito diferente. Isso tinha uma razão de ser: o relato que causasse maior impacto seria o escolhido para constar no livro. O filme deixa claro, também, em diversas passagens, como Truman gostava de fazer fofoca.
Porém, Confidencial erra em dois momentos. Os depoimentos dos personagens, no início do filme, falando sobre Truman cortam totalmente o ritmo da projeção, em tentativa fracassada de dar ar documental ao longa. Entretanto, mais ao final, quando os depoimentos reaparecem, não incomodam mais, pois com grande competência, o filme já envolveu seu espectador emocionalmente, e as falas dos personagens para a câmera acabam sendo retratos melancólicos sobre Truman e seu livro (não incomodando o fato de os personagens dizerem o que o filme já deixou claro). Outro momento que pareceu precipitado foi a forma como o diretor resolveu mostrar Perry narrando as cartas escritas para Truman. Colocar o ator (Daniel Craig) olhando direto para a câmera e pronunciando as palavras que escreveu na carta ficou constrangedor.
Voltando a falar das qualidades. Em Capote, Philip Seymour Hoffman, que acabou vencendo o Oscar de melhor ator, foi impecável ao interpretar o escritor. O Capote de Hoffman é inesquecível. A surpresa é que a interpretação de Toby Jones não fica devendo nada à de Hoffman. Jones é atrapalhado apenas pelo fato de o filme com Hoffman ter sido lançado antes, assim, o Capote de Hoffman, justamente muito premiado, sempre será mais lembrando que o seu. Porém, a semelhança física de Toby Jones com Truman acaba ajudando muito o ator, que deu grande intensidade ao personagem, retratando com perfeição todas as manias de Capote, inclusive o jeito de falar.
Daniel Craig, o novo 007, também está ótimo. Ao interpretar Perry Smith, o ator conseguiu passar com perfeição a personalidade do assassino. Ele está tão bem quanto Clifton Collins Jr. esteve em Capote. A grande surpresa fica mesmo por conta de Sandra Bullock. A atriz está perfeita como Harper Lee. A atuação dela é superior a de Catherine Keener, no filme de Miller. Confidencial tem um elenco brilhante, que acaba fazendo o filme funcionar muito bem.
O escritor Truman Capote acabou recebendo grandes homenagens do mundo do cinema. Foram duas grandes produções sobre uma mesma fase de sua vida: o excelente Capote, e este ótimo Confidencial."

airtonshinto said...

PABLO VILLAÇA, do site Cinema em Cena:
"Há algo de fascinante no exercício de comparação entre Capote, o brilhante filme que rendeu o Oscar de Melhor Ator a Philip Seymour Hoffman no ano passado, e este Confidencial, rodado quase que simultaneamente àquele projeto, mas engavetado por vários meses a fim de fugir justamente às inevitáveis comparações – um esforço inútil, considerando que estas são... como já dito, inevitáveis. Aliás, mais do que isso: infelizmente para o filme escrito e dirigido por Douglas McGrath, elas são também pouco lisonjeiras.
Centrado no mesmo período-chave da vida de Truman Capote (a elaboração do clássico A Sangue Frio), Confidencial acompanha o protagonista em sua viagem a Holcomb, no Kansas, com o propósito de investigar o impacto provocado na cidadezinha pelo brutal assassinato de uma família local. Distante de seu elemento (a alta sociedade de Nova York), Truman é visto com estranheza por todos, já que seus modos excêntricos e sua afetação característica praticamente o transformam em uma criatura alienígena para aquelas pessoas. Aos poucos, porém, o escritor vai ultrapassando os obstáculos à sua frente até ganhar acesso irrestrito aos bastidores da investigação, culminando em um complexo relacionamento com Richard Hickcock (Pace) e Perry Smith (Craig), os assassinos da família Clutter.
É aqui, diga-se de passagem, que se encontra uma das principais diferenças entre os dois filmes: enquanto em Capote a dinâmica entre Truman e Perry Smith (vivido naquele longa por Clifton Collins Jr.) retratava claramente a forte influência do primeiro sobre o segundo, em Confidencial é Perry quem exibe ter domínio da situação, freqüentemente subjugando Truman física e emocionalmente – algo no mínimo inverossímil, considerando-se as personalidades dos dois homens. Parte da responsabilidade por este problema, vale dizer, cabe à escalação equivocada de Daniel Craig para interpretar o complexo Perry Smith: bem maior do que Toby Jones (que vive Capote), Craig é uma presença excessivamente ameaçadora, o que o impossibilita de exibir a vulnerabilidade que tornou o assassino tão atraente para o escritor. Da mesma forma, depois de incluir rápidos flashbacks que procuram estabelecer as similaridades na infância dos dois personagens, o filme simplesmente passa a ignorar este elemento, desperdiçando uma ótima oportunidade de criar um elo importante entre criaturas aparentemente tão diferentes uma da outra.
Em vez disso, Confidencial aposta suas fichas num recurso terrivelmente artificial para transformar Capote em uma figura tridimensional: “depoimentos” dos demais personagens do longa, num formato de pseudo-documentário que jamais convence (ainda piores são as cenas que trazem Daniel Craig lendo as cartas de Perry diretamente para a câmera). Com isso, os únicos momentos que conseguem conferir alguma verossimilhança a Truman são aqueles nos quais o vemos interagindo com a amiga Harper Lee, que, interpretada por Sandra Bullock, surge como a única personagem bem definida pelo roteiro. Por outro lado, o pobre ator Toby Jones acaba assumindo a ingrata tarefa de seguir as pegadas gigantescas deixadas pela atuação magistral de Philip Seymour Hoffman, não conseguindo sequer se beneficiar do fato de ser inquestionavelmente muito mais parecido fisicamente com o verdadeiro Truman Capote daquele período, exibindo a mesma testa larga, a baixa estatura e o porte franzino.
Boicotado por um roteiro que insiste em fazer piada com seus maneirismos, Jones acaba transformando Capote em uma figura caricatural: quando entra no pavilhão no qual Perry se encontra preso, por exemplo, o escritor é visto dando respostas afiadas a cada um dos rudes presidiários que tentam intimidá-lo, numa cena que soa de maneira pavorosamente falsa. Além disso, o Truman de Confidencial jamais exibe a cultura e a superioridade intelectual daquele visto no filme de 2005, surgindo, em vez disso, como uma figura vulgar e desinteressante. Num exemplo perfeito daquilo que diferencia a interpretação e a mera imitação, o Capote de Toby Jones pouco mais é do que uma caricatura grosseira do autor de A Sangue Frio.
Para piorar as coisas para o ator, o único instante em que o roteiro lhe oferece uma chance de exibir emoções genuínas acaba sendo desperdiçado pela direção equivocada: ao enfocar o personagem falando sobre o suicídio da mãe, o cineasta opta por enquadrar Jones da pior maneira possível, num semi-perfil filmado a partir de um ângulo baixo e ainda mais prejudicado pela fotografia sem personalidade de Bruno Delbonnel (surpreendentemente, o mesmo responsável pelo maravilhoso visual de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain) – e, assim, boa parte da emoção da cena torna-se invisível para o espectador. Da mesma maneira, para ilustrar a selvageria de um enforcamento, McGrath não consegue pensar em nada melhor do que repetir três vezes, em poucos segundos, basicamente o mesmo plano-detalhe de um relógio de pulso – algo não apenas óbvio, mas também deselegante. Finalmente, o diretor-roteirista comete uma última ofensa ao empregar os “depoimentos” dos personagens para mastigar para o espectador o impacto que a experiência teve sobre Capote, como se não fôssemos capazes de percebê-lo sozinhos.
Demonstrando uma incrível falta de sensibilidade ao tentar fazer piadinhas com uma história tão trágica (a seqüência que mostra Truman abordando os habitantes de Holcomb chega a ser ofensiva em sua busca pelo riso), Confidencial ainda é um filme sem foco, desperdiçando vários minutos em uma cena que traz Sigourney Weaver desabafando sobre a traição do marido e que nada tem a ver com a narrativa (a esta altura já sabemos que Capote é fofoqueiro; qual o propósito de ressaltar este elemento?). Em vez disso, McGrath poderia ter dedicado mais tempo à recriação do massacre da família Clutter, já que, para aparentemente torná-la mais curta, chega a encená-la com graves erros factuais (como ao situar a morte de Herb Clutter no mesmo aposento no qual se encontrava seu filho Kenyon).
Mas a alteração mais grave – e moralmente repreensível – nesta seqüência reside na tentativa descarada feita pelo cineasta de amenizar os atos de Perry Smith, como se este tivesse sido praticamente levado por Hickock a disparar contra pai e filho em função de intensas provocações quando, na realidade, o próprio Perry admitiu tê-los executado friamente. O que McGrath parece não perceber é que o aspecto mais intrigante da personalidade do assassino (e que ajudou a tornar o livro de Capote tão fascinante) era justamente sua ambigüidade moral, sua capacidade de ser gentil em um segundo e absurdamente cruel em outro - e ao tentar transformá-lo em uma figura mais romântica, Confidencial revela-se não somente desonesto, como decepcionantemente repulsivo."

airtonshinto said...

CARLOS EDUARDO CORRALES, do site Delfos:
"E a moda dos remakes atinge seu deprimente ápice. Faz quanto tempo que Capote passou no cinema? Um ano e pouco, no máximo? Pois vejam só, já existe um novo filme baseado EXATAMENTE na mesma história. Só que agora, ao invés do jeitão de oscarizável do longa anterior, vem com uma roupagem independente.
Assim como Capote, Confidencial não é a cinebiografia do escritor Truman Capote (um dos criadores do estilo chamado jornalismo literário), mas sim a história da gênese de sua obra máxima, o livro A Sangue Frio, que ficou no forno por muitos anos, enquanto Truman desenvolvia um relacionamento deveras estranho com um dos assassinos da história em que basearia seu romance.
Diferenças com o filme anterior? Pouquíssimas. E isso abrange inclusive os defeitos. Particularmente, achei Capote um saco, principalmente por causa do protagonista. Não sei como era o Truman da vida real, mas o de Philip Seymour Hoffman é um cara insuportável. Arrogante, fofoqueiro e, principalmente, deveras irritante. O de Toby Jones é também culpado desses adjetivos, mas, por algum motivo, não chega a ser tão pentelho quanto o vencedor do careca dourado. De qualquer forma, trata-se de um personagem absurdamente sem carisma, parece até saído de um filme dos irmãos Wayans. Manja aqueles carinhas que você quer que morra de forma bem sofrida na próxima cena? É mais ou menos por aí. E basear não apenas um, mas dois longas em alguém tão desagradável é, para dizer o mínimo, arriscado.
E já que estamos falando de elenco, não leve muito a sério a quantidade de nomes famosos presentes, pois quase todos eles são pontas. Isabella Rossellini, por exemplo, deve falar só umas duas frases no filme inteiro. A Gwyneth Paltrow só aparece para cantar uma musiquinha logo no início. De relevante mesmo, apenas a participação de Sandra “mulheres não têm gogó” Bullock, Toby Jones e, é claro, Craig, Daniel Craig. E o curioso é ver como todos eles estão bem parecidos com suas contrapartes do seu irmão maior e mais rico, tanto no visual quanto na atuação, o que me faz indagar se eles tinham mesmo essa cara na vida real ou se os atores foram maquiados para que ficassem o mais parecido possível com o longa que todo mundo conhece.
No final das contas, a principal diferença é que esse parece um Capote menos preocupado em atingir um grande público. Por exemplo, a relação do jornalista com Perry, um dos assassinos, aqui chega muito mais perto de um romance do que na versão oscarizável. Dessa forma, Confidencial fica um pouquinho, e só um pouquinho, melhor que seu antecessor. Mas isso não quer dizer muita coisa: a maior parte dos filmes é melhor que Capote."

airtonshinto said...

ALLYSON OLIVEIRA, do site Cineweb:
"Cerca de um ano depois do premiado "Capote", chega aos cinemas de São Paulo e Rio, nesta sexta-feira (1º), o drama "Confidencial", com o mesmo ponto de partida: o escritor Truman Capote durante a fase em que está produzindo sua obra-prima, o romance "A sangue frio".
Os dois filmes apontam para o mesmo resultado: o livro destruiu seu autor, que nunca mais conseguiu ser o mesmo.
Aqui, Capote é interpretado por Toby Jones, numa caracterização muito mais afetada do que a interpretação contida de Philip Seymour Hoffman, que lhe rendeu o Oscar. Aliás, o filme todo está mais composto num mundo de glamour -desde sua primeira cena, numa boate, com uma pequena participação de Gwyneth Paltrow como a cantora Kitty Dean, e baseada na figura real de Peggy Lee.
O roteiro de "Confidencial" foi escrito pelo próprio diretor, Douglas McGrath, baseado na biografia de George Plimpton, colagem de diversas entrevistas de pessoas que conheceram o escritor. O longa segue a mesma linha, colocando diversos personagens que dão seu depoimento sobre Capote.
Assim, vemos Harper Lee (Sandra Bullock) contando sobre a infância que passaram juntos e o escritor Gore Vidal (Michael Panes), falando que não gosta dele.
O mundo de Truman Capote é composto de fofocas, socialites e bebidas. Autor de alguns roteiros de cinema, livros e amigo de muitas celebridades, ele parece ter tudo o que quer, menos a inspiração para uma nova obra. Até o dia em que vê no jornal a notícia do assassinato de uma família no Kansas. Bancado pela revista New Yorker, ele viaja até a cidade para escrever uma série de artigos.
O que encontra é algo muito maior que pode render um livro. Mas Capote não se contentaria em escrever um livro-reportagem ou uma obra de ficção. Ele ambicionava criar um novo gênero, que combinasse as duas coisas. "A sangue frio" tem investigação jornalística e também usa técnicas de ficção na construção de personagens, narrativa e clímax.
Numa pequena comunidade rural avessa às modernidades da cidade grande, Capote usa seu charme e poder de persuasão para tirar das pessoas informações importantes sobre a família assassinada e como o crime mudou a vida na cidade.
O livro de Capote já estava em andamento quando a polícia prendeu os dois criminosos, Dick Hickock (Lee Pace) e Perry Smith (Daniel Craig), o que obriga o escritor a tomar novos rumos em seu romance de não-ficção. Ele parte para entrevistar os assassinos.
Dick é muito mais aberto e falante, o que faz Capote sempre duvidar do que diz, enquanto Perry é mais reservado. Porém, é com esse personagem que o escritor trava uma relação mais forte. Como indica o filme, ele acaba se apaixonando pelo entrevistado, numa relação ao mesmo tempo tensa e terna.
O filme de McGrath ganha ao explorar esse relacionamento entre Capote e Perry. Os dois intérpretes dão densidade emocional aos seus personagens. Craig, o atual James Bond, está com cabelos escuros. Conforme ele mostra, Perry é ciente de seus atos e sabe que irá pagar por isso. Mas, em seu interior, há também um artista aprisionado, e é esse lado que causa uma identificação entre os personagens.
Algumas das palavras de Harper Lee ajudam a elucidar o personagem Capote e até mesmo a sociedade norte-americana. Como ela mesma diz, há sempre a cobrança para o que vem depois. Ela mesma nunca escreveu outro livro depois de seu grande sucesso com "O sol é para todos". Nem Truman Capote conseguiu se reerguer depois da execução dos dois assassinos, mesmo com o sucesso de seu livro. "

airtonshinto said...

SÉRGIO RIZZO, do Guia da Folha:
"Nem mesmo a importância do livro-reportagem "A Sangue Frio" para o jornalismo e a literatura dos EUA consegue explicar por que dois filmes quase simultâneos foram realizados em torno de seu autor, Truman Capote (1924-1984), e das circunstâncias de produção de sua obra-prima: "Capote" (05), de Bennett Miller, e agora "Confidencial" (06), de Douglas McGrath.
Ambos reconstituem episódios da investigação do assassinato de uma família do Kansas, com ênfase na relação entre Capote e um dos criminosos, Perry Smith.
No filme de Miller, baseado em biografia de Gerald Clarke, Philip Seymour Hoffman (vencedor do Oscar) interpreta o escritor e Clifton Collins Jr. faz Smith. Em "Confidencial", inspirado em livro de George Plimpton, os papéis são de Toby Jones e Daniel Craig (o atual James Bond). Sandra Bullock vive a escritora Harper Lee, fiel escudeira de Capote (papel de Catherine Keener em "Capote").
Além das grandes diferenças de registro entre as atuações, o filme de McGrath é menos solene e mais zombeteiro, incluindo recriações de entrevistas com pessoas próximas a Capote para reforçar a idéia de que era alguém difícil e controvertido, mas genial. "

airtonshinto said...

YVES MOURA, do site Almanaque Virtual:
"Enquanto Bennett Miller filmava “Capote” (2005), longa que acompanha a pesquisa do escritor Truman Capote, eternizado na interpretação de Philip Seymour Hoffman, para escrever seu mais famoso livro: “A Sangue Frio”, paralelamente Douglas McGrath filmava a sua própria versão dos fatos, Confidencial (Infamous, 2006), baseado na biografia escrita por George Plimpton. A descoberta de um projeto praticamente idêntico, provavelmente, forçou McGrath a ousar mais com seu filme.
Apesar da sensação de refilmagem, até mesmo reprise, o diretor aborda muito mais o cotidiano e a vida pessoal de Capote. Seus primeiros 40 minutos fazem parecer que se trata de uma comédia. As amizades do escritor com pessoas da alta sociedade, as rodas de fofocas e a própria personalidade de Capote, dão ao filme um ar muito cômico, que distancia o espectador de toda a aflição que está por vir com a investigação do massacre da família Clutter. Somando a isso, a interpretação totalmente caricata de Toby Jones, um Capote afetado e com roupas extravagantes, e a veia cômica do filme está formada.
Embora seus enredos sejam idênticos, Confidencial mostra-se mais audacioso que o filme de Bennet Miller. A relação entre o escritor e o assassino Perry Smith (interpretado aqui por Daniel Craig) é muito mais explorada ao invés de ser apenas subentendida, com direito até a beijo na boca.
No entanto, a ousadia do filme perde força com a escolha de seu elenco. Fica parecendo que o diretor tentou vender o filme pelo elenco de nomes de peso. Sandra Bullock não é em nada parecida com Nelle Harper Lee, também escritora e amiga de infância de Capote. Bullock até se esforça, mas não convence. Daniel Craig, já provou ser um excelente ator, mas Perry Smith era descendente de índios comanches, e Craig em nada se parece com um deles, mesmo com o cabelo tingido de preto. E mais alguns coadjuvantes de luxo como Isabella Rossellini, Sigourney Weaver, Hope Davis, que figuram como os amigos do escritor da alta sociedade. Sem contar a participação de Gwyneth Paltrow como a cantora de cabaré na abertura do longa. Aparentemente, ainda colhendo frutos de “Duets” (2000), de Bruce Paltrow, a atriz aparece apenas para cantar uma música. Sua participação dura somente cinco minutos no filme.
Entre erros e acertos, Confidencial acaba agradando por sua visão mais moderna da pessoa de Truman Capote. E acaba se tornando uma experiência interessante, ainda mais tendo o longa de Bennett Miller tão vivo na cabeça."