Wednesday, April 27, 2011

Oscar 2012 - Calendário


A 84ª cerimônia promovida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas acontecerá no dia 26 de Fevereiro de 2012.

O anúncio foi feito pela organização do evento, que há 35 anos é exibido pela rede de televisão ABC (e que continuará sendo pelo menos até 2020, quando termina o contrato). A Academia aproveitou também para anunciar as datas oficiais que ocuparão as semanas anteriores ao grande evento. Confira a relação das principais delas abaixo:

27 de Dezembro de 2011: envio dos cartões dos indicados aos membros da Academia

13 de Janeiro de 2012: devolução dos cartões dos indicados à Academia

24 de Janeiro de 2012: anúncio dos indicados no Samuel Goldwyn Theater

1º de Fevereiro de 2012: envio dos cartões de votação aos membros da Academia

6 de Fevereiro de 2012: tradicional almoço dos indicados (Nominees Luncheon)

11 de Fevereiro de 2012: Scientific & Technical Awards (prêmio dado a profissionais inovadores do cinema)

21 de Fevereiro de 2012: devolução dos cartões de votação à Academia

26 de Fevereiro de 2012: cerimônia de premiação

Saturday, April 23, 2011

TOP 5 CRÍTICA 2011


1) Tio Bonmee, que pode recordar suas Vidas Passadas

Vencedor em 2011 do 5o. Asian Film Awards na categoria Melhor Filme

Crítica de Marcelo Hessel, do site Omelete:
"Apichatpong Weerasethakul adora janelas. Mas, como tudo em seus filmes, uma janela nunca é só uma janela.
Em Tio Boonmee, que Pode Recordar suas Vidas Passadas (Lung Boonmee Raluek Chat, 2010), a primeira a aparecer é a janela de um carro. O tio do título viaja com sua irmã, Jen, até a casa na floresta onde deseja passar os seus últimos dias; Boonmee sofre de insuficiência renal. Na estrada, Jen abaixa o vidro do passageiro e, com os sons de fora, invadem o carro, absorvidos pela lente da câmera, os primeiros raios de sol da manhã.
O risco de mitificar Apichatpong - ou Joe, como costuma ser chamado - está sempre presente. Nas suas mãos, o mundano se torna sublime sem esforço, e o desafio de interpretar o seu cinema sensorial pode ser um exercício não só dispersivo como arbitrário. Há alguns elementos recorrentes em seus filmes, porém, que permitem uma leitura exata. Um deles é a paridade. Tudo com Joe tem um duplo (as narrativas dípticas de Mal dos Trópicos e Síndromes e um Século, por exemplo), e as janelas surgem com frequência para fazer a passagem de uma face à outra.
Em Uma Carta para Tio Boonmee (2009), o curta-metragem que preparou terreno para o longa que viria a ganhar a Palma de Ouro em Cannes este ano, as janelas nunca estiveram tão presentes. Elas marcam a divisa entre os interiores das cabanas e a floresta tailandesa, entre a memória individual e a coletiva, entre o agora e o sempre. Já Tio Boonmee, o mais esotérico dentre os longas do cineasta, não demora muito em largar a cabana e se enfiar no mato. A janela aberta do carro seria o primeiro indício da jornada espiritual em que Boonmee e familiares estão ingressando, banhados de luz.
O convite se estende ao espectador. Depois do prêmio no festival francês, a curiosidade aumentou, e fala-se muito, com perplexidade diante da piração, do macaco-fantasma e do peixe comedor que aproximam Tio Boonmee do gênero da fantasia. Mas a viagem, antes de mais nada, é o contato mais imediato que se tem com o mundo. Ela exige apenas que se abram as janelas. Ouvir os barulhos da floresta com o excepcional desenho de som que Akritchalerm Kalayanamitr faz para Joe desde Mal dos Trópicos já é, em si, uma experiência imersiva.
Com Tio Boonmee, Apichatpong Weerasethakul, filho de médicos, realimenta a sua fixação pela medicina moderna versus o poder de cura do tempo (tema do mais cerebral Síndromes e um Século), cria com uma mera bolsa de diálise algumas das sacadas visuais mais pungentes que uma história de luto pode oferecer e fabrica diante dos nossos olhos um antídoto contra a mortalidade. É um filme fadado a cada sessão a renascer de novo."

Notas da Crítica:
Bruno Marques, Almanaque Virtual: 5/5
Leonardo Luiz Ferreira, Almanaque Virtual: 5/5
Neusa Barbosa, Cineweb: 5/5
Geo Euzebio, Cineplayers: 10/10
Cassio Starling Carlos, Guia da Folha: 4/4 ("assombroso")
Inácio Araujo, Guia da Folha: 4/4 ("de imagens inegavelmente fortes")
Leonardo Cruz, Guia da Folha: 4/4 ("fantasmas! Chewbacca!! Monga!!!)
Pedro Butcher, Guia da Folha: 4/4 ("filme dos mistérios e maravilhas")
Gilberto Silva Jr., Contracampo: 4/4
Leonardo Levis, Contracampo: 4/4
Marcelo Hessel, Omelete: 5/5
Kenia Freitas, Cineplayers: 9,5/10
Vlademir Lazo, Cineplayers: 9/10
Roger Ebert, Sun Times: 3,5/4
Daniel Dalpizzolo, Cineplayers: 8/10
Heitor Augusto, Cineclick: 4/5
Carlos Alberto Mattos, Almanaque Virtual: 4/5
Daniel Schenker, Almanaque Virtual: 4/5
Mario Abbade, Almanaque Virtual: 4/5
Suzana Uchôa Itiberê, Preview: 8/10
Christian Petermann, Guia da Folha: 3/4 ("decifra-me ou te entedio")
Marina Person, Guia da Folha: 3/4 ("belo e inclassificável")
Alice Furtado, Contracampo: 3/4
Calac Nogueira, Contracampo: 3/4
João Gabriel Paixão, Contracampo: 3/4
Airton Shinto, Shintocine: 7/10
Amir Labaki, Guia da Folha: 2/4 ("um quê de Macunaíma")
Suzana Amaral, Guia da Folha: 2/4 ("para amar ou detestar. Um risco")
Pablo Villaça, Cinema em Cena: 2/5 ("filme de festival - concebido com a clara intenção de agradar ao circuito de arte, empregando técnicas narrativas típicas de produções vistas como cult")
2) Bróder
Crítica de Pablo Villaça, do site Cinema em Cena:

"Bróder! é um filme construído com urgência e intensidade. Freqüentemente investindo em narrativas múltiplas que acompanham vários personagens durante cerca de 24 horas, o roteiro de Newton Cannito e do diretor Jeferson De se preocupa muito mais em desenvolver a dinâmica entre aquelas pessoas do que em construir uma trama propriamente dita, o que se revela uma decisão acertada, já que são justamente nos momentos que o longa parece se interessar mais pela história do que pelas pessoas que o projeto perde um pouco da força. O que, felizmente, ocorre apenas pontualmente.
Concentrando-se no jovem Marcu (Blat), o filme segue o rapaz enquanto este se prepara para auxiliar bandidos locais no seqüestro de uma criança. Escalado para arranjar alguns brinquedos que possam servir de distração à vítima, ele vai até a casa da mãe e lá é surpreendido ao descobrir que sua família está preparando um almoço para comemorar seu aniversário – e que seus dois velhos amigos Pibe (Guindane) e Jaiminho (Haagensen), que agora moram fora do Capão Redondo, onde se passa a história, voltarão especialmente para a festa. Casado com uma ex-namorada de Marcu, Pibe se mostra inseguro com sua nova condição de pai de família, ao passo que Jaiminho, famoso jogador de futebol, espera ansioso a convocação para a seleção enquanto procura lidar com a gravidez acidental da irmã do amigo.
Tendo o próprio Capão como um personagem importante da narrativa, já que o forte sentimento de comunidade é algo fundamental na existência daquelas pessoas, Bróder! já revela a importância do distrito em suas cenas iniciais, quando Marcu, ao abrir a porta de casa, revela a extensão do lugar à distância. Além disso, em vários momentos da projeção, o cineasta concebe planos que mostram os personagens percorrendo com absoluta familiaridade os becos estreitos e labirínticos da região, apresentando-nos também a figuras tangenciais que servem para tornar o ambiente mais real e diversificado, como a benzedeira que atende Jaiminho ou o bêbado que faz uma provocação casual ao se referir ao alcoolismo do padrasto do protagonista. Por outro lado, Jeferson De não ignora a realidade miserável e violenta que se faz inevitável, ilustrando-a ao enfocar um sujeito baleado que, com exceção da própria família, mal atrai a atenção dos habitantes locais.
Assim, Bróder! aposta num retrato abrangente daquele universo, capturando vários momentos isolados ao longo do dia que trazem recortes das relações entre os personagens: o pastor que mal cumprimenta o filho marginal de uma fiel (uma participação pequena de Zezé Motta); a jovem mãe que leva a criança para visitar o túmulo do pai assassinado; o desconforto entre Jaiminho e sua ex-grávida; a oração da devota dona Sônia (Kiss), mãe de Marcu, e seu esforço para evitar que o marido (Graça) volte a beber; e por aí afora. Com isso, o longa acaba perdendo parte de sua força sempre que desloca a narrativa para fora do Capão – especialmente ao fazê-lo, em certo momento, com o intuito de promover uma crítica social artificial e vazia ao trazer o trio principal sendo abordado em seu carro por policiais depois que uma motorista obviamente racista julga erroneamente que o branco Marcu estava sendo assaltado pelos amigos negros.
Instantes simplistas e frágeis como este desapontam, aliás, porque contrastam imensamente com a riqueza do retrato que De pinta no restante da projeção. Contando com um elenco afiadíssimo preparado pelo sempre competente Sérgio Penna, o filme revela muito através de detalhes de composição, como, por exemplo, ao trazer o irmão caçula de Marcu com um corte de cabelo claramente inspirado no de Jaiminho, denotando o orgulho que todos sentem do sucesso de um companheiro da comunidade. Enquanto isso, Cássia Kiss surge fundamental ao retratar dona Sônia como uma mulher de jeito simples, mas que exibe uma força admirável, esforçando-se sempre para manter a família unida e em harmonia – e a dinâmica que ela estabelece com Aílton Graça é maravilhosa, já que o casal surge absolutamente confortável na presença um do outro, tanto nos momentos em que brigam ou se desentendem quando nos instantes em que se abraçam ou dançam, cúmplices e apaixonados.
Mas o trio de amigos que move a narrativa não fica atrás: apresentado de forma emblemática ao surgir na varanda deprimente e claustrofóbica de um apartamento atormentado pelo trânsito de um viaduto à sua frente, Silvio Guindane compõe Pibe como um sujeito bem intencionado e responsável que, no entanto, se encontra sufocado pelas responsabilidades da vida adulta. Em contrapartida, Jonathan Haagensen, com o carisma habitual, foca na impulsividade de Jaiminho, que, apesar da figura clássica do jogador de futebol que ostenta pateticamente a riqueza recém-adquirida, parece tentar provar para si mesmo que, mesmo famoso e bem-sucedido, não perdeu as raízes humildes – um esforço constantemente sabotado por sua libido incontrolável. Fechando o elenco, Caio Blat oferece provavelmente uma das melhores performances de sua carreira como Marcu, num feito considerável se pensarmos na força de seu Frei Tito em Batismo de Sangue: surgindo com uma postura empinada e um caminhar cheio de gingado e arrogância, o protagonista exibe o rosto sempre cerrado e com expressão raivosa, como se visse o mundo como uma ameaça constante – e assim, quando abre um sorriso diante das pessoas que ama, o sujeito permite que enxerguemos sua natureza doce e sufocada pela vida opressiva que leva, numa demonstração de grande inteligência por parte deste ainda tão jovem ator.
E é por trazer criações tão complexas que Bróder! desaponta, por exemplo, ao pintar uma caricatura do empresário de Jaiminho, que surge jogando golfe e bebendo champanhe enquanto conversa com a esposa impossivelmente loira – num retrato tão unidimensional do “homem branco opressor” que, confesso, cheguei a cogitar se tratar de uma sátira, descartando a idéia por perceber que ela rivalizaria com o tom realista da narrativa. Da mesma maneira, a catarse entre os personagens de Blat e Aílton Graça, no terceiro ato, soa abrupta e pouco convincente, já que o filme não havia plantado o terreno para que ela ocorresse. Finalmente, o plano em que Haagensen parece flutuar morro abaixo por estar atormentado pela discussão que tivera com a ex representa uma escolha infeliz de Jeferson De, já que, embora suas intenções tenham ficado claras, a idéia é executada de maneira trôpega, chamando excessivamente a atenção sobre si mesma.
A boa notícia é que estes tropeços pontuais do cineasta se destacam não por serem comuns, mas por destoarem da eficácia do restante do longa, que realmente leva o espectador a conhecer e a se importar profundamente com aquelas pessoas, compreendendo o sentimento comunal que permeia suas relações e torcendo, assim, para que Marcu possa finalmente se desprender de sua amargura, desanuviar o rosto e sorrir enquanto aproveita a feijoada ao lado de sua adorável família."
Notas da Crítica:
Thiago Florencio, Almanaque Virtual: 5/5
Neusa Barbosa, Cineweb: 4/5
Heitor Augusto, Cineclick: 4/5
Marcelo Hessel, Omelete: 4/5
Pablo Villaça, Cinema em Cena: 4/5

3) Poesia
Crítica de Vlademir Lazo, do site Cineplayers>:
"Poesia e velhice.
Fazer um filme poético é uma coisa (não é o caso, talvez nem a intenção do diretor Chang-dong Lee); mas um filme sobre poesia é bem mais complicado. Talvez não seja justo reduzir o longa coreano a essa condição (até por não ser unicamente sobre poesia), porém definir e verbalizar conceitos sobre essa arte tão sutil (e que por natureza dispensa conotações redutoras e didáticas como as que são ditas pela boca de alguns personagens) faz com que o filme seja sobre o assunto, enquanto paradoxalmente mais se afasta de seu significado à medida que discorre sobre ele. Poesia (Shi, 2010) nos coloca na mesma perspectiva de sua personagem central, que a partir de dado momento busca enxergar poesia nos mínimos objetos e nas pequenas coisas. O professor em sala de aula falando sobre a necessidade de libertação da poesia aprisionada dentro de cada um dos seus alunos, no curso em que a protagonista Mija (Jeong-hie Yun), já com mais de 60 anos, se matricula em ultima hora, remete inescapavelmente à idéia de uma versão oriental (e menos piegas) de Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, 1989), ou ao menos sugere uma discreta aproximação com o sucesso americano da década de oitenta.
As aulas de poesia no centro cultural, entretanto, são apenas intervalos na narrativa de horror que beira a existência de Mija. Vítima de Alzheimer, a senhora de idade tem como única companhia o neto do qual é a responsável pelo sustento, que teria abusado sexualmente, junto com outros colegas de escola, de uma menina que se suicidaria pouco depois. A tragédia, como se percebe, não é pequena, mas é como se Chang-dong Lee tivesse consciência de uma lição importante pra todo cineasta, a de que cabe ao artista bom senso para optar entre boas e as más escolhas que residem próximas uma da outra, para logo em seguida burilar o seu material: o coreano não escolhe por mostrar as desgraças que por si só poderiam cinematograficamente resultar em um extremismo estéril e em nada ajudar ao desenvolvimento da narrativa. Chang-dong trilha outro caminho, e a jornada de Mija é suficiente para exprimir o horror que circunda o drama (especialmente no rosto bastante expressivo da atriz que interpreta a personagem). É como se a experiência do estupro sofrido pela menina morta se estendesse e não terminasse mais no corpo ainda vivo da mulher idosa.
Outro filme que nos vem em mente ao assistir Poesia é o recente e também sul-coreano Mother - A Busca pela Verdade (Madeo, 2009), que também era sobre o périplo de uma senhora de idade obrigada a correr atrás da resolução dos conflitos em torno da família (no caso, um filho com deficiências mentais). Um cruzamento improvável entre um filme como Mother e Sociedade dos Poetas Mortos traduz muito bem o que Poesia tem de desequilíbrio, embora seja digno de interesse o percurso que Chang-dong trilha nessa corda bamba. Mija precisa juntar dinheiro para pagar o acordo que teria sido combinado entre a mãe da vítima e os pais dos outros garotos, mas o que ela ganha trabalhando como faxineira não a ajuda em nada. Cuidar de um velho debilitado (Hira Kim) que sofre com as seqüelas de um derrame é outra de suas opções de trabalho, mas é o curso de poesia que vai colocar em xeque as noções de mundo da personagem feminina. Mija se questiona sobre as suas próprias percepções, e ao criar interesse pela poesia, decide encarar o desafio da experiência: ao invés de desvendar um crime, se emprega na aventura de escrever um poema.
Poesia é um filme mais acessível que muitos outros exemplares do cinema oriental contemporâneo. Suas intenções são apresentadas às claras, sua estética tampouco é desafiadora. Um filme desprovido de mistério ─ e aí me refiro não a um enigma oculto em sua trama, mas a segredos indevassáveis que nos assombram horas ─ ou semanas ─ a fio, quando nos deparamos com muitas das obras mais instigantes que nos chegam do cinema que vem da Ásia. Ganhador do prêmio de roteiro em Cannes com Poesia, Chang-dong já era um roteirista importante nos anos noventa (muito antes de sua estréia na direção), e provavelmente seja aí que resida o seu maior talento. Com um roteiro de boas idéias e capaz de sustentar um ponto de partida pouco promissor como o de Poesia, como diretor nem sempre é bem-sucedido em sua execução, pintando belas imagens mais para que elas saltem à vista ao invés de prezar pela justeza de seus planos. Poesia é um filme bonito ─ mas sobretudo, um filme que se quer muito bonito, ainda que sem abrir mão da simplicidade que carrega em sua essência.
Embora conte com um número razoável de trabalhos em seu currículo de realizador, é como se o cineasta ainda estivesse lapidando o que lhe interessa pra encontrar o diamante bruto, ficando, entretanto, no meio do caminho. Os atores ajudam muito, como se pode notar em cenas como a do sexo na banheira, sem nenhum erotismo e implícita, das mais delicadas do cinema recente. Poesia também se apresenta (ainda que timidamente) como um filme sobre a velhice, mas centrada num personagem feminino (o que pensando bem não é muito frequente em produções com esse tema). Talvez ele se torne mais justificável sob essa ótica do que a de um filme sobre (ou acerca de) poesia. Não é filme para se desprezar, mas menos ainda para se amar."
Notas da Crítica:
Cassio Starling Carlos, Guia da Folha: 4/4 ("beleza pura")
Christian Petermann, Guia da Folha: 4/4 (delicadeza memorável")
Inácio Araujo, Guia da Folha: 4/4 ("acha-se, não se procura")
Leonardo Cruz, Guia da Folha: 4/4 ("Lee é um dos melhores cineastas da Ásia")
Suzana Amaral, Guia da Folha: 4/4 ("belo filme, agrada aos poucos")
Roger Ebert, Sun Times: 8,75/10
Alysson Oliveira, Cineweb: 4/5
Celso Sabadin, Cineclick: 4/5
Filipe Codeço, Almanaque Virtual: 4/5
Marcelo Hessel, Omelete: 4/5
Marina Person, Guia da Folha: 3/4 ("versos delicados")
Vlademir Lazo, Cineplayers: 7/10 ("Não é filme para se desprezar, mas menos ainda para se amar.")
Miguel Barbieri Jr., Veja SP: 3/5
Amir Labaki, Guia da Folha: 2/4 ("roteiro maior que o filme")
4) Trabalho Interno
Crítica de Filippo Pitanga, do site Almanaque Virtual:
"Documentário vencedor do Oscar, produzido, roteirizado e dirigido por Charles Ferguson, Trabalho Interno (Inside Job, 2010) pode ser analisado de duas formas: pelo conteúdo e pela forma. E, em ambos os casos, é um triunfo retumbante.
De uma relevância que não poderia ser mais apropriada agora com uma nova presidente no Brasil, o tema versa sobre a crise financeira americana que, desde a queda da bolsa em 2008, atingiu um efeito dominó no mundo inteiro, levando ao desemprego recorde e empresas famosas à falência. Com imagens de arquivo e entrevistas muitas vezes desconcertantes, vai se traçando as causas da criação da temível "bolha"; a quem responsabilizar; além das conseqüências e o que está sendo feito disso. (o que é ainda mais alarmante quando se percebe o quanto essa fragilidade resultou de especulações de raiz imobiliária, em certa similaridade a surreal inflação imobiliária no Brasil. - Pois, para quem ainda não a percebeu, recomenda-se que se faça uma comparação dos Classificados de uns dois anos com os atuais).
Porém, como se trata de um assunto até bastante técnico, a narrativa poderia ser difícil para o grande público. E é aí que o diretor, já experiente por seu também espinhoso documentário anterior sobre a Guerra no Iraque, "Sem Fim à Vista" (outro indicado ao Oscar), consegue manobrar pelos obstáculos mais engessados. Adota uma linguagem mais pop, desde a inserir o ator Matt Damon como narrador, até uma montagem mais dinâmica, trilha sonora descolada e cortes que retornam de opulentas paisagens para os entrevistados em saia justa com a câmera grudada em suas faces, para não perder nenhuma nuance reveladora (muita gente com culpa no cartório tentou desconversar ou até se recusou a participar, revelando muito mais por omissão do que precisaria aparecer só para mentir). Até os interrogatórios no Congresso, onde os donos de megacorporações são postos contra a parede (pelo menos retoricamente, numa vingança fugaz, pois no fim nenhum deles foi preso!), levam o espectador a se sentir num emocionante "Thriller Financeiro", onde as grandes ameaças são a exposição pública do microfone, da câmera e de e-mails!
Alguns poderiam compará-lo com Michael Moore ("Tiros em Columbine" e "Fahrenheit 9/11"), mas seria injusto. Muito mais refinado, ele não precisou das artimanhas sensacionalistas de Moore, nem de manipulações como músicas lacrimejantes e pastiches exagerados, que até enfraqueciam o argumento muitas vezes contundente do mesmo. Pelo contrário, baseia-se em fatos, estatísticas, revelações dos próprios envolvidos e, mesmo quando se chega ao inevitável testemunho dos afetados pela crise, as entrevistas são feitas de forma objetiva e exemplificativa.
Apesar de tantos pontos altos, ainda assim alguns espectadores, menos acostumados a serem desafiados no cinema, podem se perder nas vastas informações, principalmente frente às inúmeras siglas para denominações enormes e tantos nomes a serem elencados. Por fim, ainda fica um gosto amargo de que toda essa crise ainda pode se repetir, pois, pior do que o Gordon Gekko de Michael Douglas em "Wall Street", os antagonistas amorais daqui parecem mesmo com vilões que acabam voltando sempre, impunes - a colecionarem cargos políticos desde antes da crise até agora, já na administração do presidente Barack Obama!"
Notas da Crítica:
Filippo Pitanga, Almanaque Virtual: 5/5
Neusa Barbosa, Cineweb: 5/5
Roger Ebert, Sun Times: 10/10
Ritter Fan, Metido a Crítico: 9/10
Rodrigo de Oliveira, Paradoxo: 89% de 100%
Emilio Franco Jr., Cineplayers: 6/10
Miguel Barbieri Jr., Veja SP: 2/5 5) Rango
Crítica de Rodrigo de Oliveira, do site Paradoxo:
"Gore Verbinski não pode ser apontado como um diretor acomodado. Passeando pelos mais variados gêneros desde que estreou em Hollywood com o infantil Um Ratinho Encrenqueiro, em 1997, o cineasta já comandou um romance aventuresco (A Mexicana), um terror (O Chamado), um drama existencialista (O Sol de Cada Manhã) e um épico pirata (a trilogia Piratas do Caribe). Agora, com a animação Rango, Verbinski mergulha no gênero western, divertindo adultos e crianças com um longa-metragem cheio de ótimos personagens e diversas homenagens ao faroeste.
John Logan (de Sweeney Todd) assina o roteiro, baseado em história criada por ele, junto de Verbinski e de James Ward Byrkit (de Fractalus). Na trama, conhecemos um camaleão metido a artista (voz de Johnny Depp) que, ao se ver perdido em um deserto, agarra a chance de ser uma nova pessoa. Ao chegar ao vilarejo Dirt, o camaleão assume Rango como seu nome e começa a espalhar a todos as suas aventuras inexistentes. Espantados pela coragem do forasteiro, que conta com um bocado de sorte em um confronto com uma perigosa águia, a comunidade de Dirt logo vê Rango como seu xerife. A cidade, no entanto, tem problemas maiores que a violência. A água está escasseando e o novo homem da lei terá de resolver, dentre outras questões, o sumiço da reserva da cidade.
Rango é uma animação irretocável. Utilizando uma forma diferente de captura de movimento, renomeada por Johnny Depp como “captura de emoção”, os atores representaram toda a ação do filme como uma grande peça de teatro. Em cima destas informações, a equipe do longa-metragem animou os personagens. Algo semelhante fez Wes Anderson no ótimo O Fantástico Sr. Raposo, conseguindo resultado parecido no quesito atuação. Em Rango, todo o elenco dá performances irresistíveis.
Começando com Johnny Depp, totalmente à vontade como um camaleão artista, completamente incerto de sua identidade. Querendo ser um herói, mesmo não tendo necessariamente aptidão para o papel, Rango cai de paraquedas no vilarejo Dirt e passa a personificar alguém corajoso e destemido. Em um primeiro momento, poderíamos pensar que Rango é um ser medroso que inventa estas características para proveito próprio. Mas não seria uma verdade. Como o próprio personagem desconhece totalmente o seu verdadeiro potencial, tendo vivido toda sua existência preso em um aquário, o que poderia ser invenção acaba mostrando-se uma realidade. A coragem, no entanto, não anula o fato de Rango ser um camaleão atrapalhado e com uma lógica só dele.
Dito isso, é possível perceber o quanto Depp e o diretor Gore Verbinski conversaram sobre o protagonista do filme, aprofundando a personalidade de Rango. Por isso, não soa nada artificial que, lá pelas tantas, o camaleão (um ser que pode mudar de cores, conhecido por sua, digamos, versatilidade) sente um vazio existencial e tenta descobrir quem ele realmente é. A busca da metáfora do “Espírito do Oeste”, representada de forma genial na personificação de Clint Eastwood (em um trabalho vocal meticuloso de Timothy Olyphant), dá algumas coordenadas para que Rango se encontre. Nada mais correto do que o grande heróis dos westerns passar de forma simbólica o bastão para o camaleão.
Não é só a trilogia do Homem sem Nome, de Sérgio Leoni, que é citada por Gore Verbinski em sua animação. Chinatown e Medo e Delírio são produções que servem como inspiração direta para Rango. Se formos olhar para o lado literário, Dom Quixote é transmutado em tatu (com voz de Alfred Molina), servindo como uma espécie de guru para o camaleão. Completando o elenco de vozes, Isla Fisher, Bill Nighy, Abigail Breslin, Ray Winstone e Ned Beatty dão importantes contribuições ao maiúsculo trabalho vocal da dublagem original. Importante ressaltar que a dublagem nacional também está excelente.
Hans Zimmer entrega mais uma trilha sonora memorável, retrabalhando os conceitos dos clássicos westerns e brincando com a figura dos mariachis – aqui, um quarteto de corujas que, quando não estão com o violão em asas, atacam até com guitarras. Em uma cena que mira Apocalypse Now, toupeiras sacam um banjo e recriam a clássica Ride of the Valkyries, de Wagner. Brilhante.
Com uma mistura ótima de comédia e aventura, Rango é uma produção imperdível, que diverte crianças e adultos. O roteiro bem sacado e as diversas referências ao gênero western deverão agradar mais ao público mais experiente, deixando para a gurizada as boas piadas e os personagens esquisitos. Ou seja, um programa para toda a família."
Notas da Crítica:
Pablo Villaça, Cinema em Cena: 5/5
Roger Ebert, Chicago Sun: 5/5
Rodrigo de Oliveira, Paradoxo: 5/5
Mel, Cinema com Mel: 5/5
Oscar, Cinema com Mel: 5/5
Thiago Siqueira, Omelete: 5/5
Ritter Fan, Metido a Critico: 9,5/10
Renné França, Pilula Pop: 90/100
Celso Sabadin, Cineclick: 4/5
Leandro Melo, Pipoca Combo: 8/10
Raphaela Ximenes, Almanaque Virtual: 4/5
Fred Burle, Cinepop: 4/5
Jader Santana, Cinema com Rapadura: 8/10
Silvio Pilau, Cineplayers: 8/10
Alysson Oliveira, Cineeb: 8/10
Christian Petermann, Guia da Folha: 3/4 ("assista legendado, em ótimo 2D")
Suzana Amaral, Guia da Folha: 3/4 ("spaghetti western p/ adultos e crianças")
Felipe Tostes, Cineplayers: 7/10
Suzana Uchôa Itiberê, Preview: 7/10 ("Verbinski ainda precisa caprichar na narrativa, mas tem olhos de águia para os detalhes da animação")
Marcelo Hessel, Omelete: 3/5
Pedro Filipe Pina, Vou Sair: 3/5
Miguel Barbieri Jr., Veja SP: 3/5
Carlos Eduardo Corrales, Delfos: 0,5/5

Saturday, April 16, 2011

TOP 4 BILHETERIA 2011

1) Enrolados

Trecho da Crítica de Jader Santana, do site Cinema com Rapadura:

"(...)Se o casal de protagonistas consegue obter nossa empatia imediata, os personagens secundários também desempenham papel importante na trama. A iguana de estimação da princesa, o cavalo real e a trupe de bêbados do povoado, além de resultados de um excelente trabalho artístico, são engraçados e responsáveis por várias tiradas de humor.

É evidente que a opção da Disney pela modernização de um clássico traria alguns prejuízos ao formato. As excelentes canções características dos filmes produzidos pelo modo tradicional de animação foram substituídas por músicas sem profundidade e com trechos pegajosos. A dublagem de Ryder para a versão brasileira, responsabilidade de Luciano Hulk, também não foi eficiente. É inegável o carisma de Hulk no comando de um programa de auditório, mas o mesmo não pode ser dito do seu trabalho como dublador. Sua narração deu ao personagem uma feição exageradamente folgada, com um sotaque e entonação de malandro carioca."

2) De Pernas pro Ar

Diálogos do Filme:

Carlos, anunciando a promoção de Alice na Happy Toys: "Uma gerência de marketing tem um problema: são doze horas diárias de trabalho por dia, oito viagens por mês e férias nem pensar! Esse cargo acabou com o casamento de três dos quatro últimos gerentes. E quase acabou comigo"

Resposta de Alice: "Não tem problema não, Carlos. João, o meu marido, me apoia em tudo." (na cena seguinte ela recebe a notícia em sua secretária eletrônica que seu marido resolveu "dar um tempo".

Alice, dizendo para a mãe que o casamento não está em crise: "Que crise? Temos um filho saudável, apartamento próprio, minha carreira vai bem e a dele também, temos um bom carro, empregada de confiança, viajamos para o exterior uma vez por mês, enfim, uma vida maravilhosa. O que pode faltar em nosso casamento?"

Mãe de Alice: "Sexo".

Alice, despedindo-se do filho antes dele ir para um jogo de futebol na escola: "Filho, joga direitinho, hein? Eu quero ver muitos gols."

O filho: "Mas mãe! Eu sou goleiro!"

3) Rio

(EUA, 2011)

Direção: Carlos Saldanha

Vozes: Blu (Jesse Eisenberg, na versão legendada; Gustavo Pereira, na versão dublada); Linda (Leslei Mann; Sylvia Salustti); Túlio (Rodrigo Santoro, dublando as duas versões); Jade (Anne Hathaway; Adriana Torres); menino orfão (Jake T. Austin; Cadu Paschoal); Marcel (Carlos Ponce; Ricardo Schnetzer); Rafael, o tucano (George Lopez; Luiz Carlos Persy); Nico (Jamie Foxx; Alexandre Moreno); Pedro (Will.i.am; Mauro Ramos), Nigel, a cacatua (Jemaine Clement; Guilherme Briggs).

Sinopse: O filme conta a história de Tyler "Blu" Ganderson, uma arara azul rara que foi capturada no Rio de Janeiro por traficantes de animais "exóticos" quando muito jovem.

Na fria Minnesota, a caixa que o transportava caiu do caminhão e ele foi encontrado por Linda, a garotinha nerd que com o passar dos anos se tornaria dona da livraria "Ararinha Azul".

Blu cresce cheio de mimos como bichinho de estimação, tomando seu marshmallow com chocolate até que, incentivado pelo ornitólogo Túlio Monteiro, resolve conhecer suas origens e a única sobrevivente (além dele) de sua espécie, que está no Rio de Janeiro, num Centro de Estudos e Recuperação de Pássaros.

No Rio, Blu conhece a independente e bela arara Jade, que o acompanhará em suas aventuras através das praias, escolas de samba e pontos turísticos como o Corcovado, o Pão de Açúcar, o Maracanã, os Arcos da Lapa, o Jardim Botânico, etc..., enquanto eles tentam driblar um contrabandista de animais que atua nos morros da Cidade Maravilhosa e entre uma confusão e outra ainda precisam se lembrar de tentar "perpetuar a espécie" embalados ao som de "Say You, Say Me" de Lionel Ritchie.

Trecho da Crítica de Alysson oliveira, para o site Cineweb: "(...)Há no mínimo meia dúzia de momentos memoráveis em Rio, especialmente pelo colorido e brilho que, aliados ao ritmo, tornam-se irresistíveis, como na cena de abertura em que aves tropicais sambam e cantam; no desfile no sambódromo; ou num passeio romântico de bondinho em Santa Teresa. Saldanha e sua equipe acertaram em cheio, principalmente porque atentaram para os detalhes – de cores e formas – que trazem veracidade para o filme. Estão na tela as ladeiras estreitas do Rio de Janeiro, as pequenas vielas da favela e também as praias lotadas.

Rio também é um filme de referências e homenagens. Blu e Jade não se dão bem, mas precisam se suportar, pois estão acorrentados um ao outro – tal qual o casal de Os 39 degraus, de Alfred Hitchcock. Na cena em que fogem pele favela tem imagens bem parecidas com a galinha em fuga de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles. Mas são os antigos musicais – com uma piscadela para Carmem Miranda, lembrada no chapéu de frutas do cachorro Luiz – que se sobressaem no longa de Saldanha. Não que a ação páre para os personagens cantarem. As músicas estão bem inseridas na narrativa, mas esses números são um show à parte.

A animação Rio tem tudo para se tornar um clássico – para agradar adultos e crianças, com seu roteiro bem sacado e seus personagens naturalmente cativantes. Mas não é só isso que torna o filme memorável. Há um toque mágico, algo inexplicável, porque na tela, os traços pulsam com vida, ritmo e brilho – algo bem parecido com o carnaval brasileiro."

4) Bruna Surfistinha

Crítica de Celso Sabadin, para o site Cineclick:
"Uma rápida e descompromissada busca no Google pelo nome “Bruna Surfistinha” indica mais de 2 milhões de registros. Um ótimo ponto de partida, pelo menos mercadológico, para que se faça um filme sobre esta que foi considerada a mais famosa prostituta do Brasil. Um filme cheio de sexo e drogas que poderia facilmente cair na baixaria gratuita ou na exploração fácil da nudez da belíssima Deborah Secco, atriz que vive o papel título. A boa notícia – ou, no caso, as boas notícias – é que nada disso acontece: Bruna Surfistinha, o filme, é digno, profissional. Tecnicamente muito bem elaborado, otimamente interpretado (não só por Deborah, como por todo o elenco) e não se rende à gratuidade.

Baseado no livro O Doce Veneno do Escorpião, o roteiro assinado a seis mãos por Homero Olivetto, José de Carvalho e Antônia Pellegrino fala de Raquel (Deborah Secco), uma garota de classe média paulista, igual a milhões de outras, que decide abandonar a família careta para se tornar prostituta. Além de ser mais bonita que a média, a menina logo percebe como agradar aos homens que, além de sexo, querem ser ouvidos e, se possível, amados. Utilizando seus talentos e inovando na internet, a ascenção de Raquel – que usa Bruna como nome de guerra - é meteórica!

Há basicamente duas formas bem distintas para analisar o filme. Como “produto” comercial (embora eu deteste esta palavra para me referir ao Cinema, mas, enfim…), Bruna Surfistinha é impecável. Da abordagem do tema à fotografia, do roteiro à trilha sonora, do elenco à montagem, não há nada que o impeça de se transformar num dos maiores sucessos de bilheteria deste ano. Sequer parece filme de diretor estreante em longas (Marcus Baldini, de trajetória publicitária). O filme sabe ser ousado sem ser apelativo, usa bem a nudez sem cair na baixaria, e felizmente tem estética de filme para cinema, não sendo apenas um produto televisivo exibido na tela grande, como muitas vezes tem acontecido.

Já como Cinema, no sentido mais amplo do termo, Bruna Surfistinha deixa a desejar. Opta por uma narrativa totalmente linear, não dá muito espaço para a criatividade, e comete o mesmo erro que muitas produções brasileiras têm cometido: a praga da redundante narração em off, que ou explica o que já está sendo visto, ou deixa transparecer a falta de confiança que o próprio diretor tem a respeito da força das imagens que mostra. Até os dois Tropa de Elite sofrem deste mal: como que achando que o público não irá compreender o que se passa na tela, uma voz em off decide explicar, verbalmente, o que deveria ser mostrado cinematograficamente.

Para o grande público, o recurso pode até funcionar. Para o cinéfilo, aborrece. E pelo visto a intenção do filme é realmente encontrar o grande público. Deve dar certo!"

Tuesday, April 12, 2011

Grande Prêmio do Cinema Brasileiro

A cerimônia de entrega se realizará no dia 31 de maio, no Teatro São Caetano, na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro.

MELHOR LONGA–METRAGEM DE FICÇÃO

"5 x FAVELA, AGORA POR NÓS MESMOS", de Manaira Carneiro, Wagner Novais, Rodrigo Felha, Cacau Amaral, Luciano Vidigal, Cadu Barcelos, Luciana Bezerra. Produção: Renata de Almeida Magalhães e Carlos Diegues por Luz Mágica.

"CHICO XAVIER", de Daniel Filho. Produção: Daniel Filho por Lereby Produções Ltda.
"AS MELHORES COISAS DO MUNDO", de Laís Bodanzky. Produção: Jasmin Pinho, Minom Pinho, Debora Ivanov, Gabriel Lacerda, Caio Gullane e Fabiano Gullane por Gullane Filmes.
"OLHOS AZUIS", de José Joffily. Produção: José Joffily e Heloisa Rezende por Coevos Filmes Ltda.
"TROPA DE ELITE 2", de José Padilha. Produção: José Padilha e Marcos Prado por Zazen Produções. (Voto do Público e do Juri)
"VIAJO PORQUE PRECISO, VOLTO PORQUE TE AMO", de Karim Ainouz e Marcelo Gomes. Produção: Daniela Capelato e João Junior por Rec Produtores.

MELHOR LONGA–METRAGEM DOCUMENTÁRIO

"DZI CROQUETTES" de Raphael Alvarez e Tatiana Issa. Produção: Tatiana Issa, Raphael Alvarez e Bob Cline por TRIA Productions e Paulo Mendonça por Canal Brasil. (Voto Popular)
"O HOMEM QUE ENGARRAFAVA NUVENS" de Lírio Ferreira. Produção: Denise Dummont por Good Ju-ju. (Voto do Juri)
"JOSÉ E PILAR" de Miguel Gonçalves Mendes. Produção: Miguel Gonçalves Mendes por Jumpcut, Fernando Meirelles e Bel Berlink por O2 Filmes, Augustin Almodóvar e Esther Garcia por El Deseo.
"UMA NOITE EM 67" de Renato Terra e Ricardo Calil. Produção: Mauricio Andrade Ramos e João Moreira Salles por VideoFilmes.
"RITA CADILLAC: A LADY DO POVO" de Toni Venturi. Produção: Toni Venturi por Olhar Imaginário e Sergio Kieling por Mamute Filmes Ltda.

MELHOR LONGA–METRAGEM INFANTIL

"A CASA VERDE" de Paulo Nascimento. Produção: Marilaine Castro da Costa e Paulo Nascimento por Accorde Filmes Ltda.
"EU E MEU GUARDA-CHUVA" de Toni Vanzolini. Produção: Toni Vanzolini, Eliana Soárez, Leonardo Monteiro de Barros, Luiz Noronha e Pedro Buarque de Hollanda por Conspiração Filmes.
"HIGH SCHOOL MUSICAL - O DESAFIO" de César Rodrigues. Produção: Iafa Britz, Marcos Didonet, Walkiria Barbosa, Vilma Lustosa por Total Entertainment

MELHOR DIREÇÃO

JOSÉ PADILHA por "Tropa de Elite 2"
KARIM AINOUZ e MARCELO GOMES por "Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo"
LAÍS BODANZKY por "As Melhores Coisas do Mundo"
DANIEL FILHO por "Chico Xavier"
JOSÉ JOFFILY por "Olhos Azuis"

MELHOR ATRIZ

GLÓRIA PIRES como Dona Lindú por "Lula, O Filho do Brasil"INGRID GUIMARÃES como Alice por "De Pernas pro Ar"
MARIETA SEVERO como Manuela por "Quincas Berro D'Água"
ALICE BRAGA como Elaine por "Cabeça a Prêmio"
CHRISTIANE TORLONI como Glória por "Chico Xavier"

MELHOR ATOR

WAGNER MOURA como Nascimento por "Tropa de Elite 2"ÂNGELO ANTÔNIO como Chico Xavier (1931/1959) por "Chico Xavier"
CHICO DIAZ como Matuim por "O Sol do Meio-Dia"
MARCO NANINI como Odorico Paraguaçu por "O Bem Amado"
NELSON XAVIER como Chico Xavier (1969/1975) por "Chico Xavier"
PAULO JOSÉ como Quincas por "Quincas Berro D`Água"

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

CASSIA KISS como Iara por "Chico Xavier"DENISE FRAGA como Camila por "As Melhores Coisas do Mundo"
ELKE MARAVILHA como Avó por "A Suprema Felicidade"
LEANDRA LEAL como Liuba por "Insolação"
ROBERTA RODRIGUES como Renata por "5 x Favela, Agora Por Nós Mesmos"
TAINÁ MULLER como Clara por "Tropa de Elite 2"

MELHOR ATOR COADJUVANTE

CAIO BLAT como Artur por "As Melhores Coisas do Mundo"ANDRE MATTOS como Dep. Fortunato por "Tropa de Elite 2"CASSIO GABUS MENDES como Padre Julio Maria por "Chico Xavier"
HUGO CARVANA como Dos Santos por "5 x Favela, Agora Por Nós Mesmos"
IRANDHIR SANTOS como Diogo Fraga por "Tropa de Elite 2"
ANDRÉ RAMIRO como André Mathias por "Tropa de Elite 2"

MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA

LULA CARVALHO por "Tropa de Elite 2"

NONATO ESTRELA, ABC por "Chico Xavier"
TOCA SEABRA por "Quincas Berro D`Água"
GUSTAVO HADBA por "Lula, O Filho do Brasil"
LAURO ESCOREL por "A Suprema Felicidade"

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

ADRIAN COOPER por "Quincas Berro D`Água"
CASSIO AMARANTE por "As Melhores Coisas do Mundo"
CLAUDIO AMARAL PEIXOTO por "Chico Xavier"
CLÓVIS BUENO por "Lula, O Filho do Brasil"
TIAGO MARQUES TEIXEIRA por "Tropa de Elite 2"

MELHOR FIGURINO

ANDREA SIMONETTI por "Eu e Meu Guarda-Chuva"
BIA SALGADO por "Chico Xavier"
CLÂUDIA KOPKE por "O Bem Amado"
CLÁUDIA KOPKE por "Tropa de Elite 2"
KIKA LOPES por "Quincas Berro D`Água"

MELHOR MAQUIAGEM


ANA VAN STEEN por "Eu e Meu Guarda-Chuva"
ANA VAN STEEN por "Lula, O Filho do Brasil"
LU MORAES por "O Bem Amado"
MARISA AMENTA por "Quincas Berro D`Água"
MARTIN MACIAS TRUJILLO por "Tropa de Elite 2"
ROSE VERÇOSA por "Chico Xavier"

MELHOR EFEITOS VISUAIS


BRUNO VAN ZEENBROECK por "Tropa de Elite 2"
DARREN BELL, GEOFF D. E. SCOTT e RENATO TILHE por "Nosso Lar"
LUCIANO NEVES (TRIBO POST) por "Quincas Berro D'Água"
MARCELO SIQUEIRA por "Eu e Meu Guarda-Chuva"
TAMIS LUSTRE por "Chico Xavier"

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

BRÁULIO MANTOVANI e JOSÉ PADILHA por "Tropa de Elite 2"
BRUNO MAZZEO, JOÃO AVELINO e ROSANA FERRÃO por "Muita Calma Nessa Hora"
JOSÉ ANTONIO DA SILVA, OFICINA NÓS DO MORRO, OFICINA OBSERVATÓRIO DE FAVELA, RAFAEL DRAGAUD, RODRIGO CARDOZO e VILSON DE OLIVEIRA por "5 x Favela, Agora Por Nós Mesmos"
KARIM AINOUZ e MARCELO GOMES por "Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo"
LUIZ BOLOGNESI por "As Melhores Coisas do Mundo"
MARCELO SABACK e PAULO CURSINO por "De Pernas pro Ar"
MELANIE DIMANTAS e PAULO HALM por "Olhos Azuis"

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

MARCOS BERNSTEIN, AC por "Chico Xavier". Adaptado da obra “As Vidas de Chico Xavier” de Marcel Souto Maior.
SÉRGIO MACHADO por "Quincas Berro D'Água". Adaptado da obra “A morte e a morte de Quincas Berro D ?água” de Jorge Amado.
ADRIANA FALCÃO, BERNARDO GUILHERME, MARCELO GONÇALVES e TONI VANZOLINI por "Eu e Meu Guarda-Chuva". Adaptado da obra “Eu e Meu Guarda-Chuva” de Branco Mello, Hugo Possolo e Ciro Pessoa.
CLAUDIO PAIVA e GUEL ARRAES por "O Bem Amado". Adaptado da obra “O Bem Amado” de Dias Gomes.
ESMIR FILHO e ISMAEL CANEPPELE por "Os Famosos e os Duendes da Morte". Adaptado da obra “Os Famosos e os Duendes da Morte” de Ismael Caneppele.

MELHOR MONTAGEM FICÇÃO

DANIEL REZENDE por "As Melhores Coisas do Mundo"
DANIEL REZENDE por "Tropa de Elite 2"
DIANA VASCONCELLOS, ABC por "Chico Xavier"
KAREN HARLEY por "Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo"
QUITO RIBEIRO por "5 x Favela, Agora Por Nós Mesmos"

MELHOR MONTAGEM DOCUMENTÁRIO

JORDANA BERG por "Uma Noite em 67"
BERNARDO PIMENTA por "Utopia e Barbárie"
CLÁUDIA RITA OLIVEIRA por "José e Pilar"
DANIEL GARCIA e MAIR TAVARES por "O Homem que Engarrafava Nuvens"
RAPHAEL ALVAREZ por "Dzi Croquettes"

MELHOR SOM


ALESSANDRO LAROCA, ARMANDO TORRES JR. e GEORGE SALDANHA por "Nosso Lar"
ALESSANDRO LAROCA, ARMANDO TORRES JR. e JOSÉ MOREAU LOUZEIRO por "Quincas Berro D`Água"
ALESSANDRO LAROCA, ARMANDO TORRES JR. e LEANDRO LIMA por 'Tropa de Elite 2"
ALESSANDRO LAROCA, ARMANDO TORRES JR. e LOUIS ROBIN por "As Melhores Coisas do Mundo"
BRANKO NESKOV, CARLOS ALBERTO LOPES, CAS e SIMONE PETRILLO por "Chico Xavier"

MELHOR TRILHA SONORA

BETO VILLARES por "Quincas Berro D'Água"
BID por "As Melhores Coisas do Mundo"
CRISTOVÃO BASTOS por "A Suprema Felicidade"
GUTO GRAÇA MELLO e MV BILL por "5 x Favela, Agora Por Nós Mesmos"
GUTO GRAÇA MELLO por "O Homem que Engarrafava Nuvens"

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL


ADRIANA CALCANHOTO, BRUNO PALAZZO, CAMANÉ, FILIPE PINHEIRO, LUÍS CILIA, NOISERY, PEDRO GRANATO e PEDRO GONÇALVES por "José e Pilar"
CLÁUDIO LINS e CLÁUDIO TOVAR por "Dzi Croquettes"
EGBERTO GISMONTI por "Chico Xavier"
JAQUES MORELENBAUM por "Olhos Azuis"
PEDRO BROMFMAN por "Tropa de Elite 2"

MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO

"ALGUÉM TEM QUE HONRAR ESTA DERROTA" dirigido por Leonardo Esteves
"AVÓS" dirigido por Michael Wahrmann
"ENSAIO DE CINEMA" dirigido por Allan Ribeiro
"EU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO" dirigido por Daniel Ribeiro
"RECIFE FRIO" dirigido por Kleber Mendonça Filho


MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO


"GERAL" dirigido por Anna Azevedo

"URBE" dirigido por Marcos Pimentel
"AVE MARIA OU MÃE DOS SERTANEJOS" dirigido por Camilo Cavalcante
"DOIS MUNDOS" dirigido por Thereza Jessouroum
"FAÇO DE MIM O QUE QUERO" dirigido por Petrônio Lorena e Sérgio Oliveira

MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMAÇÃO

"OS ANJOS DO MEIO DA PRAÇA" dirigido por Alê Camargo e Camila Carrossine
"BONEQUINHA DO PAPAI" dirigido por Luciana Eguti e Paulo Muppet
"EU QUERIA SER UM MONSTRO" dirigido por Marão
"MENINA DA CHUVA" dirigido por Rosaria
"TEMPESTADE" dirigido por Cesar Cabral

MELHOR LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO

"A FITA BRANCA" (Das Weisse Band, ficção, Alemanha) - dirigido por Michael Haneke. Distribuição: Imovision.
"A ORIGEM" (Inception, ficção, USA / Reino Unido) - dirigido por Christopher Nolan. Distribuição: Warner Bros.
"O PEQUENO NICOLAU" (Le Petit Nicolas, ficção, França) - dirigido por Laurent Tirard. Distribuição: Imovision.
"A REDE SOCIAL" (The Social Network, ficção, USA) - dirigido por David Fincher. Distribuição: Sony Pictures.
"O SEGREDO DOS SEUS OLHOS" (El Secreto de Sus Ojos, ficção, Argentina / Espanha) - dirigido por Juan José Campanella. Distribuição: Europa Filmes.

Friday, April 08, 2011

TOP 4 CRÍTICA 2011

1) Tio Bonmee, que pode recordar suas Vidas Passadas

Crítica de Rita Toledo, do site da Revista Piauí:

"Em uma cena do filme do realizador tailandês Apichatpong Weerasethakul, uma princesa, que observa triste sua imagem refletida em um lago, julgando-se feia, é interpelada por um peixe que fala e a seduz. Diante da belíssima cena de caráter fantástico, o espectador ocidental poderia perguntar-se sobre os mitos tradicionais tailandeses, onde o diretor parece buscar inspiração, e imaginar as maravilhas de uma cultura distante, que o cinema talvez pudesse ajudar a revelar ou aproximar, mas que manteriam a obra de Apichatpong encoberta por certa névoa enigmática.

Perguntado pela revista francesa sobre a origem de tal cena, o diretor frustra e fascina o entrevistador. Assim como outros tantos elementos de seu filme, a cena realiza espécie de homenagem a programas de TV tailandeses, os quais ele tinha o hábito de assistir quando criança, onde monstros, princesas e animais falantes povoavam histórias fantásticas e de grande popularidade.

Mas, se a graça da resposta de Apichatpong faz pensar sobre o imaginário televisivo que compartilhamos – brasileiros, franceses e tailandeses –, e que parece construir referências culturais, linguagens e estéticas mais comuns do que supomos à primeira vista, em “Uncle Boonmee...” o diretor deixa clara sua intenção de realizar um filme sobre o cinema. São muitas as referências a grandes filmes, e é evidente o interesse por uma reflexão sobre a imagem e a ilusão cinematográficas. Por exemplo, logo no início do filme, o filho de Uncle Boonmee retorna à casa do pai, anos após seu desaparecimento na floresta, transformado em um macaco de olhos vermelhos. Sentado à mesa de jantar com a família, ele esclarece que sua fuga e sua transfiguração em animal tiveram origem no encanto por uma imagem. Um dia, ao sair com sua câmera pela floresta, o jovem fotografou uma estranha criatura saltando entre as árvores. Fascinado pela foto, tal como o fotógrafo de “Blow-up – Depois daquele beijo” (1966), de Antonioni, ele vai atrás da criatura fotografada e acaba decidindo viver entre os macacos gigantes, abandonando a família e sua existência humana.

Se lança mão de espíritos que retornam de vidas passadas ou de seres bizarros, Apichatpong também sabe explorar, com destreza, a potência dos sons e do escuro da floresta ou a emoção dos personagens em situações dramáticas comoventes. O resultado é um filme delicado, cuja simplicidade narrativa evoca o desejo pela imagem, a vontade de arriscar-se, de propor a construção de um universo próprio, o universo do autor: verdadeiro cinema ao ar livre."

Notas da Crítica:

Bruno Marques, Almanaque Virtual: 5/5

Leonardo Luiz Ferreira, Almanaque Virtual: 5/5

Neusa Barbosa, Cineweb: 5/5

Geo Euzebio, Cineplayers: 10/10

Cassio Starling Carlos, Guia da Folha: 4/4 ("assombroso")

Inácio Araujo, Guia da Folha: 4/4 ("de imagens inegavelmente fortes")

Leonardo Cruz, Guia da Folha: 4/4 ("fantasmas! Chewbacca!! Monga!!!)

Pedro Butcher, Guia da Folha: 4/4 ("filme dos mistérios e maravilhas")

Gilberto Silva Jr., Contracampo: 4/4

Leonardo Levis, Contracampo: 4/4

Marcelo Hessel, Omelete: 5/5

Kenia Freitas, Cineplayers: 9,5/10

Vlademir Lazo, Cineplayers: 9/10

Daniel Dalpizzolo, Cineplayers: 8/10

Heitor Augusto, Cineclick: 4/5

Carlos Alberto Mattos, Almanaque Virtual: 4/5

Daniel Schenker, Almanaque Virtual: 4/5

Mario Abbade, Almanaque Virtual: 4/5

Suzana Uchôa Itiberê, Preview: 8/10

Christian Petermann, Guia da Folha: 3/4 ("decifra-me ou te entedio")

Marina Person, Guia da Folha: 3/4 ("belo e inclassificável")

Alice Furtado, Contracampo: 3/4

Calac Nogueira, Contracampo: 3/4

João Gabriel Paixão, Contracampo: 3/4

Airton Shinto, Shintocine: 7/10

Amir Labaki, Guia da Folha: 2/4 ("um quê de Macunaíma")

Suzana Amaral, Guia da Folha: 2/4 ("para amar ou detestar. Um risco")

Pablo Villaça, Cinema em Cena: 2/5 ("filme de festival - concebido com a clara intenção de agradar ao circuito de arte, empregando técnicas narrativas típicas de produções vistas como cult")

2) Poesia

Crítica de Fábio Andrade, da Revista Cinética:

"A dor da criação

A primeira meia hora de Poesia deixa claro que o filme retrabalhará várias das predileções, e dos problemas, de Sol Secreto, trabalho anterior de Lee Chang-dong. Se por um lado temos uma rara consciência da necessidade de se encarar frontalmente o trauma e o luto sem fugas graciosas, por outro temos as mesmas tintas carregadas na encenação desses mesmos momentos, em uma dificuldade notável de fazer o que é interno às personagens aflorar à superfície dos atores. Mija (Yoon Jeong-hee) está sofrendo de alzheimer e seu neto - que ela sustenta e tem como única companhia - teria se envolvido no estupro de uma colega de colégio, que se suicida poucos dias depois. Sem o dinheiro necessário para pagar o acordo oferecido à mãe da vítima pelos pais dos outros estupradores, Mija entra em uma turma que estuda prática de poesia e segue com sua vida, trabalhando como enfermeira para um senhor debilitado por um derrame.

A desgraça, como se vê, não é pouca, e o impulso paliativo ao belo que marca as aulas de poesia parece, à primeira vista, promessa de um alívio tão nobre quanto ineficiente diante do horror. Mas aos poucos Lee Chang-dong vai revertendo essa lógica, colocando em crise a posição da realização artística diante do mundo. Pois Mija não consegue fazer poesia. Ela segue as orientações do instrutor, contempla a natureza, abandona uma reunião com os pais dos colegas de seu neto para ir olhar as flores no jardim (em um plano que sintetiza perfeitamente, com uma janela que liga e separa dois ambientes, toda a desconexão da personagem)... e, ainda assim, nada. Não há experiência estética, estado de criação ou desprendimento que sobreviva diante das lembranças da mãe da garota suicida andando pela rua aos prantos, sem sapatos, agarrada pelo filho mais novo que tenta consolá-la. Para poder criar, Mija precisará abraçar o horror.

Se essa equivalência pode trazer um subtexto utilitário um tanto problemático - uma vez que o luto e o sofrimento seriam reduzidos a mero combustível artístico - Lee Chang-dong leva essa relação um tanto mais longe. Em um primeiro momento, surge a necessidade de experimentar o horror. Mija vai à sala onde seu neto teria estuprado a menina morta; vai à ponte de onde ela se jogou e contempla o rio de seu ponto-de-vista; vai à sua casa, toca em seus retratos, respira o ar que ela deixara ali, não respirado. Não há poesia possível nesse mergulho funerário. O que existe é a impregnação em um trauma que não está ali, naquele gesto voluntário, mas sim nos cacos de quem permanece e tem seu corpo e espírito marcados pela duração, seja na boca entortada pelo enfarte, ou na memória que começa a rarear.

Com toda sua dificuldade de tom, Poesia ganha força sempre que encara suas dificuldades de representação de frente - e, nesse sentido, a cena em que Mija presta favores sexuais a seu patrão é exemplar no que ela decide mostrar, e também no que faz questão de esconder. O incômodo (e aí não é o incômodo sexual, mas sim de como a expressão do rosto do sujeito permanece enigmaticamente retorcida - seria prazer ou a ausência absoluta de prazer?) é parte indispensável à existência: o Alzheimer faz a protagonista esquecer as palavras, mas nunca a impede de se lembrar do que realmente gostaria de esquecer. E não é exatamente isso que o professor diz ser necessário para se criar poesia? Para escrever, ele orienta, é preciso aprender a ver as coisas pela primeira vez.

A providencialidade do esquecimento generalizado é contrastada ao congelamento da memória encontrado na poesia. Pois tanto a realização poética quanto o luto encontram um terreno comum, que será confirmado na sequência final. Mais do que um atalho, a poesia se torna o caminho que leva direta e inevitavelmente ao sofrimento e, consequentemente (ao menos gostamos de imaginar com o que fica para além do filme), à sua purgação. É a dor que torna operativo o que Mija dizia sentir desde sempre: um gosto pelas flores e por dizer coisas estranhas. Escrever, portanto, não é apagar o sofrimento. Ao contrário: é apegar-se definitivamente à sua força, com a disposição de deixar que ela te leve para o fundo do rio."

Notas da Crítica:

Cassio Starling Carlos, Guia da Folha: 4/4 ("beleza pura")

Christian Petermann, Guia da Folha: 4/4 (delicadeza memorável")

Inácio Araujo, Guia da Folha: 4/4 ("acha-se, não se procura")

Leonardo Cruz, Guia da Folha: 4/4 ("Lee é um dos melhores cineastas da Ásia")

Suzana Amaral, Guia da Folha: 4/4 ("belo filme, agrada aos poucos")

Roger Ebert, Sun Times: 8,75/10

Alysson Oliveira, Cineweb: 4/5

Celso Sabadin, Cineclick: 4/5

Filipe Codeço, Almanaque Virtual: 4/5

Marcelo Hessel, Omelete: 4/5

Marina Person, Guia da Folha: 3/4 ("versos delicados")

Vlademir Lazo, Cineplayers: 7/10 ("Não é filme para se desprezar, mas menos ainda para se amar.")

Miguel Barbieri Jr., Veja SP: 3/5

Amir Labaki, Guia da Folha: 2/4 ("roteiro maior que o filme")

3) Trabalho Interno

Crítica de Emilio Franco Jr., do site Cineplayers:

"Qualquer pessoa sabe que a crise financeira internacional de 2008 abalou os mercados de todo o mundo. Alguns têm mais ciência de suas causas e efeitos, outros menos. Com a falência do banco de investimento Lehman Brothers, deflagrou-se o caos no sistema financeiro, com efeito cascata nas demais instituições do gênero. O que este documentário vencedor do Oscar mostra são os meandros dessa crise, analisando desde o passado de desregulamentação do mercado por parte do governo norte-americano até as consequência atuais.

Querendo ser amplo em seu estudo, Trabalho Interno abre demais o leque para não deixar absolutamente nenhum aspecto de fora, mas parece perder o foco em sua jornada investigativa quando, por exemplo, aborda o conflito de interesses de professores conceituados de Universidades como Harvard e Columbia ao atuarem como consultores de instituições financeiras, o que os leva não só a educar os futuros econômicos e administradores com conceitos duvidosos, e sabendo que estão fazendo isso, mas também a prestarem consultorias fraudulentas. Tudo em nome de remunerações altíssimas.

Essa mesma relação de dependência do capital leva as agências de classificação de risco a fecharem seus olhos para os problemas que evidentemente poderiam constatar em seus ratings. O documentário mostra todos esses aspectos e desenvolve sua narrativa de forma didática, disposto a não deixar nenhuma vírgula de fora. Contudo, essa opção não é eficaz, porque o assunto é maçante para duas horas de linguagem econômica. E nem recursos gráficos diminuem esse problema; só acentuam o equívoco na forma. Por mais que o assunto seja bem esmiuçado, não há tempo para absorver tudo o que é passado. A narrativa poderia ser menos abrangente e negligenciar pequenos pontos para causar reflexão maior no espectador comum.

Entretanto, Trabalho Interno é louvável ao fazer uma contunde crítica ao sistema financeiro sem poupar o sistema político que o sustenta. E o principal mérito é não ser partidarista nessa denúncia. Sobra para republicanos e democratas que, como evidenciado, insistem em repetir o erro. Por que será? Ainda é estarrecedor ver que os mesmos nomes dominam postos estratégicos da maior economia do mundo, e a mais influente delas, com persistência em ideias fracassadas e a serviço de especuladores. Mesmo depois da turbulência global, todos continuam felizes recebendo bônus milionários para levar suas empresas a bancarrota e destruir a economia mundial. O importante, dentro desse sistema autodestrutivo, é acumular quando pode e também quando não pode.

Se por vezes o excesso de didática é consequência de equívocos no roteiro, o mesmo não se pode dizer do brilhante início, no qual o foco é a Islândia. Considerado modelo por anos, o país possuía bancos estatais regulados com olhos de águia pelo governo e a estabilidade econômica resultava em prosperidade nas condições de vida dos moradores. Mas, por interesses escusos, o país permitiu a privatização de suas instituições e, assim, tornou-se alvo de especuladores e mais um dentro do interligado sistema financeiro global. E é a partir do estouro da crise e da clara culpa norte-americana na atual situação dos islandeses que o documentário faz a ponte para criticar os Estados Unidos.

O diretor Charles Ferguson abusa de gráficos para explicar o que são aqueles números gigantescos e a venda de títulos podres que acarretou na bolha do crédito imobiliário. O colapso no sistema de hipotecas foi culpa da terceirização de títulos por parte de bancos de investimento como o Lehman Brothers e a especulação financeira cegamente apoiada pelas agências de risco. Ninguém fez o papel que deveria, é isso que o documentário deixa claro. Sem poder negar ter conhecimento dos problemas da desregulamentação crescente, mas mesmo assim fazendo isso, economistas, professores, políticos e diretores de bancos se fazem de dissimulados. A impressão é de que preferem passar por mentirosos do que perder seus altos cheques anuais.

Agrada o estilo quase agressivo e constrangedor de Ferguson durante as entrevistas com muitos dos responsáveis por esse caos, mas o crescente didatismo de sua narrativa, quase transformando o documentário em uma aula cinematográfica de economia, é equivocado, e ainda assim, como já disse, não permite a absorção completa do conteúdo. Mas, Trabalho Interno não deixa de ser interessante e esclarecedor para quem de alguma forma se interessa pelo tema ou está habituado a ele. Ferguson é claro: somos reféns de um sistema corrompido."

Notas da Crítica:

Filippo Pitanga, Almanaque Virtual: 5/5

Neusa Barbosa, Cineweb: 5/5

Roger Ebert, Sun Times: 10/10

Ritter Fan, Metido a Crítico: 9/10

Rodrigo de Oliveira, Paradoxo: 89% de 100%

Emilio Franco Jr., Cineplayers: 6/10

Miguel Barbieri Jr., Veja SP: 2/5

4) RangoCrítica de Pablo Villaça, do site Cinema em Cena:

"Gore Verbinski é um dos cineastas mais subestimados da atualidade. Responsável por oito longas-metragens ao longo de sua carreira, ele dirigiu apenas um que poderia ser considerado medíocre (A Mexicana), ao passo que todos os seus esforços restantes não só revelam um realizador tecnicamente competente, mas também capaz de navegar com facilidade entre gêneros diferentes, alterando seu estilo de acordo com a necessidade de cada projeto, desde o delicioso O Ratinho Encrenqueiro até a divertida série Piratas do Caribe, passando pelo tenso O Chamado, o tocante estudo de personagem O Sol de Cada Manhã e chegando neste Rango, no qual mergulha no universo da animação de forma ambiciosa ao conceber um western que simultaneamente homenageia e subverte este já tão explorado gênero – e conseguindo, no processo, divertir o público mais jovem ao mesmo tempo em que envolve os adultos através de uma história repleta de subtemas complexos e intrigantes.

Acompanhando o camaleão-título desde o seu terrário até uma pequena cidade atormentada pela falta de água, o roteiro de John Logan marca também a primeira incursão da Industrial Light & Magic de George Lucas na produção de longas de animação computadorizada, apresentando ao mercado uma companhia tecnicamente capaz de rivalizar com a Pixar, a PDI/DreamWorks e a Blue Sky Studios – com a diferença que, aqui, a IL&M usou uma técnica batizada de emotion capture, que se preocupa em capturar não necessariamente os movimentos dos atores, mas suas composições de personagem através da encenação de cada passagem do roteiro (com direito a objetos de cena) durante o processo de gravação de suas vozes.

Com um preciosismo técnico que nada deixa a dever à infalível Pixar, Rango cria uma galeria de personagens fascinantes, transformando os roedores, répteis e anfíbios de sua narrativa em criaturas com rostos marcados e marcantes que conseguem evocar com perfeição os tipos físicos tão característicos do gênero, desde as prostitutas do saloon até os fazendeiros oprimidos, passando pelos pistoleiros ameaçadores, o índio sábio, a mocinha corajosa e o bizarro agente funerário. Aliás, basta olhar para aqueles animaizinhos desdentados e de pele ressecada e suja para perceber o sofrimento constante no qual vivem – o que não impede, claro, que os realizadores também criem criaturas mais engraçadinhas como a filhotinha de olhos grandes e doces cuja inocência se contrapõe às suas armas mantidas a tiracolo ou a raposa que, secretária do prefeito, se mostra vaidosa ao usar a própria cauda como estola.

O que nos traz, claro, ao protagonista: depois de toda uma existência de solidão que o obrigou a desenvolver uma vívida imaginação e uma intensa vida interior ilustradas de forma evocativa em sua primeira cena, Rango é um camaleão que constantemente contorna a própria covardia ao se forçar a manter-se fiel ao papel que decidiu interpretar. Usado com talento pelos animadores em várias seqüências que dependem da comédia física para funcionar, ele é uma combinação improvável de Clint Eastwood e Buster Keaton, remetendo também a Jerry Lewis na cena em que, apavorado, tenta limpar a bagunça que fez no rosto de um bandido (uma gag clássica de Lewis imortalizada, por exemplo, em seu encontro com George Raft em O Terror das Mulheres).

Aliás, embora seja repleto de referências a momentos emblemáticos do Cinema, Rango se diferencia das produções da DreamWorks (Shrek e cia), por exemplo, ao se esforçar para usá-las de forma orgânica e não apenas para fazer piadas fáceis que provem sua cultura pop. Assim, enquanto Shrek para Sempre se desviava da história apenas para fazer uma piada com Amargo Pesadelo, este filme de Verbinski traz as referências para dentro da trama – como ao mostrar rapidamente um animal que caminha como John Wayne, ao usar os vocais da seqüência-título de Arizona Nunca Mais, ao trazer uma ponta de Hunter S. Thompson (lembrem-se de que Johnny Depp fez Medo e Delírio) ou conceber o prefeito como uma versão de John Huston em Chinatown e o pistoleiro Jake Cascavel como um primo de Lee Van Cleef em O Bom, O Mau e o Feio.

Além disso, em vários momentos Rango combina duas ou mais referências em uma só, como na cena aérea no cânion que, trazendo a Valsa das Valquírias em uma versão banjo, ao mesmo tempo brinca com os helicópteros de Apocalypse Now e com o ataque final à Estrela da Morte de Uma Nova Esperança.

Mas é claro que é mesmo o próprio gênero western (e seu irmão italiano, o western spaghetti) que se torna o principal homenageado da produção: a belíssima trilha de Hans Zimmer, por exemplo, faz constantes referências aos temas clássicos de Ennio Morricone, ao passo que seqüências típicas do faroeste dão as caras aqui, como lutas sobre carruagens em movimento, duelos na rua principal de cidadezinhas hostis e brigas em saloons. Além disso, Verbinski se inspira claramente em Sergio Leone ao construir sua narrativa através de closes fechadíssimos nos rostos surrados de seus personagens (muitas vezes trazendo apenas partes de suas faces) e ângulos que ressaltam a natureza grandiosa, mítica, daquelas criaturas – e até o CinemaScope tão bem utilizado por Leone é empregado com competência pelo norte-americano. Para finalizar, um dos maiores ícones do gênero surge de forma surpreendente no terceiro ato, assumindo um personagem cujo “nome” (ou melhor: função) resume perfeitamente sua importância para o western.

Beneficiado pela consultoria do magnífico Roger Deakins (que vem se tornando um especialista em faroestes) na concepção de sua fotografia, Rango é visualmente espetacular, oferecendo paisagens que vão do extremo rubro do céu no fim de tarde à superexposição que ressalta a secura e o calor de um universo dominado pela sede, passando por momentos mais sutis como aquele no qual o personagem-título conta um caso no saloon enquanto a luz que entra pelas frestas das paredes rachadas se converte em um verdadeiro holofote sobre ele. Da mesma forma, o fantástico design de produção constrói com eficiência a miserável cidade que serve de palco para a narrativa e cujo nome, Poeira, faz jus à secura de seu cotidiano – e é particularmente interessante perceber como o lugarejo parece ter sido improvisado através da utilização de objetos como galões de gasolina, embalagens vazias e madeira podre. Como se não bastasse, o design de som do longa jamais deixa de impressionar, seja nas seqüências mais complexas como a perseguição no cânion ou em outras mais intimistas como aquela em que Rango entra pela primeira vez no saloon e é recebido apenas pelo rangido do velho ventilador.

Com uma montagem que se equilibra bem entre a ação desenfreada e o desenvolvimento dos personagens, Rango ainda é repleto de momentos que surgem poéticos de tão evocativos, como o que traz a areia escorrendo como lágrima por uma duna ou aquele em que o herói atravessa uma estrada à noite num impulso autodestrutivo. Da mesma forma, Gore Verbinski prova ter feito o dever de casa ao conceber o duelo final com precisão, cortando para detalhes significativos como o relógio da torre, os rostos amedrontados dos cidadãos de Poeira nas janelas dos prédios e o silêncio opressivo que parece indicar que até o vento parou de soprar em função da tensão.

Divertido também graças a elementos como o coro grego de mariachis fatalistas ou gags visuais como a lápide que indica a curta vida do antigo xerife ("Terça a Quinta-feira"), Rango ainda se encerra com créditos finais vibrantes e envolventes, mantendo-se como uma experiência ímpar até o derradeiro segundo e estabelecendo-se desde já como um dos melhores filmes do ano.

Observação: a dublagem brasileira, ao contrário do que aconteceu com o recente Enrolados, está impecável. Trabalhar com profissionais é outra coisa.

Notas da Crítica:

Pablo Villaça, Cinema em Cena: 5/5

Roger Ebert, Chicago Sun: 5/5

Rodrigo de Oliveira, Paradoxo: 5/5

Mel, Cinema com Mel: 5/5

Oscar, Cinema com Mel: 5/5

Thiago Siqueira, Omelete: 5/5

Ritter Fan, Metido a Critico: 9,5/10

Renné França, Pilula Pop: 90/100

Celso Sabadin, Cinelick: 4/5

Raphaela Ximenes, Almanaque Virtual: 4/5

Fred Burle, Cinepop: 4/5

Jader Santana, Cinema com Rapadura: 8/10

Silvio Pilau, Cineplayers: 8/10

Alysson Oliveira, Cineeb: 8/10

Christian Petermann, Guia da Folha: 3/4 ("assista legendado, em ótimo 2D")

Suzana Amaral, Guia da Folha: 3/4 ("spaghetti western p/ adultos e crianças")

Felipe Tostes, Cineplayers: 7/10

Suzana Uchôa Itiberê, Preview: 7/10 ("Verbinski ainda precisa caprichar na narrativa, mas tem olhos de águia para os detalhes da animação")

Marcelo Hessel, Omelete: 3/5

Pedro Filipe Pina, Vou Sair: 3/5

Miguel Barbieri Jr., Veja SP: 3/5

Carlos Eduardo Corrales, Delfos: 0,5/5