(Love in the Time of Cholera, EUA, 2007)
Direção: Mike Newell
Elenco: Javier Bardem, Benjamim Bratt, Angie Cepeda, Fernanda Montenegro, Catalina Sandino Moreno
Sinopse: 1879. Cartagena, Colômbia.
Ainda muito jovem, o telegrafista, violinista e poeta Florentino Ariza, filho da costureira Transito, se apaixonou por Fermina Daza, mas o romance enfrentou a oposição do pai da moça, o vendedor de mulas e coronel Lorenzo Daza, que impediu o casamento enviando a filha ao interior numa viagem de um ano. Para manter seu amor, Florentino montou, com a ajuda de amigos telegrafistas, uma rede de comunicação que alcançava Fermina onde ela estivesse.
De volta a Cartagena, Fermina e Florentino se reencontram numa feira, mas ela diz para ele esquecê-la, que o caso entre eles é só ilusão. Florentino fica arrasado. A distância física entre os dois aumenta ainda mais quando Fermina casa-se com médico Juvenal Urbino, especialista em cólera, que a leva para uma lua-de-mel em Paris.
Enquanto isso, Florentino envolve-se com centenas de mulheres, todas sem importãncia em sua vida emocional, enquanto torna-se auxiliar de seu tio Don León na Companhia Fluvial do Caribe.
Cinquenta e Um Anos depois...
Notas da Crítica:
Pablo Villaça, Cinema em Cena: 8,5/10
Alessandro Giannini, SET: 6,5/10
Neusa Barbosa, Cineweb: 3/5
Andy Malafaya, Cineplayers: 5/10
Carlos Heli de A., Jornal da Tarde: 5/10
Marianne Morisawa, Isto É Gente: 5/10
Cassio Starling Carlos, Guia da Folha: 1/4
Christian Petermann, Guia da Folha: 1/4
Pedro Butcher, Guia da Folha: 1/4
Sergio Rizzo, Guia da Folha: 1/4
Suzana Amaral, Guia da Folha: 1/4
Angela Andrade, Cinequanon: 1/5
Elie Politi, Cinequanon: 1/5
Erico Fuks, Cinequanon: 1/5
Fabio Yamaji, Cinequanon: 1/5
Fernanda Teixeira, Almanaque Virtual: 1/5
Rodrigo Rosp, Cineplayers: 2/10
Luis Antonio Giron, Época: 1/10
O LIVRO DAS REVELAÇÕES
(The Book of Revelation, Austrália, 2006)
Direção: Ana Kokkinos
Elenco: Greta Scacchi (Isabel), Tom Long (Daniel), Colin Friels (Olsen), Deborah Mailman (Julie)
Sinopse: Um dançarino capturado por três mulheres vive dias de tensão em cativeiro. Libertado, ele passa a procurá-las à medida que se recupera.
Notas da Crítica:
Carlos Eduardo Corrales, Delfos: 1,5/5
Cassio Starling Carlos, Folha Ilustrada: 1/4
A CULPA É DO FIDEL
(La Faute à Fidel, França/ Irlanda, 2006)
Direção: Julie Gavras
Elenco: Nina Kervel-Bey, Julie Depardieu, Stefano Accorsi
Sinopse: Anna tem nove anos. Sua vida é tranqüila e confortável, boa parte vivida em Paris. Freqüenta uma escola católica e mora com seus pais, Marie e Fernando, sua babá e seu irmão caçula, François. Ela às vezes vai até Bordeaux, onde os avós maternos têm um vinhedo. Mas sua existência bem organizada irá se complicar. O ano é 1970 e a prisão e morte do seu tio espanhol, um comunista convicto, balança a família. Ao voltar de uma viagem ao Chile, logo após a eleição de Allende, os pais de Anna estão diferentes e a vida familiar muda por completo: Engajamento político, altruísmo, a luta contra o imperialismo, feminismo, eleições: palavras-chaves que de agora em diante pontuarão as vidas de Marie e Fernando. Para Anna, a recém-descoberta paixão de seus pais expressa-se em outras palavras e fatos: mudança, desorganização, troca de babás, um apartamento menor e novos rostos. Assim como seus pais, Anna também muda, mas de forma diferente. Anna cresce e aceita esse novo mundo, o tempo todo olhando para o que a cerca de um jeito bem pessoal.
Link para Os Melhores Filmes de 2007
Xuxa em Sonho de Menina
(Brasil, 2007)
Direção: Rudi Lagemann
Elenco: Xuxa Meneguel, Letícia Botelho, Alice Borges, Betty Lago, Carlos Casagrande, Dirce Migliaccio, Raquel Bonfante, Ilana Kaplan, Marcelo Adnet
Sinopse: Kika (Xuxa), professora do interior que tem o sonho de ser apresentadora de televisão, resolve viajar para o Rio de Janeiro, onde acontece um concurso promovido por uma grande emissora nacional. Um feitiço faz com que a personagem volte a ser criança e, assim, junte-se a um grupo de estudantes que está a caminho da cidade numa excursão de ônibus. É quando começam as aventuras da personagem, com a trama se desenvolvendo em meio a mensagens positivas sobre importantes questões ecológicas.
Notas da Crítica:
Marcelo Forlani, Omelete: 1/5
A Bússola de Ouro
(His Dark Materials: The Golden Compass, 2007)
Direção: Chris Weitz
Roteiro de Tom Stoppard, Chris Weitz baseado no primeiro livro de uma trilogia escrita por Philip Pulman, "Fronteiras do Universo: A Bússola Dourada".
Elenco: Nicole Kidman, Daniel Craig, Dakota Blue Richards, Eva Green.
Sinopse: Lyra Belacqua é uma menina de 12 anos que vive em uma dimensão paralela à nossa.
Uma grande parte desse mundo seria familiar para nós, mas os continentes, os oceanos, Brytain, Norroway e o Pólo Norte são pertubadoramente diferentes.
No mundo de Lyra, a alma de uma pessoa vive fora de seu corpo, na forma de um gênio (Daemon)- um espírito animal falante que o acompanha ao longo da vida, sempre próximo de sua parte corpórea. O gênio de uma criança pode mudar de forma, assumindo todos os contornos inspirados pelo potencial infinito de uma criança; mas, à medida que uma pessoa envelhece, fixa-se numa forma, de acordo com seu caráter e natureza. O vínculo entre o ser humano e seu gênio é extremamente forte- no mundo de Lyra uma pessoa não ter seu gênio é uma mutilação horrível.
Lyra, que tem Pantalaimon como seu Daemon, foi deixada por seu tio, o aventureiro Asriel, que tem Stelmaria como seu Daemon), para ser criada no Colégio Jordan de Oxford. Quando a misteriosa Sra. Coulter, que tem o Golden Monkey como seu Daemon, chega ao Colégio, oferece a Lyra a oportunidade de reencontrar-se com seu tio numa viagem rumo ao Norte.
Notas da Crítica:
Tatiane Crescêncio, Cineplayers: 8/10
Tony Tramell, Almanaque Virtual: 4/5
Pedro Butcher, Guia da Folha: 3/4
Carlos Eduardo Corrales, Delfos: 3,5/5
Rodrigo Salem, SET: 7/10
Alexandre Koball, Cineplayers: 6/10
Rodrigo Cunha, Cineplayers: 6/10
Priscila Sampaio, Cineplayers: 6/10
Cassio Starling Carlos, Guia da Folha: 2/4
Christian Petermann, Guia da Folha: 2/4
Sergio Rizzo, Guia da Folha: 2/4
Suzana Amaral, Guia da Folha: 2/4
Alysson Oliveira, Cineweb: 2/5
ÍNDICE NC: 6,12/13
Conversas com meu Jardineiro
(Dialogue Avec Mon Jardinier, França, 2006)
Direção: Jean Becker
Elenco: Daniel Auteuil, Jean-Pierre Daroussin, Fanny Cottençon, Elodie Navarre e Alexia Barlier
Sinopse: Um pintor bem sucedido de cinqüenta e poucos anos deixa Paris e retorna à pequena província em que nasceu. Sem energia ou talento para cuidar do terreno em torno da antiga casa, ele dispõe um anúncio em busca de ajudante. Por sorte, o primeiro candidato - que se torna a pessoa ideal - é um antigo colega de escola, que o pintor não via desde criança. Ele virou jardineiro e sua vida tem sido pontuada por uma série de eventos banais. Sua simplicidade e espontaneidade cativam o pintor. Para o artista, é hora de repensar sua relação com a natureza, o amor e sua própria vida.
Notas da Crítica:
Neusa Barbosa, Cineweb: 4/5
Marcio Ferrari, SET: 7/10
Yves Moura, Almanaque Virtual: 3/5
Marcelo Hessel, Omelete: 2/5
ÍNDICE NC: 6,25/4
Os Porralokinhas
(Brasil, 2006)
Direção: Lui Farias
Elenco: Flávio Migliaccio, Heloisa Périssé, Denise Fraga, Rafael Ciani, Maria Mariana Azevedo, Maitê Lima, Miguel Rômulo, Lúcio Mauro Filho.
Sinopse: Numa cerimônia indígena, uma indiazinha é salva da morte pelos poderes de um talismã em forma de sapo. Pretendendo dominar os segredos da floresta, o bandido Pierre Caimão tenta roubar o objeto, mas é atingido por uma maldição que o transformará em jacaré. Sua única saída é recuperar o talismã que agora está nas mãos do Tio Maneco, na colônia de férias Coração da Mata. É lá que as crianças: Bena, Manu, Lulu e Macarrão, além de Escarlete, uma muambeira que para fugir da polícia se disfarça de monitora de acampamento, caem de pára-quedas, depois da fuga de Maneco provocada pela invasão dos bandidos. Com a floresta e suas vidas em perigo, as crianças, Escarlete e o Tio Maneco vão fazer de tudo para impedir Pierre de se apoderar do talismã.
Notas da Crítica:
Raphaela Ximenes, Almanaque Virtual: 1/5
A DESCONHECIDA
(La Sconosciuta, Itália/França, 2006)
Direção: Giuseppe Tornatore
Elenco: Kseniya Rappoport, Michele Placido, Claudia Gerini, Pierfrancesco Favino, Piera Degli Esposti, Clara Dossena, Alessandro Haber, Angela Molina, Margherita Buy
Sinopse: O filme acompanha Irene – a “desconhecida” do título – enquanto esta se esforça para ser contratada como babá pelo casal Adacher, cuja pequena filha Tea sofre de uma rara doença que inibe seus reflexos defensivos durante uma queda ou ao queimar-se, por exemplo. Disposta até mesmo a matar a antiga babá da família para roubar-lhe o emprego, Irene é um mistério: de onde vem sua obsessão pelos Adacher e o que isto tudo tem a ver com os rápidos flashes de sadomasoquismo que cruzam a narrativa?
Notas da Crítica:
Marcelo Hessel, Omelete: 3/5
Sérgio Rizzo, Folha Ilustrada: 2/4
Erico Fuks, SET: 4,5/10
Neusa Barbosa, Cineweb: 2/5
André Tag, Almanaque Virtual: 1/5
SOMBRAS DE GOYA
(Goya's Ghosts, Espanha, 2006)
Direção: Milos Forman
Elenco: Natalie Portman, Javier Bardem, Stellan Skarsgård, Randy Quaid, Balbino Acosta, Wael Al Moubayed, Simón Andreu
Sinopse: Nos primeiros anos do século XIX, em meio ao radicalismo da Inquisição e à iminente invasão da Espanha pelas tropas de Napoleão, o gênio artístico do pintor espanhol Francisco Goya é reconhecido na corte do Rei Carlos IV. Inés, a jovem modelo e musa do pintor, é presa sob a falsa acusação de heresia. Nem as intervenções do influente Frei Lorenzo, também retratado por Goya, conseguem evitar que ela seja brutalmente torturada nos porões da Igreja. Estes personagens e os horrores da guerra, com os seus fantasmas, alimentam a pintura de Goya, testemunha atormentada de uma época turbulenta.
Notas da Crítica:
Alfredo Sternhein, SET: 9/10
A. Pascoalinho, Premiere: 4/5
Neusa Barbosa, Cineweb: 4/5
Demetrius Caesar, Cineplayers: 7,5/10
Erico Borgo, Omelete: 3/5
João Lopes, Premiere: 3/5
Guilherme Erthal, Almanaque Virtual: 3/5
Miguel Somsen, Premiere: 3/5
Ricardo L. Moura, Premiere: 3/5
Sergio Rizzo, Folha Ilustrada: 2/4
Luis Salvado, Premiere: 2/5
Ma. Carmo Piçara, Premiere: 2/5
Régis Trigo, Cineplayers: 4/10
Rui Brazuna, Premiere: 2/5
Vitor Moura, Premiere: 2/5
Rui Pedro Tendinha, Premiere: 1/5
ÍNDICE NC: 5,59/16
AO LADO DA PIANISTA
(La Tourneuse de pages, França, 2006)
Drama - 85 min.
Direção: Denis Dercourt
Elenco: Catherine Frot, Déborah François, Pascal Greggory, Xavier De Guillebon.
Sinopse: Mélanie tem dez anos de idade e parece ter o dom para ser pianista. No entanto, traumatizada após um péssimo desempenho no seu exame para o conservatório, ao ser distraída pela presidente do júri, ela desiste da carreira musical. Dez anos depois, estagiando num escritório de advocacia, ela conhece a família da mulher que mudou sua vida e logo se torna ajudante dela nas suas apresentações de piano. Exibido na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2006.
Notas da Crítica:
Marcelo Hessel, Omelete: 3/5
Neusa Barbosa, Cineweb: 3/5
Paulo Santos Lima, Folha Ilustrada: 2/4
4 comments:
FERNANDA TEIXEIRA, do site Almanaque Virtual:
"É comum que fãs de um determinado livro ou autor fiquem irritados com transposições destes para o cinema. É normal que se diga que a obra original era melhor e que foi destruída pelo filme. No entanto, cinema e literatura são artes completamente diferentes e portanto não deve-se esperar que os filmes sejam iguais aos livros. A grande maioria que tenta fazer uma transcrição exata para a tela, fracassa. Raros são os que conseguem utilizar com sucesso uma linguagem absolutamente literária no cinema. Um exemplo de um dos grandes casos de sucesso desse tipo é "Lavoura Arcaica" (2001) de Luiz Fernando Carvalho. No geral, fazem-se realmente adaptações da história, de modo a transpor o livro para uma linguagem mais cinematográfica. Nesses casos, o mais importante acaba sendo, mais do que se prender a detalhes, manter a essência da obra e reconstruir o universo de seu autor.
Gabriel Garcia Márquez é um desses escritores particularmente difíceis de adaptar para cinema, por ter construído com sua obra um universo tão fantástico que seria dificilmente reproduzido em imagens concretas. Isso talvez justifique por que até hoje, apesar da qualidade e importância de sua obra, pouca coisa foi transformada em filme. O Amor nos Tempos do Cólera (Love in the Time of Cholera, 2007), um de seus principais romances, é especialmente um desafio por se tratar de uma história complexa, com muitos personagens e que decorre durante um longo período de anos. O diretor Mike Newell resolveu assumir o risco e aceitar o desafio. O resultado é um filme ruim e com muitos problemas. Não é a toa que o longa, apesar da importância da obra e do elenco de famosos, não emplacou nenhum grande festival internacional e está fazendo sua estréia mundial aqui no Rio.
Em 2006, Ruy Guerra nos apresentou "Veneno da Madrugada", também baseado num romance de Garcia Márquez. Apesar de se tratar de um livro menos complexo, Guerra não se preocupa com a transcrição exata, alterando bastante a estrutura narrativa e modificando ou omitindo alguns personagens. No entanto, o cineasta consegue reproduzir de modo bem sucedido o clima geral da obra literária. Suas imagens sem mantém fieis ao universo do autor. É justamente neste ponto que a versão para o cinema de O Amor nos Tempos do Cólera comete seus maiores erros. Devido a própria natureza do livro, Newell não consegue seguir a risca a história original, diminuindo bastante a participação de alguns personagens e modificando um pouco a estrutura original. Mas o pior não é isso. O diretor descarta totalmente o realismo fantástico, maior marca da obra de Márquez, e transforma o filme numa novela mexicana de péssima qualidade. O rico universo de personagens e situações criados pelo autor é banalizado num melodrama centrado em um romance meloso e clichê entre os dois personagens principais, Florentino Ariza e Fermina Daza. Mike Newell faz uma série de opções equivocadas e acaba por realizar um filme chato e piegas, que de modo algum faz juz à grandeza da obra e nem à força de seus personagens.
Apesar da história se passar em Cartagena na Colômbia, o diretor escolhe fazer o filme totalmente falado em inglês. Seja para tentar agradar o público americano que reza a lenda não gosta de legendas, ou simplesmente por limitações próprias com a língua espanhola. Fato é que o uso da língua inglesa na Colômbia tira por completo a seriedade e a credibilidade do filme, perdendo já grande parte desta realidade latina retratada por Márquez. Mesmo tendo feito esta péssima escolha, Newell consegue perceber que atores americanos não se encaixam no perfil dos personagens. A partir desta conclusão, ele faz uma escolha ainda pior: monta um elenco misto, com poucos atores naturais dos EUA e a grande maioria provinda de outros paises latino americanos, da Itália e Espanha. O resultado é o pior possível: um filme falado em inglês por um elenco que não domina a língua, fazendo com que os diálogos soem mal e que as atuações sejam prejudicadas. E ainda assim, o perfil dos personagens continua incorreto e poucos deles parecem realmente colombianos.
Em relação à língua inglesa, dos estrangeiros, quem se sai melhor é Javier Bardem como protagonista. No entanto, a qualidade de sua atuação não consegue ser garantida apenas com o bom inglês. Seu personagem, tão importante para a trama, parece bobo e infantil ao longo de toda a narrativa, sem se utilizar de sutilezas ou se quer conseguir marcar uma curva dramática. Fernanda Montenegro é a que está melhor escalada É uma das poucas cujo perfil e a caracterização parece corresponder ao personagem retratado no livro. Ela está excelente no seu papel e tem até uma participação razoável ao longo do filme como a mãe de Florentino. O par romântico de Ariza, Firmina Daza, é vivida pela atriz italiana Giovanna Mezzogiorno. Está é uma das que tem a atuação mais prejudicada pelo problema lingüístico. Sua personagem está absolutamente distante da força e da dureza que possui na obra original. Outro registro absolutamente equivocado é o da viúva Nazaret (Angie Cepeda), representada de modo histérico e patético.
A fotografia do brasileiro Antonio Beato e a direção de arte são realizadas de modo absolutamente correto. Porém esta excelência de técnica é o mínimo que se pode esperar de uma produção desta magnitude. Já a maquiagem deixa um pouco a desejar. A narrativa se passa ao longo de 50 anos, portanto os personagens são vividos pelos mesmos atores dos 20 aos 70 anos. Por mais cuidado que haja nesse trabalho de envelhecimento, o resultado acaba ficando falso, o que mais uma vez mina a credibilidade. Além disso, os atores não conseguem transmitir a carga dramática necessária à representar a trajetória desses personagens tão complexos.
O ritmo de O Amor nos Tempos do Cólera também é completamente equivocado. Seja pelo próprio ritmo dos movimentos de câmera e da montagem, seja pelas soluções encontradas no roteiro para demonstrar a passagens temporais. Na parte inicial do filme, os anos passam voando e fica muito difícil se localizar e entender a passagem de tempo. O que as vezes são intervalos de anos, pela construção do roteiro parecem dias ou semanas apenas. Já na segunda metade, o filme desacelera. De repente tudo que passava muito rápido, começa a acontecer devagar e o filme acaba se tornado monótono.
Outro problema grave é a trilha sonora. Mike Newell parece não acreditar na força de suas imagens ou mesmo da própria história. Praticamente todas as cenas tem acompanhamento musical numa tentativa desesperada de transmitir alguma emoção para o espectador. A enxurrada musical não consegue muito mais do que tornar algumas cenas ainda mais chatas. A trilha sonora é basicamente dividida em duas partes: a comovente e a alegre. Esta segunda é uma tentativa de emular ritmos latinos para dar um clima regional. Para completar o mal gosto, a música tema do filme é cantada por ninguém mais, ninguém menos que Shakira, totalmente deslocada no filme e lembrando o um pouco o efeito de Celine Dion em "Titanic".
Mike Newell não só destrói a história do livro, ele consegue fazer escolhas totalmente equivocadas não só em relação ao universo de Márquez, mas também em relação ao bom gosto cinematográfico. O Amor nos Tempos do Cólera é rebaixado ao status de romance piegas. Se o romance sempre foi considerado de difícil adaptação para o cinema, Newell era com certeza a pessoa errada para tentar faze-lo. Resta agora torcer para que não resolvam fazer o mesmo com "Cem Anos de Solidão".'
NEUSA BARBOSA, do site Cineweb:
"Depois do sucesso internacional de Central do Brasil, que lhe valeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim em 1998 e também uma indicação ao Oscar de melhor atriz no ano seguinte, Fernanda Montenegro vem sendo insistentemente cortejada pelo mercado internacional. A veterana atriz, enérgica e vivaz como sempre em seus 78 anos, resolveu aceitar o convite do inglês Mike Newell, fazendo de O Amor nos Tempos do Cólera sua estréia num filme internacional, falando inglês.
O convite foi atraente. Afinal, era certamente promissor estrelar uma adaptação de um dos mais famosos romances de Gabriel García Márquez, ao lado de um elenco encabeçado pelo ator espanhol Javier Bardem, sob a direção do versátil diretor de Quatro Casamentos e um Funeral (94) e Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005).
Feito o filme, o resultado não se mostrou à altura nem do livro, nem de Fernanda nem de Javier – os dois atores, aliás, são das melhores coisas dentro do filme, vivendo mãe e filho, Tránsito Ariza e Florentino Ariza, ele o protagonista desta incrível história de uma paixão que sobrevive a cinco décadas de desprezo e amargura. Os defeitos da adaptação podem ser creditados quase todos ao mesmo Newell, que não teve uma compreensão adequada do universo latino, fazendo escolhas quase sempre equivocadas de tom, que levam o filme às vezes para um lado mais folclórico do que o devido.
A obra de García Márquez é, certamente, de uma dificuldade de transposição quase insuperável para o cinema. Diretores mais refinados do que Newell já tropeçaram antes em suas histórias, caso, por exemplo, de Ruy Guerra em Erêndira (83) e A Fábula da Bela Palomera (88), embora tenha sido mais feliz em O Veneno da Madrugada (2004).
Ainda assim, ganharia o filme de Newell caso fosse falado no idioma espanhol – ser falado em inglês torna-o mais comercializável, mas introduz um toque artificial nos diálogos, especialmente diante de platéias latinas. Melhor sorte teria se evitasse alguns erros de casting nos papéis mais cruciais. O maior deles está na protagonista, a italiana Giovanna Mezzogiorno, bela e competente atriz, mas que se mostra fria demais na pele da indomável Fermina Daza. Talvez o equívoco fosse menos notado se ao seu lado não estivesse a colombiana Catalina Sandino Moreno (indicada ao Oscar por Maria Cheia de Graça), que rouba a cena como sua prima Hildebranda.
O mais grave é que o diretor inglês não soube encontrar o tom que traduzisse a ambivalência do mundo criado por García Márquez, que une o romântico ao ridículo, o sublime ao devasso, o torpe ao cômico com uma maestria que lhe valeu o Prêmio Nobel de Literatura. Encontrar o equivalente cinematográfico para o rico mundo do escritor colombiano mostrou-se tarefa além das forças do cineasta. Sem ser de todo ruim, o filme não tem a força que a história permitiria esperar.
Além de Fernanda, o filme conta com a participação de outros dois brasileiros – o diretor de fotografia Affonso Beato e o compositor Antonio Pinto, este último autor da melodia da canção Despedida, que tem letra de Shakira e concorre ao Globo de Ouro 2008."
RODRIGO ROSP, do site Cineplayers:
"O Amor nos Tempos do Cólera é uma película com uma quantidade erros tão grande que chega a ser tarefa difícil enumerá-los todos. Em primeiro lugar, é importante salientar que esta análise é feita apenas a partir do filme, ou seja, deixa de lado o livro de Gabriel García Márquez para se deter nos 139 minutos da (descuidada) produção cinematográfica. É impressionante a capacidade que se teve de conseguir passar emoção nula e, em vez disso, trazer à tela apenas uma quantidade de tipos rasos e insípidos.
Para falar dos erros grosseiros, há pelo menos dois que saltam aos olhos como se o filme fosse em 3D. O primeiro deles é o idioma. Claro que será sempre um dilema essa escolha em produções que se passem em países que não falam inglês. Afinal, há três opções: usar atores locais falando o próprio idioma (no caso, latinos falando espanhol), dispor dos mesmos atores falando inglês ou, ainda, escolher um elenco que fale inglês fluente. A primeira opção, sem dúvida, seria a mais indicada para esse filme, se fosse o objetivo manter o clima latino e contar uma história passional e desesperada – em vez de fria e caricata. A terceira opção, por sua vez, teria como vantagem, sendo falado em inglês, a universalidade e, tudo bem, seria possível conseguir um elenco de bons atores de origens latinas (ou com esse traço) que fosse fluente no idioma anglo-saxão.
No entanto, a escolha foi pela opção mais pavorosa das três, que faz o espectador se sentir numa sala de aula do Yázigi. Uma italiana, um espanhol, uma brasileira e muitos outros latinos falando um inglês tenebroso é algo que traz prejuízo sério à experiência de assistir ao filme – não só soa falso como, de fato, incomoda –, é abusar da paciência do público. Somado a isso, uma segunda escolha infeliz contribui para esse clima artificial que há no filme: a lógica da idade dos personagens é mandada para o espaço. Primeiro, um Javier Bardem ridiculamente velho para a idade que representa. Depois, um elenco que intercala pessoas que não envelhecem nada com algumas em que é aplicada uma maquiagem constrangedora para exibir alguns anos a mais. Sim, a maquiagem é de um grau de pobreza que chega a parecer que se trata de (mais uma) piada dos produtores.
Com essas duas fraquezas sérias, o filme já começa comprometido desde o início. Aí que vem mais um elemento a jogar junto das outras duas (e contra o público): a quantidade de cenas caricatas é (in)digna de novela de tevê. A primeira delas, quando o personagem morre ao tentar pegar, sabe-se lá por que motivo, um papagaio, já prepara para o pior que está por vir. Depois, são dezenas delas, com grande destaque negativo para a cena com a “viúva Nazaret”, com humor pobre e artificial como os piores momentos de uma novela das sete.
Aí surge outro ponto que só pode gerar incredulidade: em que estavam pensando ao tentar substituir um possível texto sério, com altas doses de drama e desespero, por uma história contada de maneira superficial e caricata, beirando o ridículo, com piadas constrangedoras e de uma pobreza inaceitável para uma produção que carrega tantos nomes de respeito? Por que motivo foi escolhido deixar de lado a carga dramática da imensa dor que o personagem Florentino carregava em troca de uma série de piadas ruins que o tornam superficial e afastam qualquer possibilidade de que o público se compadeça de sua agrura? Pois isso seria fundamental para o filme funcionar: que o espectador se visse tomado pela aflição do homem. No entanto, a quantidade de escolhas infelizes garante a impossibilidade de que isso aconteça e proporciona o certo naufrágio do que poderia ter sido (e acredita-se que fosse esse o objetivo) uma bela história de amor.
Para comprometer ainda mais, o roteiro tem problemas sérios. Há personagens que não se explicam, que somem da história, subtramas sem sentido e totalmente desnecessárias. A própria figura da mãe de Florentino, em interpretação bizarra de Fernanda Montenegro, jamais acrescenta algo, jamais consegue se justificar. O momento que poderia trazer alguma riqueza e tom dramático – sua morte – só serve para fazer uma piadinha no funeral. E nada mais.
Assim, toda a possibilidade de paixão é alijada. É desesperador ver uma personagem tão mal construída, tão vazia de sentido como a Fermina – que deveria ser responsável por mover a trama e não passa de um bibelô, pois jamais é explorada uma emoção sua sequer, um momento que mostre o que ela sentia, que a fizesse humana. Com isso, na cena em que ela despreza Florentino, tudo soa gratuito e sem motivo. Afinal, a essência da personagem foi sonegada. Assim, restam apenas marionetes, figuras caricatas e totalmente destituídas de humanidade. Exatamente como em uma novela de tevê. Em tempos de premiações e listas, O Amor nos Tempos do Cólera seria um perfeito candidato à Framboesa de Ouro."
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