por Ana Maria Bahiana, Blog UOL - Hollywoodianas
"Então, gostaram das indicações? Já estão preparando seus palpites?
Eu fiquei pensando primeiro no poder de Julia Roberts. Duas semanas atrás, na reta final para a entrega das cédulas, ela deu uma pequena recepção em sua casa de Los Angeles, apenas para alguns bem escolhidos colegas do departamento de atores da Academia. O tema: Javier Bardem, amigo e colega de tela em Comer, Rezar, Amar. Julia pediu claramente o voto para Bardem nas indicações, por Biutiful _ e conseguiu. Tarde demais para os prêmios da Screen Actors Guild mas Bardem, muito merecidamente, foi para os Oscars.
Jacki Weaver (Animal Kingdom) não teve uma madrinha dessas, mas foi uma delicia ve-la indicada para melhor coadjuvante, e Michelle Williams como melhor atriz na vaga que, eu antecipava e temia, poderia ter sido de Hillary Swank. Bom também ver L’Ilusioniste na vaga que seria de Meu Malvado Favorito (ironicamente, outro produto da animação francesa) e o carinho (10 indicações!) com Bravura Indômita e os irmãos Coen (não credito a esnobada nos Globos exclusivamente ao gosto duvidoso dos meus colegas – a Paramount praticamente escondeu o filme.)
A questão Inception-A Origem merece um pouco mais de vagar. Certo que ele tem 8 indicações, no mesmo pé de A Rede Social. Certo que uma das indicações é para meljhor filme. Mas… ele se dirigiu sozinho? E se montou sozinho também? Ai se revelam as idiossincrasias do sistema atual de escolha dos Oscars _ existem 10 vagas para melhor filme, onde todo mundo vota; e 5 vagas nas outras categorias, onde votam apenas os departamentos. Isso deixa, automaticamente, 5 filmes como cidadãos de segunda classe, lembrados por estarem entre os melhores do ano sem que seus diretores possam ser igualmente reconhecidos.
Já me perguntaram no Twitter o que o Nolan fez para desagradar os colegas do Departamento de Diretores. Não tenho a menor ideia – seus companheiros da Directors Guild lhe deram a indicação, e muitos deles também são da Academia. Como expliquei no meu balanço para UOL Cinema, só posso atribuir isso à notória preferencia da Academia, em geral, pelo drama realista de época, e sua aversão ao cinema da imaginação – fantasia, sci-fi , terror e companhia. A correlação, tão comum na visão que a industria tem de si mesma, é que esses são gêneros para vender ingresso e pipoca, não para ganhar prêmio.
Agora, é ver como se resolve a disputa entre o príncipe gago e o nerd anti-social, ou como duas diferentes tecnologias – o rádio e a internet- mudaram o modo como nos relacionamos uns com os outros. "
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