Sunday, February 18, 2007

Estréias de 16 de março de 2007

SCOOP - O GRANDE FURO
(Scoop, EUA/ Reino Unido, 2006)
Direção e Roteiro: Woody Allen
Elenco: Scarlett Johansson; Woody Allen; Ian McShane; Hugh Jackman
Sinopse: Uma estudante de jornalismo americana viaja até Londres para investigar uma série de assassinatos. Em sua busca, ela se apaixona por um inglês.
Scoop, em inglês, significa "furo de reportagem".
Notas da Crítica:
José V. Mendes, Premiere: 4/5
Vitor Moura, Premiere: 4/5
Amir Labaki, Guia da Folha: 3/4
Gabriel Carneiro, Os Intocáveis: 3/4
Inácio Araujo, Folha Ilustrada: 3/4
Pips, Última Sessão: 71/100

Paulo Roberto Selbach Jr., Baú de Filmes: 7/10
A. Pascoalinho, Premiere: 3/5
Alexandre C. dos Santos, Paisà: 3/5
Andy Malafaya, Cineplayers: 6/10

David Mariano, Premiere: 3/5
Érico Fuks, Cinequanon: 3/5
Fabio Yamaji, Cinequanon: 3/5
JBeto, Cine do Beto: 3/5

João Lopes, Premiere: 3/5
Marcelo Hessel, Omelete: 3/5
Maria Carmo Piçara, Premiere: 3/5
Miguel Barbieri Jr., VEJA SP: 3/5
Neusa Barbosa, Cineweb: 3/5
Remio Ximenes, Cinenet: 3/5
Rodrigo Carreiro, Cine Reporter: 3/5

Rui Pedro Tendinha, Premiere: 3/5
Sérgio Alpendre, Paisà: 3/5

Tiago Pimentel, Premiere: 3/5
Gilberto Silva Jr., Contracampo: 2/4
Pedro Butcher, Guia da Folha: 2/4
Sérgio Rizzo, Guia da Folha: 2/4
Régis Trigo, Cineplayers: 5/10
Cid Nader, Cinequanon: 2/5

Francisco Ferreira, Premiere: 2/5
Francisco Guarnieri, Paisà: 2/5
Gilberto Silva Jr., Paisà: 2/5

João M. Tavares, Premiere: 2/5
Leonardo Mecchi, Cinequanon: 2/5

Rui Brazuna, Premiere: 2/5
Demetrius Cesar, Cineplayers: 3/10
Christian Petermann, Guia da Folha: 1/4
Suzana Amraral, Guia da Folha: 1/4

Leonardo Luiz Ferreira, Paisà: 1/5Miguel Somsem, Premiere: 1/5
Pablo Villaça, Cinema em Cena: 1/5
Ruy Gardnier, Contracampo: 0/4

ÍNDICE NC: 5,22 (42)
O BOM PASTOR
(The Good Shepherd, EUA, 2006)
Direção: Robert De Niro
Elenco: Matt Damon (Edward Wilson); Robert De Niro (General Bill Sullivan); Angelina Jolie (Clover Wilson); Joe Pesci (Palmi); William Hurt; Alec Baldwin; Michael Gambon; Billy Crudup; John Turturro; Gabriel Macht; Tammy Blanchard; Oleg Stefan; Timothy Hutton; Keir Dullea; Eddie Redmayne; Lee Pace
Sinopse: Os 40 anos da história da CIA (Agência Central de Informações) são narrados a partir do ponto de vista de Edward Bell Wilson, um espião da Agência.
Após uma infância marcada por uma tragédia, Edward tornou-se um interessado e otimista estudante de Yale e foi recrutado em 1939 para se juntar a sociedade secreta "Skull and Bones", uma irmandade e uma base sólida para a geração de futuros líderes do mundo. A aguçada mente de Wilson, uma reputação impecável e uma sincera crença nos valores americanos o rende uma candidatura importante na inteligência, e ele logo é recrutado para trabalhar no Escritório de Serviços Estratégicos (OSS, que é o antecessor da CIA) durante a Segunda Guerra Mundial.
Enquanto trabalha como um dos fundadores secretos da CIA, no coração de uma organização onde a duplicidade é necessária e nada é o que parece ser, o idealismo de Edward vai diminuindo de força por uma natureza crescente de sempre estar suspeitando de algo ou alguém, reflexo de um mundo que vai se apaziguando na longa paranóia da Guerra Fria. Seus métodos de procedimento são tomados como padrão, e Wilson se torna um dos funcionários na ativa mais antigos, enquanto vai combatendo a KGB. Contudo, sua dedicação extrema ao seu país chega a um preço inestimável. Nem mesmo sua amada esposa Clover Wilson e seu adorado filho podem distraí-lo de sacrficar tudo o que tem para perseguir o seu trabalho na CIA.
Bastidores: -Selecionado para a Mostra Competitiva do Festival de Berlim de 2007, que ocorre entre os dias 8 e 18 de fevereiro.
-Indicado ao Oscar 2007 de MELHOR DIREÇÃO DE ARTE.



Site Oficial: http://www.thegoodshepherdmovie.com/




MARIA ANTONIETA
(Marie-Antoinette, EUA, 2006)
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Kirsten Dunst (Marie-Antoinette), Jason Schwartzman (Louis XVI), Rip Torn (Rei Louis XV), Judy Davis (Condessa de Noailles), Asia Argento (Madame du Barry), Marianne Faithfull (Maria Theresa), Aurore Clément (Duquesa de Chartres), Guillaume Gallienne (Conde Vergennes), Clementine Poidatz ( Comtesse de Provence), Molly Shannon (Anne Victoire), Steve Coogan (Conde Mercy d'Argenteau), Jamie Dornan (Axel von Fersen), Shirley Henderson (Tia Sophie), Jean-Christophe Bouvet (Duque de Choiseul), Filippo Bozotti (Dimitri).
Sinopse: 1768. A princesa austríaca Maria Antonieta é enviada com 14 anos à França para se casar com o príncipe Luis Auguste (futuro Luís XVI), como parte de um acordo entre os países. Na corte de Versalles ela é envolvida em protocolos rígidos e ferrenhas disputas familiares.
A expectativa em torno do nascimento do filho do casal Maria Antonieta- Luis Auguste, que "consumaria" a aliança, torna-se assunto de fofocas pelos corredores do Palácio e também das cartas com conselhos que Maria recebe de sua mãe, a Imperatriz da Áustria. Luis Auguste é imaturo, passa a maior parte de seu tempo nas caçadas, e têm interesse por chaves, cadeados e fechaduras.
Praticamente exilada, a impetuosa Maria Antonieta decide criar um universo à parte dentro daquela corte, no qual pode se divertir e aproveitar sua juventude, afastando-se voluntariamente do contato com os graves problemas econômicos do país e do agitado clima político da França pré-revolucionária que a entediavam, terminando por ocultar-se tanto do marido quanto do público, atrás de uma muralha de cortesãos num mundo de opulenta fantasia e luxo nos sapatos, vestidos, leques, doces e cabelos.
Durante o processo revolucionário, iniciado com a Queda da Bastilha em 14/07/1789, grande parte da nobreza deixou a França, porém a família real foi capturada enquanto tentava fugir do país. Presos, os integrantes da monarquia, entre eles o rei Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta foram guilhotinados em 1793.
Bastidores:-Selecionado para a Mostra Competitiva do Festival de Cannes 2006
-Vencedor do Oscar 2007 de MELHOR FIGURINO.
LINK PARA OS MELHORES FILMES DE 2007

8 comments:

airtonshinto said...

MARCELO HESSEL, do site Omelete:
"Em seu segundo filme como diretor - Desafio no Bronx (1993) foi o primeiro - Robert De Niro pode se orgulhar: mal se percebem passar as 2 horas e 47 minutos de O bom pastor (The good shepherd, 2006).
O roteiro não-linear de Eric Roth (Forrest Gump), que acompanha quase quatro décadas da vida de Edward Wilson (Matt Damon), contribui. Os vaivéns na linha do tempo seguram o suspense, baseado na história real de James Jesus Angleton, um dos primeiro chefes da agência estadunidense de espionagem, a CIA.
São dois os momentos-chave. Primeiro, na juventude de Wilson, estudante da universidade de Yale recrutado pelo governo para ser um dos primeiros agentes da então OSS, fazendo a contra-inteligência entre britânicos e alemães no período da Segunda Guerra Mundial. Depois, com a CIA formada, tendo que encarar o seu primeiro revés na fracassada manobra na Baía dos Porcos, na crise cubana de 1961.
Filho de militar respeitado no governo, Wilson fazia parte da elite protestante de Yale, fadada, por herança genética, a seguir os passos patrióticos dos seus antecessores. Já nas reuniões da fraternidade, ele aprende a exaltar valores de hombridade. Um desses valores, porém, a dignidade, lhe custa a vida de solteiro: no primeiro encontro Wilson engravida a irmã de um amigo, Clover (Angelina Jolie), e se vê obrigado a casar com ela.
Mal dá tempo de se conhecerem - é durante a guerra, no meio das informações cruzadas de Londres, que Wilson aprende a distinguir verdades de mentiras, companheiros de traidores. De volta para casa, a sua bagagem é colocada à prova no governo Kennedy: os comunistas descobriram de antemão que os EUA invadiriam o litoral cubano. Wilson precisa descobrir quem delatou a operação, e é esse mistério que norteia o filme.
O Bom Pastor não deixa de ser um título de conotação óbvia. Há um rebanho e um ideal a serem zelados, a sociedade estadunidense e o american way of life. Em nome da liberdade e da democracia, palavras repetidas constantemente nas quase três horas, a CIA atropela privacidades. De Niro adota posição crítica em relação ao exercício da espionagem mas não o condena. Wilson, como retratado, é uma espécie de mártir sobrevivente: abriu mão da vida pessoal, da proximidade com o filho, de ter um amor de verdade, para tocar adiante a sua missão.
O problema mais grave do filme - que, de modo geral, consegue suspender o mistério até o fim - é mastigar esses conflitos de ordem psicológica sem deixar que o público os digira por conta própria. Há um par de coadjuvantes inseridos no roteiro apenas para verbalizar as questões que o espectador estaria fazendo a si mesmo: "Wilson, é isso que você deseja para a sua vida?", escuta o personagem de Damon mais de uma vez.
Dá para ver que De Niro admira a trajetória da formação da CIA. Ao apontar os percalços na construção da agência, ele engrandece os homens que resistiram a esses percalços. É um caminho para chegar à mitificação. Só não precisava tratar a audiência como se o pastor fosse ele e o rebanho fôssemos nós."

airtonshinto said...

DANIEL OLIVEIRA, do site Pílula Pop:
"O teatro social
Elizabeth II não teve escolha: ela nasceu rainha e aquele é o teatro que ela interpretará pelo resto da vida. Já Edward Wilson (Damon) optou – com a ajuda de uma gravidez indesejada, é verdade – por abolir sua vida pessoal para jogar war de gente grande. Inspirado no fundador da CIA James Jesus Angelton, o protagonista é a incorporação do serviço de Inteligência - seus sentimentos servem somente para interpretar informações úteis ao trabalho.
O trabalho de Wilson, iniciado na 2ª Guerra e intensificado na Guerra Fria, é a vida que ele nunca assumiu em casa – na volta, após anos na Europa, não saber qual dos garotos brincando na rua é seu filho basta para mostrar isso. O trunfo de “O bom pastor” é fazer da ascensão da trama política um contraponto proporcional ao naufrágio pessoal do personagem e sua família de fachada com Margaret (Jolie) – uma mulher exuberante no início, que é castrada pelo próprio amor.

O teatro político
Wilson mergulha no mundo da contra-inteligência, em que os objetos ficam na luz enquanto os sujeitos vivem permanentemente na sombra. O mesmo contraste que corta o rosto do personagem, que perde amigos – e ganha colegas, em que ele aprende nunca confiar. É um caminho longo e escuro retratado pela bela fotografia de Robert Richardson (O Aviador, Kill Bill) na cena em que Wilson descobre as conseqüências de não levar seu trabalho a sério.
Damon é perfeito como um homem racional e auto-centrado - cujo silêncio é ensurdecedor, nas palavras de seu arqui-inimigo. O Mãe (como Wilson é conhecido pelos adversários) entende logo que deve interpretar as emoções dos outros e filtrar as suas – até o óculos grande parece um escudo para o personagem.

O teatro cinematográfico
É bom ser Robert De Niro e ter amigos para formar um elenco tão estrelado – e tão adequado em seus papéis. E só ele para dirigi-los com mão firme e fazendo os longos diálogos fluírem tão bem. O touro indomável ainda monta seu filme com preciosismo, amarrando flashbacks e presente de um jeito que muita gente tenta, mas não consegue – a transição do som do avião na gravação para os aviões bombardeando Londres é uma pérola que faz brilhar os olhos.
“O bom pastor” tem falhas: sofre do “mal dos vários finais” e a metragem podia ser menor. O personagem de Alec Baldwin, por exemplo, poderia ser facilmente eliminado. Mas depois de duas horas, quando o longa é fechado com o escritório novo da CIA, todo branco, em que não existe mais a definição de luz e sombra – de bem e mal – você abaixa a cabeça. Em reconhecimento a alguém que sabe o que está fazendo."

airtonshinto said...

MARCELO JANOT, do site criticos.com.br:
"Depois da estréia como diretor, em 1993, com Desafio no Bronx, Robert De Niro gastou muitos anos trabalhando neste ambicioso projeto, só que tanto esforço acabou prejudicado pelo mau roteiro de Eric Roth. Deveria saber que Roth é um roteirista bastante irregular, capaz de alternar bons trabalhos como Forrest Gump (que lhe valeu um Oscar), O Informante e Munique com bombas como O Mensageiro (de Kevin Costner) e O Encantador de Cavalos (de Robert Redford), dois dos piores filmes de todos os tempos. Vai ver que o problema dele é com atores que se aventuram pela direção.
Em O Bom Pastor, ao enfocar os bastidores da implantação da CIA após a Segunda Guerra, Roth tenta apresentar algo novo sobre o fascinante universo da espionagem e da política americana, mas peca pelo excesso. Excesso de desnecessárias idas e vindas no tempo, de reviravoltas, de clichês, numa trama rocambolesca um tanto fantasiosa que tem um quê de Código da Vinci. Pecado mortal para um roteirista, o filme é previsível. Várias das pretensas “surpresas” são facilmente antecipadas pelo espectador mais atento.
Robert De Niro até que não faz feio como diretor. Auxiliado pelo ótimo diretor de fotografia Robert Richardson, um dos preferidos de Martin Scorsese e Oliver Stone, e sobretudo pelo bom desempenho de Matt Damon, que acerta o tom vivendo o impassível agente que mata sem disparar um único tiro, De Niro mantém o pique, segurando o espectador por quase três horas. Melhor seria se ele pudesse aproveitar melhor a presença de Angelina Jolie (totalmente deslocada em papel sem glamour) e do genial Joe Pesci. Para quem esperava há oito anos o retorno de Joe Pesci às telas, é uma baita decepção vê-lo em cena numa ponta pequena e insignificante.
Quem quiser saber mais sobre os primeiros anos da CIA terá mesmo de esperar uma outra oportunidade, porque O Bom Pastor não passa de mais um entre tantos filmes já feitos sobre a dura missão dos espiões que optam por sacrificar suas vidas pessoais para guardar segredos de Estado."

airtonshinto said...

LUIZ FERNANDO GALLEGO, do site Criticos.com.br:
"O ELOGIO DA TRAIÇÃO
Irônico (e quase blasfemo para crentes), o título O Bom Pastor remete à parábola auto-referente de Jesus, segundo a qual, para procurar uma ovelha perdida, ele deixaria as outras que já estão no rebanho - e regozija-se com a ovelha que for resgatada para o aprisco da salvação.
É assim que o personagem Edward Wilson, vivido por Matt Damon no filme dirigido por Robert De Niro, funciona: com a absoluta certeza (paranóica, no caso) de quem sabe - sem a menor dúvida - onde está o certo e onde está o errado, o que é a verdade, o que é melhor e o que deve ser feito para proteger seu “aprisco” - os EUA - dos “visitantes” negros, judeus, italianos, irlandeses – como ele os chama em uma das poucas cenas em que fala algo mais “pessoal”. O silêncio e economia de palavras é sua marca registrada. Mas a instrumentação de suas ações vai ficando clara à medida que ele vai “perdendo sua alma”, como no presságio de um antigo professor.
A trama percorre vinte e dois anos, desde uma certa “pré-história” da CIA, até 1961, data e evento escolhidos como núcleo do enredo: a frustrada invasão da Baía dos Porcos em Cuba. É sempre a partir deste momento - colocado como ação “atual” – que o filme vai diversas vezes ao passado mais anterior: seja a 1939, quando a questão era o nazismo ainda ascendente; seja a 1945, no início da guerra fria; seja aos anos 1950, com ações intervencionistas já nem tão disfarçadas em outros países - mas sempre retornando ao que é o momento “presente” do enredo nas ações contra Cuba pós-Fidel Castro, os antecedentes, as conseqüências e – talvez – motivos da fracassada invasão. Tudo isto, com o foco mais voltado para as vidas dos personagens centrais do que para questões políticas propriamente.
A opção do roteiro de Eric North (de Munique) aponta mais para uma história moral do que para um filme de ação ou mesmo de reconstituição histórica – ainda que alguns muitos personagens possam ser remetidos a pessoas reais que foram da CIA, ou de outras organizações de espionagem e contra-espionagem, traidores e traídos. Não chega a ser uma aproximação nova em filmes do gênero, pelo menos desde que os romances de John le Carré passaram às telas.
A ambição do diretor De Niro e do roteirista parece ter sido ainda maior, enfrentando um amplo painel com muitos personagens em uma bem longa metragem: aproximar-se da saga de Francis Ford Coppola (não por acaso um dos produtores-executivos deste filme) no ciclo O Poderoso Chefão; ou mesmo do épico Era uma vez na América, de Sergio Leone - projetos dos quais De Niro participou como ator em sua melhor fase. Com a ressalva que O Bom Pastor não é tão bem sucedido quanto seus modelos mais ou menos explícitos. Da série The Godfather chega a fazer citações em tomadas de cena, como quando os personagens de Damon e De Niro estão conversando numa sala e a esposa do primeiro – Angelia Jolie – olha, de soslaio, de outro cômodo. Quase como Diane Keaton na cena final do primeiro Chefão. Fala-se em crença na instituição família e em amor pela América, enquanto Matt Damon assume a expresão figée de Pacino no final do Chefão-II.
A poker face de Damon já serviu bem ao seu papel anterior (Os Infiltrados) e chega ao paroxismo na quase “não-interpretação” de um homem que quase nunca sorri – e quando o faz, parece desconcertado. Andando pelas ruas, sempre de sobretudo e chapéu, chega a lembrar os homens repetidos com vestimenta parecida dos quadros de Magritte – ocultando mais do que revelando, mas escondidos atrás de - ou se misturando a - elementos insólitos, dentro do espírito surrealista. Só que aqui, tais questões metafísicas não são objeto de consideração: Edward Wilson aparece como uma tipificação do “homem comum” norte-americano branco, anglo-saxão, com o “diferencial” de pertencer a uma suposta elite que se cria a partir de sociedades secretas - de onde teriam saído inúmeros presidentes, republicanos ou democratas.
O nome da irmandade no filme é “Caveira e Ossos”, com o mesmo símbolo das bandeiras piratas. No ritual de iniciação são instados a confessarem segredos íntimos totalmente despidos - depois de lutarem da mesma forma em um ringue de lama onde outros, de cima, urinam. Em jantares anuais fazem números amadores em palco de hotéis semi-travestidos. Wilson é convidado a fazer parte desta irmandade quando está fazendo um papel feminino numa encenação universitária. Machismo, misoginia, relação com a virilidade e com a sexualidade em geral um tanto complicada...
As relações de Wilson com as mulheres sofrem inibições: ele se envolve afetuosamente (ao que parece) com uma moça totalmente deficiente auditiva, mas se afasta dela depois que engravida uma moça “de família” e pertencente a uma família com colegas da tal irmandade. E esta, praticamente o havia estuprado (daí o papel ter ido para Angelina Jolie?). A possível associação com a lembrança da namorada surda o levará a outro envolvimento do qual retira a “lição” (repetida várias vezes durante o filme) de que não se deve confiar em ninguém e nem mesmo – e principalmente – nos sentimentos: só atrapalham. Afinal, desde criança, o personagem já havia se mostrado capaz de ocultar um tanto friamente, ainda que por impulso, a carta de deixada por um suicida!
Apesar do excesso de digressões e de situações encadeadas através de elipses que num primeiro momento nem sempre deixam claro para o espectador o que está se passando, o interesse se mantém ao longo dos 167 minutos de projeção. Em parte pela curiosidade das tramas de traições, mas também pelos desempenhos dos inúmeros atores competentes do elenco – ainda que em aparições mais ou menos breves. Por exemplo, com mais oportunidades, Michael Gambon está excelente enquanto John Turturro e Oleg Stefan servem aos seus papéis de modo irrepreensível. Mas infelizmente, apenas em cenas isoladas encontramos o sumido Joe Pesci – quase que reconhecido apenas pela voz - e Timothy Hutton. Os outros todos, incluindo De Niro, se mostram em boa forma - como costuma acontecer em filmes dirigidos por atores.
Também contribui bastante o cuidado de De Niro na mise-em-scène: tomadas de Matt Damon emoldurado e algo “reduzido” por prédios e paredes, andando quase curvado, como se fosse um “Senhor Qualquer Um”, ajudam a criar o clima do filme, para o qual também colaboram a direção de arte, cenários, figurinos e mais ainda, a fotografia sombria de Robert Richardson assim como a trilha sonora (como está virando moda, “philipglassiana”) de Bruce Fowler (Colateral) e do brasileiro Marcelo Zarvos (Hollywoodland - Bastidores da Fama). O recusrso musical de células sonoras repetidas insistentemente mostra-se, desta vez, adequado ao estilo da narrativa e da história narrada.
Se não decola em todas as direções envolvidas (os aspectos históricos e mesmo políticos acabam menos interessantes), O Bom Pastor pode ser apreciado como uma fábula niilista e de desencanto sobre os seres que perderam suas almas em prol de uma defesa amoral de uma ideologia que acaba perpetrando o elogio da traição, negando exatamente os supostos valores morais, éticos e religiosos que pretende estar defendendo. Se não tem a dimensão do absurdo beckettiano, não deixa de demonstrar, mais uma vez, as armadilhas para os que se pretendem donos da verdade, moral e bons costumes, sem sombra nem espaço para dúvidas éticas ou questões teóricas sobre princípios quando demandam escolhas no arriscado e incerto terreno da ação prática."

airtonshinto said...

EMILIO FRANCO JR., do site Cineplayers:
"Catorze anos depois do lançamento de seu primeiro filme como diretor, Desafio no Bronx, Robert De Niro comprova ser, além de ótimo ator, um grande diretor. Em O Bom Pastor ele conta com a ajuda do bom roteiro escrito por Eric Roth, responsável pelos roteiros de Munique e Forrest Gump.
O longa conta a criação da CIA, a agência de inteligência norte-americana. Edward Wilson (Matt Damon) estuda na Universidade de Yale e, devido a seus valores, passa a integrar a sociedade secreta Skull and Bones. Edward destaca-se pela sua sabedoria e é convidado a trabalhar para a recém criada agência de inteligência dos Estados Unidos, no departamento de contra-inteligência. Logo no início, Edward recebe uma correspondência com uma foto e uma fita de áudio, em que um rapaz e uma moça conversam em um quarto. O material é enviado para perícia técnica. Enquanto esperamos para descobrir o que está por trás das gravações, o filme nos apresenta a vida de Edward desde sua juventude e os conflitos das inteligências secretas russa e americana durante a Guerra Fria.
O Bom Pastor é um filme longo, aproximadamente duas horas e quarenta minutos de duração. Entretanto, o roteiro bem amarrado e a direção de De Niro não deixam a longa duração atrapalhar o filme, e o espectador não fica com a impressão de que a produção está demorando a passar. O longa é cheio de flashbacks, que vão intercalando passado e presente da vida de Edward. A edição realizada por Tariq Anwar é perfeita, não deixando o espectador perdido com as idas e vindas no tempo. Por ter uma história cheia de mistérios, O Bom Pastor requer de seu espectador atenção máxima para não se perder em meio aos ótimos – e sempre presentes – diálogos.
O excelente roteiro de Eric Roth é imprevisível. Ele não antecipa pistas a seu espectador, conseguindo segurar a audiência até o final da projeção, com uma história realmente interessante. Um trabalho que poderia ter sido mais reconhecido pelos prêmios. Só a direção de arte, de Robert Guerra, foi lembrada com uma indicação ao Oscar. Porém, O Bom Pastor é impecável em outros aspectos como, por exemplo, fotografia e trilha sonora a qual ajuda muito no clima de suspense do filme.
O trabalho de Robert De Niro, principalmente com os atores, é elogiável. São grandes atuações de personagens marcantes, e Matt Damon, com perfeição, dá vida a um Edward melancólico e triste. É difícil ver Damon sorrir no filme, suas feições são sempre fechadas, expondo com perfeição a introspecção e a personalidade de Edward. Um homem capaz de abrir mão de sua felicidade e de uma vida comum ao lado de esposa e filho, para ser um profissional exemplar, que está disposto, acima de tudo, a servir seu país.
A crítica à sociedade norte-americana está presente. De Niro deixa clara sua reprovação à maneira como os Estados Unidos mantêm sua supremacia, por meio da chamada “política do medo”. Para justificar seus atos, como o recente episódio de escutas telefônicas ilegais por parte do governo, os Estados Unidos justificam que tudo está sendo feito para a segurança de seus cidadãos.
O Bom Pastor tem um grande problema: não consegue envelhecer seus personagens.
Matt Damon, por exemplo, tem o mesmo rosto aos dezoito anos e após os cinqüenta. Parece que nada mudou, nem mesmo seu cabelo, no transcorrer de tanto anos. E o problema se repete com outros personagens. Angelina Jolie, intérprete da esposa de Edward, tem sempre a mesma cara de menina.
Durante a projeção, não há tempo para o espectador digerir o que está vendo, não há chance de reflexão. Do começo ao fim, o filme é um bombardeio de diálogos e acontecimentos. O momento para pensar no que se vê na tela, e até para compreender melhor a história, é após o término do longa. Ou seja, O Bom Pastor não termina na sala de cinema. Rever o filme, provavelmente, deve ser uma experiência tão interessante quanto vê-lo pela primeira vez."

airtonshinto said...

RODRIGO CARREIRO, do site Cine Reporter :
" A segunda incursão de um dos maiores atores do século XX na cadeira de diretor é um filme tão ambicioso, e tão diferente do primeiro trabalho que assinou atrás das câmeras, que precisa ser avaliada com calma. Em 1993, Robert De Niro estreou como diretor em “Desafio ao Bronx”, um pequeno e despojado estudo de personagem sobre um garoto cooptado pela Máfia. Parecia um subproduto da mente de Martin Scorsese, o diretor ítalo-americano com quem De Niro mais filmou. Treze anos depois, “O Bom Pastor” (The Good Shepherd, EUA, 2006) confirma a influência de Scorsese na direção de De Niro, mas com upgrade em escala e ambição. O filme é um bom melodrama épico, de proporções suntuosas, e só derrapa um pouco em função disso.
“O Bom Pastor” observa o nascimento da CIA, a maior agência de espionagem do planeta, através dos olhos de um personagem de médio escalão. Edward Wilson (Matt Damon) não é um personagem fictício, tendo sido baseado no homem que criou o esquema de contra-operações secretas da instituição, um camarada chamado James Angelton, desconhecido fora dos círculos de espiões. A jornada deste homem é uma variação do mito de Fausto: alguém que abriu mão da vida pessoal (amor, casamento) em prol de um objetivo maior e mais abstrato (a segurança dos Estados Unidos). É o embate entre o homem e a instituição. Transformando-se paulatinamente em algo que não deseja ser, Wilson acaba se tornando uma espécie de Michael Corleone da CIA.
A influência da trilogia “O Poderoso Chefão” é evidente, na construção da jornada do personagem, mas a atmosfera vem do cinema de Scorsese. A cadência firme, que alterna longas seqüências de escala íntima e cortes abruptos que impulsionam a ação para outro momento cronológico (ao futuro ou ao passado), assim como as explosões pontuais de violência crua, remetem aos longas-metragens de Scorsese. Em certo momento, alguns espiões da CIA se reúnem à noite numa rua deserta de Londres para eliminar um alvo que se tornou indesejável, em uma cena que poderia tranqüilamente ser incluída em “Os Bons Companheiros” (1990). A despeito disso, De Niro dirige de modo clássico, invisível, trabalhando nas transições das cenas de modo suave, de forma que a platéia não perceba a mão do diretor.
A fotografia elegante de Robert Richardson fornece a atmosfera de conspiração e paranóia. Há grande quantidade de cenas noturnas, boa parte delas em ambientes interiores, e Richardson – um craque da luz, que fez “Kill Bill” e ganhou Oscar por “O Aviador” – sempre ilumina os ambientes de forma a deixar os cantos escuros, perigosos. Nos momentos mais tensos, os personagens têm os rostos cobertos pelas sombras. O fotógrafo tem o trabalho valorizado pela direção de arte correta, que abusa de elementos típicos dos filmes de espionagem (sobretudos, óculos escuros e chapéus que escondem as identidades das pessoas) para enfatizar o clima sombrio, de paranóia e perseguição constante.
Se a parte técnica é impecável, o que acaba pesando um pouco contra o filme é o excesso de ambição. Projeto acalentado por Robert De Niro durante longos dez anos, “O Bom Pastor” procura dar conta de uma escala íntima (a jornada faustiana do protagonista) enquanto, ao mesmo tempo, observa o soerguimento da CIA, realizando comentários mordazes sobre a política externa do país e sugerindo que a União Soviética nunca foi uma ameaça real aos EUA, e que a Guerra Fria não passou de criação de marketing para permitir o aumento do orçamento militar no país. A visão é ousada e politicamente forte.
O resultado da mistura entre política internacional e drama pessoal, porém, não fica bem dosada, e resulta em um filme excessivamente longo, com quase três horas de duração, que sabemos bem como vai acabar. Além disso, o roteiro de Eric Roth finca raiz no mesmo tema de “Munique” (2005), que ele também escreveu para Spielberg: a trajetória de um homem que abre mão da própria vida para doá-la, em uma espécie de ato perene de auto-imolação, ao país que ama. É melodramático demais, apesar do interessante mapa da geopolítica de espionagem montado pela trama intrincada.
Um bom dado sobre o filme é o cuidado com que o personagem principal é construído, já que Edward Wilson se transforma de CDF entediante em figura humana atormentada, embora externamente pareça sempre o mesmo. Ele é o “bom pastor” do título: inteligente, bom rapaz, extremamente meticuloso e paciente (seu hobby é colocar barcos dentro de garrafas), usa óculos, tem sempre o cabelo impecavelmente penteado e gosta de tomar chá. É o cara com quem toda mãe quer casar as filhas. Wilson acaba na CIA pela ação de uma sociedade secreta no estilo da Maçonaria (curioso como os norte-americanos adoram esse tipo de coisa), e aos poucos perde o controle da própria vida. Matt Damon, um ator jovem que vem se notabilizando pela escolha arrojada dos projetos em que embarca, tem o ar exato de CDF amargurado que dá vida e vitalidade ao personagem.
Um elenco formidável acompanha o ator na empreitada, com direito a atuações excelentes de Michael Gambon (como o professor gay dos tempos de faculdade), William Hurt (o chefe de Edward na CIA) e Billy Crudup (um espião como Wilson, só que um tanto mais amoral). O próprio De Niro, muitos quilos mais gordo, atua num papel pequeno mas crucial, e o velho chapa Joe Pesci aparece em uma pequena cena. Outros nomes no elenco incluem Angelina Jolie, Alec Baldwin, Timothy Hutton, John Turturro, Keir Dullea (um dos astronautas atacados por HAL no segmento mais famoso de “2001 – Uma Odisséia no Espaço”) e a alemã Martina Gedeck."

airtonshinto said...

NEUSA BARBOSA, do site Cineweb:
"Em seu segundo filme como diretor (o primeiro foi Desafio no Bronx, 1993), Robert De Niro mostra-se afinado com o universo cultivado por Martin Scorsese, de quem tantas vezes foi ator-fetiche, como em Táxi Driver e Touro Indomável.
Ambicioso de saída, O Bom Pastor propõe-se, nada mais, nada menos do que expor o funcionamento da CIA, a toda-poderosa agência de informação e espionagem norte-americana que, desde sua fundação, em 1947, pleno pós-guerra, esteve por trás de tantos tumultos políticos no mundo.
De Niro entra nesse mundo furtivo e poderoso através da figura de Edward Wilson (Matt Damon), brilhante aluno da universidade de Yale, apaixonado por poesia, que troca a literatura pelo trabalho no serviço secreto. Cooptado para essa função supostamente patriótica, Wilson começa atuando na Europa ainda durante a II Guerra. De volta aos EUA, passa a comandar o serviço de contra-inteligência da CIA, sempre envolvido em episódios políticos cruciais na história de seu país – o mais dramático, a crise na Baía dos Porcos, em Cuba, durante o governo John Kennedy e que por pouco não causou a III Guerra Mundial, em 1961.
Mantendo sempre um tom sóbrio, coerente com a gravidade de seu tema, o filme evolui apoiado num roteiro sólido (de Eric Roth) e numa, compreensivelmente, excelente direção de atores, a partir de um elenco verdadeiramente estelar – integrado por William Hurt, Angelina Jolie, Billy Crudup, Alec Baldwin, Michael Gambon, Joe Pesci, John Turturro, além do próprio De Niro, entre outros, e com muita justiça premiado com o Urso de Prata de melhor contribuição artística no Festival de Berlim em 2007.
Contando sua história em sucessivos flashbacks, indo e vindo no tempo, O Bom Pastor requer espectadores atentos e interessados. Indiscutivelmente, uma das ambições de De Niro terá sido lançar elementos para discussão do papel – desastroso – que a CIA exerceu e exerce ainda no mundo e do extraordinário poder de seus altos funcionários.
Qualquer semelhança com a realidade não é mesmo mera coincidência. O roteiro baseia-se na vida do agente James Jesus Angleton, que também estudou em Yale, amava poesia, dirigiu o Escritório de Serviços Estratégicos na II Guerra na Europa, bem como a contra-inteligência da CIA de 1954 a 1974. "

airtonshinto said...

FABIANE SECCHES, do site Zeta Filmes:
""O Bom Pastor" é um filme difícil. A começar pela sua duração. Quase três horas de uma trama complexa, lenta e arrastada, que definitivamente não cativa o espectador médio (a maioria deixava a sessão de cinema entediada).
Na verdade, mesmo para quem aprecia filmes do gênero, "O Bom Pastor" não é exatamente envolvente, embora obviamente tenha seu valor, a começar pela primorosa pesquisa histórica que o antecedeu.
Robert de Niro trabalhou nele por uma década antes de levar o filme para as telas. A riqueza de detalhes, o compromisso com a qualidade cinematográfica e a escolha criteriosa de seu elenco salvam "O Bom Pastor" de ser apenas chato.
Matt Damon ("Os Infiltrados", 2006), mais uma vez, prova seu talento ao interpretar Edward Wilson, versão cinematográfica de James Jesus Angelton, um dos responsáveis pela fundação da CIA. Wilson, antes um dedicado e brilhante aluno de Yale, é convidado a participar da sociedade secreta Skull and Bones, fraternidade com o objetivo de preparar os líderes mundiais do futuro.
Discreto, leal e inteligentíssimo, Wilson é considerado ideal para integrar o Escritório de Serviços Estratégicos (OSS), durante a 2ª Guerra Mundial, berço de formação da CIA.
Quando ainda estudava poesia em Yale, Wilson se apaixonou pela bela Laura, uma moça delicada e inteligente. A surdez de Laura não é suficiente para impedir a harmonia entre o casal, que só é quebrada quando durante uma festa da Irmandade, Wilson é seduzido por Clover (Angelina Jolie), irmã de John (Gabriel Matcht) e filha do Senador Russell (Keir Dullea), ambos integrantes da sociedade. Quando se conhecem, Clover não esconde a que veio: logo de cara, confessa que procura pelo marido perfeito.
Pois bem. Logo no dia de seu casamento, Wilson já é convocado para se mudar para Londres e integrar o OSS, ao que ele prontamente aceita, negligenciando sua nova família por amor ao seu país. Se torna ausente por conta do trabalho misterioso que o suga até a alma e lhe faz um homem com "coração de pedra".
O filme também percorre a temática da relação entre pai e filho: Wilson é um homem de extrema lealdade a seu país não apenas por princípios, mas também por conta de um trauma que sofreu ainda na infância. Mais tarde, Wilson vê seu filho (interpretado quando adulto por Eddie Redmayne), que cresce intrigado com tantos segredos, se encantando também pela agência.
Embora seja sim competente em ambas empreitadas, eu ainda acho que de Niro é melhor ator do que diretor, quando preenche a tela com sua intensidade dramática penetrante e seu enorme e inegável carisma. E Angelina Jolie... bem, eu também a considero melhor humanista do que atriz, embora em "O Bom Pastor" ela não esteja em seus piores dias.
"O Bom Pastor" é um suspense dramático que retrata a época e os bastidores da Guerra Fria com esmero. E uma de suas maiores qualidades é, sem dúvida, seu elenco de estrelas, que recebeu o Urso de Prata em Berlim pela Contribuição Artística. Destaque para Matt Damon, claro. Mas também para de Niro, sempre ótimo, que interpreta uma ponta importante como o General Bill Sullivan, assim como Alec Baldwin (que também esteve em "Os Infiltrados" com Damon), muito bem no papel de Sam Murach.
Também brilharam Willian Hurt, como o diretor Philip Allen, Michael Gambon como o professor Dr. Fredericks, Timothy Hulton como Thomas Wilson e Billy Crudup como Arch Cummings. Até mesmo o ator Joe Pesci, afastado há muito das telas, faz uma ponta como o italiano Joseph Palmi.
Em seu segundo longa, de Niro traz um projeto sério e ambicioso, obviamente interessante e bem dirigido, mas também um tanto apático. "