A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS
(The Secret Life of Words, Espanha, 2005)
Direção: Isabel Coixet
Elenco: Sarah Polley, Tim Robbins, Javier Cámara, Julie Christie.
Sinopse: Um incêndio numa plataforma de petróleo tem como consequências um homem morto e outro gravemente ferido, além da paralisação dos trabalhos de prospecção até a solução dos problemas burocráticos envolvidos (perícia, seguros, estudo de viabilidade).
A solitária e silenciosa Hanna Amiran é uma imigrante dos Bálcãs, que se refugiou na Grã-Bretanha depois da sangrenta guerra dos anos 90. Ela é enfermeira, mas trabalha como operária numa fábrica há quatro anos.
Certo dia, Hanna é chamada pelo autofalante da fábrica para uma conversa com o gerente. Apesar dela ser uma ótima funcionária, há algo nela que tem incomodado os demais operários, seus colegas de trabalho, que tem prestado queixas através de relatórios e até do sindicato: Hanna trabalha há quatro anos sem nunca ter tirado férias, nunca ter faltado e nem chegado atrasada.
A proposta do gerente é aparentemente simples: Hanna precisa tirar um mês de férias ("há lugares lindos e paradisíacos para visitar, com piscinas e palmeiras..."). Meio a contragosto, Hanna decide aceitar esta quebra na sua rotina de operária e vai para um hotel numa cidade litorânea.
Hanna tem uma angústia quase insuportável e uma dor profunda em sua expressão, que se mantém contida porque é de certa forma anestesiada pelos afazeres de seu dia-a-dia ("preciso matar o tempo antes que ele me mate") e por isso ela aceita a oportunidade de trabalhar como enfermeira do petroleiro ferido na explosão, Josef.
O trabalho de Hanna será feito numa sala ambulatorial preparada na própria plataforma petrolífera até que o paciente (com muitas queimaduras, fraturas nos braços e nas pernas e córneas afetadas) esteja em melhores condições para ser transferido para um hospital.
Longe da terra firme e com pouquíssimas pessoas ao redor, Hanna e Josef, que acabaram de se conhecer, tem um cenário perfeito para lidar com suas cicatrizes interiores mais profundas.
Notas da Crítica:
Sergio Nunes, Cinequanon: 5/5
Alysson Oliveira, Cineweb: 4/5
Christian Petermann, SET: 8/10
Edgar Olímpio de Souza, Boca a Boca: 4/5
Jbeto, Cine do Beto: 4/5
Airton Shinto, Shintocine: 7/10
Elie Politi, Cinequanon: 3/5
Érico Borgo, Omelete: 3/5
Erico Fuks, Cinequanon: 3/5
Fabio Yamaji, Cinequanon: 3/5
Orlando Margarido, Veja SP: 3/5
Angela Andrade, Cinequanon: 2/5
Gabriel Carneiro, Os Intocáveis: 4/10
Cid Nader, Cinequanon: 1/5
Fernando Watanabe, Cinequanon: 1/5
Marcia Schmidt, Cinequanon: 1/5
ÍNDICE NC: 5,81/16
DEPOIS DO CASAMENTO
(After the Wedding, Dinamarca, 2005)
122 min.
Direção: Susanne Bier
Roteiro de Anders Thomas Jensen. Produzido por Sisse Graum Jørgensen para a Zentropa Entertainments 16. Fotografia de Morten Søborg. Montagem de Pernille Bech Christensen e Morten Højbjerg. Música de Johan Söderqvist. Elenco: Mads Mikkelsen, Sidse Babett Knudsen, Rolf Lassgård, Neeral Mulchandani.
Sinopse: Jacob Petersen esforça-se para conseguir manter um orfanato numa das regiões mais pobres da Índia. Quando há o risco de a instituição fechar, ele recebe um aviso para voltar à Dinamarca, pois um rico empresário quer fazer uma doação, com a qual ele poderá resolver seu problema. Enquanto isso, em Copenhagen, Jørgen vive uma vida quase idílica com sua mulher e filhos. Perspicaz homem de negócios, ele também é um pai devotado, porém indulgente a ponto de cometer indelicadezas, quando o assunto não é sua família. Ele falta ao encontro para o qual Jacob havia viajado, só para discutir detalhes do casamento de sua filha. Essa seqüência de eventos mudará a vida de todos eles para sempre. O filme aborda um dilema crucial do tempo contemporâneo. À medida que o mundo fica menor, pela globalização, maior é a lacuna entre ricos e pobres.
Bastidores:-Indicado para o Oscar 2007 de MELHOR FILME ESTRANGEIRO, representando a Dinamarca.
-O ator Mads Mikkelsen é o mesmo que interpreta o vilão Le Chiffre em 007-Cassino Royale (2006).
Notas da Crítica:
Neusa Barbosa, Cineweb: 4/5
Pablo Villaça, Cinema em Cena: 4/5
Sergio Nunes, Cinequanon: 4/5
Alessandro Giannini, SET: 7,5/10
Gabriel Carneiro, Os Intocáveis: 7,5/10
Sérgio Rizzo, Folha Ilustrada: 3/4
Suzana Amaral, Guia da Folha: 3/4
Marcelo Hessel, Omelete: 3/5
Christian Petermann, Guia da Folha: 2/4
Angela Andrade, Cinequanon: 2/5
Erico Fuks, Cinequanon: 2/5
Orlando Margarido, Veja SP: 1/5
ÍNDICE NC: 6,25/12
SHREK TERCEIRO
(Shrek The Third, EUA, 2007)
Animação
Direção: Raman Hui, Chris Miller
Elenco de dubladores: Mike Myers (Shrek), Cameron Diaz (Princesa Fiona), Eddie Murphy (Burro), Antonio Banderas (Gato de Botas), John Cleese (Rei Harold), Justin Timberlake (Artie), Larry King (Doris), Regis Philbin (Mabel), Ian McShane (Capitão Gancho); Amy Sedaris (Cinderela); Amy Poehler (Branca de Neve); Maya Rudolph (Rapunzel); Cheri Oteri (Bela Adormecida); John Krasinski (Sir Lancelot); Eric Idle (Merlin) .
Sinopse: Shrek e Fiona agora são cogitados para serem rei e rainha do reino de "Tão, Tão Distante", porque o Rei Harold, agora um sapo, está gravemente doente. Como o casal quer voltar a viver no pântano, Harold propõe que eles encontrem o novo herdeiro da coroa para tomar conta do reino no lugar deles. Shrek, Burro e Gato-de-Botas vão para o lado mais distante do reino onde o jovem Artie, sobrinho da Rainha Lilian, está prestes a completar seus estudos. Artie é o jovem Rei Arthur, e os três têm que convencer esse jovem extremamente rebelde a voltar e assumir o trono. Enquanto isso, Fiona fica sozinha no reino de "Tão, Tão Distante" e o Príncipe Encantado tenta aplicar um golpe de estado. Para impedi-lo, ela forma um movimento de resistência junto com as princesas Branca de Neve, Rapunzel, Bela Adormecida e Cinderela.
Notas da Crítica:
Celso Sabadin, Cineclick: 8/10
Fanny Lopes, Multiply: 4/5
Geraldo Jr., CineNet: 4/5
Amir Labaki, Guia da Folha: 3/4
Christian Petermann, Guia da Folha: 3/4
Demetrius Caesar, Cineplayers: 7,5/10
André Gordirro, SET: 7/10
Mariane Morisawa, Isto É Gente: 7/10
Odair Braz Jr., Herói: 7/10
Thiago Siqueira, Cinema Com Rapadura: 7/10
A. Pascoalinho, Premiere: 3/5
João Lopes, Premiere: 3/5
José V. Mendes, Premiere: 3/5
Miguel Somsen, Premiere: 3/5
Rui Brazuna, Premiere: 3/5
Vitor Moura, Premiere: 3/5
Alex Xavier, Guia do Estadão: 6/10
Alysson Oliveira, Cineweb: 3/5
Daniel Oliveira, Pílula Pop: 60/100
Franthiesco Ballerini, Jornal da Tarde: 6/10
Marcelo Forlani, Omelete: 3/5
Orlando Margarido, Veja SP: 3/5
Pablo Villaça, Cinema em Cena: 3/5
Rodrigo Carreiro, Cine Reporter: 3/5
Sandro Macedo, Guia da Folha: 6/10
Sergio Rizzo, Folha de São Paulo: 6/10
Daniel Pilon, Pilog: 2/4
Luiz Carlos Merten, O Estado de São Paulo: 5/10
Sérgio Dávila, Guia da Folha: 2/4
Sérgio Rizzo, Guia da Folha: 2/4
Suzana Amaral, Guia da Folha: 2/4
Luis Salvado, Premiere: 2/5
Ma. Carmo Piçara, Premiere: 2/5
Cassio Starling Carlos, Guia da Folha: 1/4
Marina Person, Guia da Foha: 1/4
ÍNDICE NC: 5,96 (35)
CÃO SEM DONO
(Brasil, 2007)
Direção: Beto Brant e Renato Ciasca
Roteiro de Marçal Aquino, Beto Brant e Renato Ciasca, baseado no livro "Até o Dia em que o Cão Morreu", de Daniel Galera. Elenco: Júlio Andrade (Ciro), Tainá Müller (Marcela), Luiz Carlos V. Coelho (Elomar), Marcos Contreras (Lárcio), Roberto Oliveira (Pai), Sandra Possani (Mãe).
Sinopse: Ciro mora num apartamento quase vazio em Porto Alegre.
O cachorro de Ciro, um vira-lata branco com manchas pretas, não tinha nome. Ciro dizia que cachorro não precisa de nome. Aliás, Ciro dizia que não era "dono" do cachorro. Era "amigo".
Depois de passar o dia na rua, o "amigo" do Ciro voltava todos os dias para o apartamento, de elevador, com a ajuda do porteiro (e artista plástico) Elomar
Certa vez, depois da balada, Ciro e Marcela, uma jovem modelo em início de carreira, passaram a noite juntos no apartamento dele.
Marcela passou a voltar todos os dias para o apartamento de Ciro. Ela gostava de falar de seus ambiciosos planos para o futuro: queria viajar, conhecer o mundo, fazer coisas diferentes. Ciro, cético, dizia que ele já "viajava" o suficiente, que para ele não interessava sonhar, e sim, viver.
Ciro não tem um emprego fixo. Ele é diplomado em Letras, conhece Russo, e eventualmente arranja uns "bicos" de tradução ou coisas assim, mas ultimamente tem achado tudo isso de trabalho um tédio.
A verdade é que o aluguel do apartamento de Ciro é pago pelo pai dele, que deposita todos os meses a quantia. Mas a situação está ficando difícil, e talvez o velho não consiga mais bancar esta despesa.
Enquanto isso, Marcela tem a possibilidade de realizar seu sonho e trabalhar em Barcelona.
LINK PARA OS MELHORES FILMES DE 2007
Monday, May 07, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
3 comments:
ÉRICO BORGO, do site Omelete:
"Sem conhecer detalhes do filme, confiando apenas no marketing, não dá pra ver a pedrada chegando em A Vida Secreta das Palavras (La Vida Secreta de las Palabras, Espanha, 2005). O pôster, o trailer, a sinopse, tudo insinua o drama romântico da semana. Não é. Mas há pistas por todos os lados que indicam o contrário.
A começar pela diretora, Isabel Coixet, que fez o intenso Minha Vida Sem Mim em 2003. Não por acaso, no elenco do novo filme está Sarah Polley, também a protagonista do filme anterior. E eis que surgem Tim Robbins, cujo nome está sempre associado a filmes fortes, e o espanhol Javier Cámara (lembra dele em Fale Com Ela e Má Educação?). E por falar em Almodóvar, os irmãos Agustín e Pedro produzem o filme... e os rolos de fumaça prenunciando o sofrimento sobem no horizonte, feito uma das mais belas cenas do filme, quando Hannah (Polley), sentada num banco à beira mar, observa uma distante plataforma de petróleo.
Ela ainda não sabe disso, mas a instalação em alto mar está semi-abandonada depois de um incêndio - e uma coincidência a levará até lá, para tratar, como enfermeira, de um dos sobreviventes. Josef (Robbins), a vítima, está temporariamente cego e com o corpo coberto por queimaduras.
O roteiro de Coixet é brilhante em esconder todo o passado de Hanna durante o filme. Não há uma só informação sobre ela, além de seu sotaque do leste europeu e a necessidade de uso de um aparelho de surdez (que é desligado quando ela quer ficar sozinha). Hanna não falta ao trabalho, não se relaciona com os colegas e come todos os dias arroz, frango e maçãs. Mas essa vida sem sal, sem sabores (a culinária, não por acaso, será uma grande metáfora adiante), esconde um segredo, que demora a ser revelado, mas é catártico (qualquer comentário a esse respeito arruinaria o filme, portanto, fico calado). O despertar de Hanna está ligado à pequena e curiosa comunidade oceânica.
A diretora extrai de seus atores interpretações notáveis, emocionantes (não estranhe se ouvir soluços abafados no cinema), e deixa brilhantemente a dolorosa e solitária fotografia novamente nas mãos competentes de Jean-Claude Larrieu (também de Minha Vida Sem Mim). Como roteirista, no entanto, ela ainda precisa se aprimorar - e bastante. Apesar do miolo brilhante, o drama começa e termina absolutamente equivocado, primeiro com uma constrangedora cena de "ação" (o citado incêndio), seguido por uma esquisitíssima narração em off; e depois, lá no final, com o retorno daquela voz estranha (e sua explicação). Tudo absolutamente dispensável. Se limadas essas cenas, que destoam totalmente do restante do filme, Coixet teria em suas mãos um dos melhores dramas recentes, mas a mão pesada nesses momentos torna a experiência toda bem menos impactante.
Chega a ser engraçado como 30 segundos no começo e 2 minutos no final podem fazer toda a diferença entre um filme excepcional ou outro apenas bom. Uma dica? Chegue atrasado e saia correndo depois da cena do abraço. Vai ficar realmente espetacular."
CID NADER, do site Cinequanon:
"Torre de Babel sem nada a dizer:
""Sobe a música". Com essa expressão, alguns apresentadores de noticiosos radiofônicos ou programas mais antigos costumavam solucionar um problema temporário, que, normalmente, girava em torno do não ter o que dizer naquele momento específico; da falta de assunto. Em "A Vida Secreta das Palavras", uma produção espanhola dos irmãos Almodóvar, falada em inglês, rodada no meio do oceano – mais especificamente em uma plataforma marítima de extração de petróleo -, e que insere uma protagonista sobrevivente do período sangrento ocorrido nas Bálcãs no fim do século XX, Hanna (Sarah Polley), que lá aporta para cuidar de um ferido em trabalho interpretado pelo norte-americano Tim Robbins. A falta do que dizer já parece aparente desde o início do trabalho pela verdadeira Torre de Babel envolvida em todas as camadas da concepção do filme. Numa não velada homenagem a Inge Genefke (Julie Christie) – fundadora de uma organização mundial que luta pela reabilitação de torturados de guerra -, a opção da diretora parece ter sido a de criar realmente uma metáfora à já metafórica Torre, envolvendo "recantos" do planeta, representados por protagonistas de diversas origens, variadas formações profissionais e divergentes olhares sobre o mundo.
Só que o pretenso discurso bem intencionado naufraga no próprio oceano que é adotado para servir de cenário à história, por um excesso de "boas intenções" e nada a dizer de maneira mais contundente. No início percebe-se nitidamente que Hanna não é uma pessoa feliz, e quando "obrigada" a tirar férias resolve que será muito mais importante expiar "suas culpas" - há um discurso próximo do final do filme em que Genefke profere uma avaliação sobre a "culpabilidade por terem sobrevivido" assumida pelos sobreviventes daquele quase genocídio – embarcando rumo a uma plataforma marítima para cuidar do acidentado Tim Robbins. O excesso de personagens com nuances e características ostensivamente diferenciadas entre si – na marra - não ajudam para dar credibilidade ao discurso da diretora. Ela inventou um contratado para avaliar as conseqüências das ondas sobre a estrutura da plataforma, que se dedica à criação de mexilhões e avaliação dos malefícios causados pela extração de petróleo à vida local; há um casal que, na falta do que fazer, se beija sob a luz da lua; ou o cozinheiro espanhol que prepara verdadeiras iguarias não compreendidas pelo paladar bruto dos trabalhadores (como dar pérolas aos porcos). O envolvimento de Hanna com todos os personagens tem intenção de representar um passeio de uma entidade, que já passou por todos os percalços e violências possíveis e está lá para "ensinar" – mesmo sem se propor a isso -, para mediar as diferenças, para refrescar e servir de escape; apesar de toda a pesada carga própria. E isso não soa natural.
Nos momentos em que se aguarda tomadas de atitudes mais específicas para o bom desenvolvimento da trama em busca do respaldo a seu proposto "político", o filme se escora em momentos musicais, que acabam por preencher os vazios discursivos, e angariar a simpatia de espectadores mais interessados no lado romântico ainda obscurecido pelo "sofrimento" interior e exterior dos personagens. Utiliza boas músicas para isso, mas fica evidente tratar-se de um truque para preencher vazios. Talvez eu não esteja tão sentimental ultimamente para abraçar tal tipo de proposta, quando se desvia de seu caminho à procura dos mais "sensíveis". Talvez eu não esteja tão sentimental para engolir perfumarias – aliás, deves ser indigesto mesmo -, ou aceitar que me vendam uma bijuteria no lugar da jóia anunciada. "
ALYSSON OLIVEIRA, do site cineweb:
"A cada novo filme, a atriz canadense Sarah Polley se confirma como uma das mais competentes de sua geração. No drama escrito e dirigido pela espanhola Isabel Coixet, ela é Hanna, uma moça que se refugia em algum lugar da Grã-Bretanha depois da Guerra dos Bálcãs, em meados dos anos 1990.
Hanna leva uma vida isolada, na qual as palavras não são muito úteis. Não tem amigos, nem no seu ambiente de trabalho, uma fábrica de plástico. Seu único contato com o mundo é uma misteriosa mulher (Julie Christie) para quem ela telefona às vezes, mas não diz nada. Tamanho é seu isolamento que seu chefe diz que os demais trabalhadores reclamam porque ela não se relaciona com ninguém.
Forçada a tirar férias, as primeiras em quatro anos, a moça acaba conhecendo um homem que precisa dos serviços de uma enfermeira, para cuidar de um acidentado numa plataforma de petróleo. Hanna tem qualificação para tal e acaba aceitando o trabalho. Ela passa a assistir Josef (Tim Robbins), vitima de várias queimaduras no corpo depois de uma explosão.
Começa, então, uma jornada de autodescoberta e superação para Hanna, que deságua numa catarse comovente e completamente verossímil. Nesse percurso, Josef terá um papel fundamental. Como a visão dele também está temporariamente afetada, as conversas passam a ser a forma de comunicação primária entre os dois. Mas o que fazer quando as palavras não são suficientes para expressar toda a dor que se sente?
A Vida Secreta das Palavras, como o próprio título indica, fala daquilo que está além do que dominamos. Hanna sofre, isso fica claro, embora o motivo que a impede de levar uma vida menos solitária, de se conectar com outras pessoas, só será conhecido mais tarde. O isolamento é o seu refúgio.
Isabel Coixet já havia trabalhado com Sarah em Minha Vida Sem Mim, um filme que aborda temas parecidos, em especial o da ausência. Porém, aqui, a carga dramática e o talento da atriz são mais bem empregados. Desde sua interpretação contida e bela em O Doce Amanhã (1996), a jovem tem se firmado como uma das poucas intérpretes que conseguem transformar em palpável uma dor que parece ser sobre-humana.
A diretora, por sua vez, mostra mais facilidade para lidar com os atores do que com as imagens. Mas isso não a impede de extrair bons momentos, em especial com uma câmera meio solta e uma fotografia realista. A trilha sonora, que combina jazz e Tom Waits, David Byrne, Anthony and the Johnsons, também se destaca, e contribui na montagem dinâmica do filme.
O filme cresce quando dá espaço para vazão da humanidade de seus personagens. É nesses momentos, quando as palavras faltam, que os sentimentos se tornam reais, e as ações de Hanna e Josef, convincentes. O longa ganhou diversos prêmios, entre os quais, o Goya (o Oscar espanhol), de melhor filme, diretor, roteiro e direção de produção, em 2006."
Post a Comment