Friday, June 08, 2007

Estréias de 20 de julho de 2007

ALGO COMO A FELICIDADE
(Stestí / Something Like Happiness, República Tcheca/ Alemanha, 2005)
Direção: Bohdan Sláma
Elenco
: Pavel Liska, Tatiana Vilhelmova,Anna Geislerova, Marek Daniel,Bolek Polívka, Simona Stasová
Sinopse: Monika (Tatiana Vilhelmová), Toník (Pavel Liska) e Dasha (Anna Geislerová) cresceram juntos no mesmo conjunto habitacional, no subúrbio de uma pequena cidade da República Tcheca. Já adultos, eles buscam meios distintos para viver. Monika espera um dia reencontrar o noivo, que partiu para os Estados Unidos em busca de dinheiro e sucesso. Toník vive com sua tia excêntrica (Zuzana Kronerová), com quem tenta manter a fazenda da família. Já Dasha tem dois filhos e um amante casado, estando sempre à beira do desespero. Quando seu estado piora ela é hospitalizada, o que faz com que Monika e Toník se aproximem.
Bastidores: - Ganhou a Concha de Ouro e o prêmio de Melhor Atriz (Anna Geislerová), no Festival de San Sebastián.




Site Oficial: http://www.ceskatelevize.cz/specialy/stesti/




TRANSFORMERS: O FILME
Direção: Michael Bay
Elenco: Josh Duhamel, Michael Clarke Duncan, Megan Fox, Tyrese Gibson, Shia LaBeouf, Bernie Mac.
Sinopse: O Cubo All Spark é um objeto extremamente poderoso, cujo poder pode ser usado tanto para gerar vidas, quanto para fins bélicos. Perdido no meio da guerra entre os Autobots e os Decepticons, os dois grupos rivais do planeta Cybertron, esse precioso objeto cai na Terra.
Milhares de anos depois, nos dias de hoje, um grupo de militares americanos se prepara para voltar para casa depois de um longo tempo servindo no Oriente Médio. Porém sua base no Qatar é abordada por um helicóptero que se transforma em um gigante humanóide metálico (Blackout) que destrói o complexo inteiro e mata quase todos os presentes na tentativa de invadir os arquivos virtuais do exército americano, deixando o Secretário de Defesa americano John Keller (Jon Voight) e todo o seu aparato em alerta máximo, prestes a retaliar contra “os suspeitos de sempre” (Irã, Coréia do Norte, Rússia,...) e a beira de começar a Terceira Guerra Mundial.
Enquanto isso, o jovem Sam Witwicky (Shia LaBeouf), tataraneto de um arqueólogo, está prestes a ganhar o seu primeiro carro. Tentando levantar fundos para convidar a garota de seus sonhos, Mikaela (Megan Fox), para um encontro, ele coloca à venda objetos pertencentes ao seu tataravô, um dos primeiros homens a explorar o circo polar ártico. Na loja do vendedor falastrão Bobby Bolívia (Bernie Mac), ele acaba sendo levado a comprar um velho Chevrolet Camaro. O que o jovem não sabe é que seu carro é, na verdade, o transformer Bumblebee, que recebeu do chefe dos Autobots, Optimus Prime, a missão de proteger o jovem e uma relíquia que ele possui. Assim, Sam cai de pára-quedas no meio da guerra entre as duas facções dessa raça de alienígenas cibernéticos: os transformers do bem (Autobots), liderados por Optimus Prime, que são Bumblebee, Jazz, Ratchet e Ironhide; e os do mal (Decepticons), seguidores de Megatron, que são Starscream, Brawl, Bonecrusher, barricade, Scorponok, Frenzy e Blackout. Os Autobots acreditam na paz e na tolerância. Já os Decepticons querem exterminar a vida biológica, ou seja, os humanos.
O jovem e seus amigos metálicos ainda vão contar com a ajuda de Mikaela, que entra meio de gaiata nessa confusão toda, que ainda conta com um agente (John Turturro) um tanto quanto excêntrico de uma agência governamental secreta.
Notas da Crítica:

Thiago Sampaio, Cinema com Rapadura: 9/10
Thiago Siqueira, Cinema com Rapadura: 9/10
Arianne Brogini, SET: 8/10
Érico Borgo, Omelete: 4/5
Rodrigo Salem, SET: 8/10
Viviane França, Cinepop: 4/5
Alex Xavier, Guia do Estadão: 7/10
André Gordirro, SET: 7/10
Ary Monteiro Jr., Cineplayers: 7/10
Carlos Vinícius, Cineplayers: 7/10
Sérgio Rizzo, Guia da Folha: 7/10
Christian Petermann, Guia da Folha: 6/10
Demetrius Caesar, Cineplayers: 6/10
Enrique Aguilar, Contrapicado: 3/5
Franthiesco Ballerini, Jornal da Tarde: 6/10
Miguel Somsen, Premiere: 3/5
Odair Braz Junior, Rolling Stone: 3/5
Optimus Corrales, Delfos: 3/5
Rodrigo Campanella, Pílula Pop: 60/100
Rodrigo Carreiro, Cine Reporter: 3/5
Rui Brazuna, Premiere: 3/5

Silvio Pilau, Cineplayers: 5,5/10
A. Pascoalinho, Premiere: 2/5
Andy Malafaya, Cineplayers: 4/10
Celso Sabadin, Cineclick: 4/10
Daniel Pilon, Pilog: 2/5
J Beto, Cine do Beto: 2/5
Ma. Carmo Piçara, Premiere: 2/5
Pablo Villaça, Cinema em Cena: 2/5
Ricardo L. Moura, Premiere: 2/5
Rodrigo Zavala, Cineweb: 2/5
Sergi Sanchez, Contrapicado: 2/5
Tatiane Crescêncio, Cineplayers: 4/10
Tiago Pimentel, Premiere: 2/5
Vitor Moura, Premiere: 2/5
Alexandre Koball, Cineplayers: 3/10
João Lopes, Premiere: 1/5
Rui Pedro Tendinha, Premiere: 1/5

Daniel Ureña, Contrapicado: 0/5

ÍNDICE NC: 5,37 (39)


EM BUSCA DA VIDA
(Sanxia Haoren/ Still Life, China/Hong Kong, 2006)
Direção: Jia Zhang-ke
Elenco: Tao Zhao, Sanming Han, Hong Wei Wang
Sinopse: A velha cidade de Fengjie está prestes a ser engolida pelas águas da barragem da usina hidroelétrica de Três Gargantas, na China, planejada para ser a maior do mundo.
Antes da inundação iminente, a cidade está sendo desconstruída por operários que dedicam-se a marretar tudo que estiver de pé depois das implosões que ocorrem a todo momento. Paralelamente, geólogos e arqueólogos preocupam-se em garantir que nada que tenha algum valor científico/cultural fique submerso nas profundezas da barragem no rio Yangtze.
É nesse cenário que o minerador de carvão Han Sanming chega, vindo de Shanxi, para procurar a ex-esposa (Sra. Ma) e a filha, que fugiram de casa há dezesseis anos.
Também de Shanxi, a enfermeira Shen Hong chega a Fengjie (com sua inseparável garrafinha de água mineral) para procurar o marido Guo Bin, que saiu de casa há dois anos para trabalhar nas obras da construção da Usina e não havia voltado ainda.
Trabalhando temporariamente na (des)construção civil de Fengjie, Han solidariza-se com os operários em sua rotina de marretadas, cigarros, implosões, bebidas e balas “Grande Coelho Branco”.
Bastidores: Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza
LINK PARA OS MELHORES FILMES DE 2007


BAILA COMIGO
(Marilyn Hotchkiss's Ballroom Dancing and Charm School, EUA, 2005)
Direção: Randall Miller
Elenco: Robert Carlyle (Frank Keane), Marisa Tomei (Meredith Morrison), Mary Steenburgen (Marienne Hotchkiss), Sean Astin (Joe Buco), Donnie Wahlberg (Randall Ipswitch), David Paymer (Rafael Horowitz), Camryn Manheim (Lisa Gobar), Adam Arkin (Gabe DiFranco), Sônia Braga (Tina).
Sinopse: Um viúvo amargurado tem sua vida renovada quando recebe de um homem à beira da morte um derradeiro pedido: entrar em contato com seu antigo amor de infância. Anos mais tarde, ela o espera na escola de dança de Marilyn Hotchkiss, local que se transformará no ambiente de diversas paixões e sonhos.
Notas da Crítica:
Emilio Franco Jr., Cineplayers: 7/10
Marcelo Forlani, Omelete: 3/5
Alysson Oliveira, Cineweb: 2/5
J Beto, Cine do Beto: 2/5

SANEAMENTO BÁSICO, O FILME
(Brasil, 2007)
Direção: Jorge Furtado
Elenco: Fernanda Torres (Marina), Wagner Moura (Joaquim), Camila Pitanga (Silene), Bruno Garcia (Fabrício), Lázaro Ramos (Zico), Janaína Kremer (Marcela), Tonico Pereira (Antônio), Paulo José (Otaviano), Sérgio Lulkin, Marcelo Aquino, Zéu Brito, Lúcio Mauro Filho, Margarida Leoni Peixoto, Irene Brietzke, Sandra Possani, Felipe de Paula, Milene Zardo.
Sinopse: Incomodados com o mau cheiro local e com a higiene e saúde da população, um grupo de moradores de Linha Cristal, uma pequena vila de descendentes de colonos italianos localizada na serra gaúcha, reúnem-se em Assembléia para tomar providências a respeito da construção de uma fossa para o tratamento do esgoto.
Eles elegem uma comissão, que é responsável por fazer o pedido junto às autoridades. A vendedora de móveis Marina Margueira Figueiredo e seu marido Joaquim, ajudante de marcenaria, são os escolhidos por levar até a subprefeitura o projeto da construção de uma fossa atrás do moinho, com o orçamento em R$ 8 mil preparado pelo empreiteiro Antônio.
Marcela, a secretária da prefeitura, reconhece a necessidade da obra, mas informa que não terá verba para realizá-la até o final do ano.
Entretanto, a prefeitura dispõe de uma verba de quase R$ 10 mil para a produção de um vídeo. Este dinheiro foi dado pelo governo federal através de um projeto cultural para cidades de até 20 mil habitantes e, se não for usado, seria devolvido em breve aos cofres de Brasília.
Surge então a idéia de usar a quantia para realizar a obra e rodar um vídeo ecológico-educativo sobre a construção de uma fossa, que teria o apoio da prefeitura.
Porém a retirada da quantia depende da apresentação de um roteiro de dez páginas e de um projeto do vídeo, além de haver a exigência que ele seja de "ficção". Com alguma dificuldade e com a ajuda de um dicionário, Marina e Joaquim tentem chegar à conclusão do que é "ficção" (tem que se passar no futuro? tem que ter monstros? tem que ter coisas que não existem?) e com um pouco de imaginação criam a história de um monstro que acorda de um sono profundo por causa do barulho das obras da construção de uma fossa de esgoto.
Notas da Crítica:
Celso Sabadin, Cineclick: 9/10
Mariane Morisawa, Isto É Gente: 8,5/10
Sandro Macedo, Guia da Folha: 8,5/10
Alexandre Koball, Cineplayers: 8/10
Daniel Oliveira, Pílula Pop: 80/100
Emilio Franco Jr., Cineplayers: 8/10
Franthiesco Ballerini, Jornal da Tarde: 8/10
Marcelo Hessel, Omelete: 4/5
Neusa Barbosa, Cineweb: 4/5
Rogério Ferraraz, Cinequanon: 4/5
Arianne Brogini, Revista Sexy: 7,5/10
Cássio Starling Carlos, Guia da Folha: 3/4
Christian Petermann, Guia da Folha: 3/4
Sérgio Dávila, Guia da Folha: 3/4
Sérgio Rizzo, Guia da Folha: 3/4
Pedro Butcher, Folha Ilustrada: 3/4
Alessandro Giannini, SET: 7/10
Alex Xavier, Guia do Estadão: 6,5/10
Andy Malafaya, Cineplayers: 6,5/10
Adriana Alves, Rolling Stone: 3/5

Alexandre C. dos Santos, Paisà: 3/5
Demetrius Caesar, Cineplayers: 6/10
Rodrigo Carreiro, Cine Reporter: 3/5
Tatiane Crescêncio, Cineplayers: 6/10
Daniel Schenker, Contracampo: 2/4
Ruy Gardnier, Contracampo: 2/4
Tatiana Monassa, Contracampo: 2/4
Suzana Amaral, Guia da Folha: 2/4
Daniel Pilon, Pilog: 2/5
Erico Fuks, Cinequanon: 2/5
Filipe Furtado, Paisà: 2/5
Guilherme Martins, Paisà: 2/5
Laura Canepa, Cinequanon: 2/5
Marcelo Miranda, Paisà: 2/5
Paulo Santos Lima, Paisà: 2/5
Amir Labaki, Guia da Folha: 1/4
Gilberto Silva Jr., Contracampo: 1/4
Leonardo Levis, Contracampo: 1/4
Luis Carlos Oliveira Jr., Contracampo: 1/4
Rodrigo de Oliveira, Contracampo: 1/4
Cesar Zamberlan, Cinequanon: 1/5
Fernando Watanabe, Cinequanon: 1/5
Sérgio Alpendre, Paisà: 1/5
ÍNDICE NC: 5,76 (43)

ELA É A PODEROSA
(Georgia Rule, EUA, 2007)
Direção: Garry Marshall
Elenco: Jane Fonda, Lindsay Lohan, Felicity Huffman, Dermot Mulroney, Cary Elwes, Garrett Hedlund, Laurie Metcalf, Christine Lakin, Hector Elizondo, Chelse Swain, Dylan McLaughlin, Shea Curry.
Sinopse: Rachel (Lindsay Lohan) é uma adolescente problemática, daquele tipo incontrolável que levaria qualquer mãe à loucura. Na verdade, ela acaba mesmo tirando sua mãe Lily (Felicity Huffman) do sério depois de um acidente de carro, a última gota d’água que a leva a tomar uma decisão extrema. Sem saber o que fazer com a menina, Lily acaba levando a filha ao único lugar para o qual prometeu não voltar nunca mais na vida: a fazenda de sua própria mãe, Georgia (Jane Fonda).
Não pense você, no entanto, que esta é uma vovó como outra qualquer, daquele tipo carinhoso e adorável: na verdade, Georgia é uma mulher inflexível que move sua vida por meio de uma série de regras absolutamente inquebráveis de moral, bons costumes e muito trabalho duro. Em uma jornada que vai virar a pequena cidade de Georgia de pernas para o ar, estas três mulheres vão descobrir obscuros segredos de família e vão acabar aprendendo que, não importa o que aconteça, os laços que as unem jamais podem ser quebrados.
Notas da Crítica:
Brian Orndorf, Omelete: 3/5
J Beto, Cine do Beto: 3/5
Daniel Oliveira, Pílula Pop: 50/100
Andy Malafaya, Cineplayers: 4/10
Paulo Roberto Selbach Jr., Baú de Filmes: 4/10

ESTRÉIAS ADIADAS (OU CANCELADAS):

TALES FROM EARTHSEA
(Gedo Senki, Japão, 2006)
Direção: Goro Miyazaki
Sinopse: Ged, um jovem bruxo sedento por conhecimento e poder também conhecido como Gavião liberta uma grande sombra sobre o mundo de Terramar. Para restaurar o equilíbrio, ele precisa aprender a dominar as fortes palavras do poder, domar um antigo dragão e atravessar a morte. Baseado no livro `O Mago de Terramar`, de Ursula K. Le Guin.
Sinopse: Novo filme dos Studio Ghibli, mais famosa produtora de animês no Japão, responsável pelos sucessos A Viagem de Chihiro e O Castelo Animado.


2:37
(Austrália, 2006)
Direção: Murali K. Thalluri
Elenco: Teresa Palmer, Joel Mackenzie
Sinopse: Numa escola secundarista no sul da Austrália, um suicídio revela aos poucos o lado sombrio da vida dos alunos, envolvendo relações amorosas, drogas, abuso sexual, negligência familiar e doenças nervosas. O filme acompanha seis desses alunos até o trágico fim, e todos têm motivos para se suicidar. Uma das jovens sofre com uma gravidez indesejada, que pode revelar um terrível segredo. O líder do time de futebol, aparentemente seguro de si, parece ter dúvidas cruciais em relação à sua vida. Um outsider lida com as provocações diárias de seus desafetos. Uma bela jovem enfrenta distúrbios alimentares. Um estudante exemplar luta para conseguir a aprovação de seus pais. E outro jovem recorre às drogas para fugir de seus próprios demônios. Mas quem de fato tomou o passo derradeiro? Trata-se de um filme inspirado em eventos da vida do próprio diretor estreante.
Notas da Crítica:
Ricardo Calil, SET: 4/10

5 comments:

airtonshinto said...

EMILIO FRANCO JR., do site Cineplayers:
"Uma consulta rápida ao dicionário Luft e temos a seguinte definição de Felicidade: “1. Qualidade ou estado de feliz; ventura; contentamento. 2. Sucesso: êxito”. Ironicamente, este filme possui a palavra felicidade em seu título, embora não haja espaço algum para risos, muito menos para pessoas alegres. Os personagens são tristes, infelizes e vislumbram em um futuro distante a chance de encontrar a tão sonhada felicidade, o êxito. Como diz uma frase, grafada no cartaz do longa, Algo como a Felicidade é “de rasgar o coração”.
A produção explora a vida de um grupo de vizinhos de um subúrbio tcheco, afetados pelo processo de industrialização do local. Amigos de infância, cada um deles planeja algo diferente para sua vida: Monika deseja ir aos Estados Unidos para reencontrar seu noivo, que se mudou para o país à procura de dinheiro e sucesso; Tonik, por sua vez, saiu de casa, devido ao conservadorismo de sua família e foi morar com sua tia em uma fazenda, onde ajuda a manter a casa. Dasha é mãe de dois filhos pequenos. Com a piora de seu quadro clínico, ela é internada em um hospital psiquiátrico, e é Monika quem passa a cuidar das crianças. Mas ela não está sozinha. Tonik está apaixonado por ela, e decide ajudá-la na tarefa de cuidar dos meninos.
Algo como a Felicidade é para fazer qualquer pessoa sair mal do cinema. Não espere de maneira alguma se deparar com algo parecido com felicidade. Estamos diante de um produto extremamente triste. Os personagens perseguem o sonho da vida ideal, ou ao menos, de uma vida que os complete. Todos desejam algo que o outro possui ou pode oferecer, como família, filhos, saúde e amor. Porém, nenhum deles admite isso, e no fundo são todos pessoas que se sentem inferiores umas as outras.
Apesar da tristeza na maneira como a história é narrada, o filme aborda temas como o inevitável amadurecimento de seus personagens - após passarem por situações complicadas – e o amor, que está presente na vida de todos, mas de maneiras diferentes. O diretor Bohdan Slama dirigiu e escreveu esta história de amor (classificada como comédia) intensamente dramática. O amor está presente em pequenas ações, em atos, em sentimentos – sejam eles declarados ou subentendidos. Porém, o amor não é um mar de rosas, é também sofrido, e ao retratar isso o longa é competente até demais. Acabamos sofrendo também com a pequena jornada de cada personagem. Alguns proporcionam mais emoção do que outros, mas todos são de difícil digestão.
É notável a competência do elenco escolhido, principalmente levando-se em conta a dificuldade na composição de personagens tão complexos, que estão constantemente se decepcionando, sendo expostos a sofrimentos de todos os tipos. Mas, quem surpreende e chama atenção pela veracidade e intensidade na interpretação de seus personagens, são as duas crianças. Elas são fantásticas e demonstram estar à vontade em cena. Essa sensação de que os dois estão à vontade não é à toa. Eles interpretam duas crianças que acabam sendo criadas por pessoas que não seus pais, o que para eles é normal, já que, na vida real, são irmãos e órfãos. O diretor ficou encantando com a duplinha, e acabou por adotá-los.
O que ajuda a conferir dramaticidade é a belíssima trilha sonora, responsabilidade do musicista Leonid Soybelman, que pontua algumas passagens do filme. É uma pena que a trilha só seja executada, se não me falha a memória, quatro vezes no decorrer da projeção. Mas, talvez, ela seja tocada poucas vezes de propósito. Se fosse mais presente, Algo como a Felicidade seria muito depressivo.
A bonita cena final renderá interpretações diferentes: pode transmitir uma sensação de esperança ou de que nada irá mudar na sofrida vida daquelas pessoas. Acredito que tudo vai continuar sendo como sempre, vidas sofridas, desencontradas, e cheias de problemas. Mas não posso afirmar isso com toda certeza, pois a batalha pessoal de cada um, nunca termina. A premiada produção venceu, entre outros prêmios, sete Czech Lion – prêmio do cinema nacional da República Tcheca -, em 2005. "

airtonshinto said...

RICARDO CALIL, do Guia da Folha:
"Depois de uma fase áurea nos anos 60, cujo expoente mais famoso foi Milos Forman, o cinema tcheco viveu de pequenos fenômenos isolados. Um deles foi o correto "Kolya - Uma Lição de Amor" (1996), Oscar de melhor filme estrangeiro. Outro mais recente é "Algo como a Felicidade".
Dirigido por Bohdan Slama, é um drama realista sobre três antigos amigos de infância cujos destinos continuam a se cruzar na vida adulta em uma cidade do interior da República Tcheca. Tonik (Pavel Liska) é um rebelde calado e solitário, que deixou a casa dos pais para viver em uma fazenda e nutre uma paixão platônica por Monika (Tatiana Vilhelmova). Esta sonha em se mudar para os Estados Unidos, para onde seu namorado já viajou, mas decide adiar os planos para cuidar dos filhos de sua melhor amiga Dasha (a excelente Ana Geislerova) --mulher emocionalmente desequilibrada que é internada em uma clínica psiquiátrica depois que seu amante termina a relação.
Como pano de fundo dessas histórias sentimentais, Slama faz um retrato da realidade social da República Tcheca pós-comunismo, marcada pela contradição entre o passado agrário/industrial e o presente consumista, entre a busca pelas raízes e o desejo de emigrar. O cineasta consegue encontrar um equilíbrio delicado entre o pessoal e o político, além de extrair belas interpretações dos atores. Mas ainda não é o filme que vai tirar o cinema tcheco de um longo marasmo. "

airtonshinto said...

ERIKA CORREA, do Diario do Comércio:
"Quem não conferiu a origem do longa Algo Como a Felicidade antes de entrar na sala de cinema, é possível que não descubra em que parte do mundo a história se passa. O idioma soa bastante estranho aos ouvidos tupiniquins; os personagens, uns têm traços do norte europeu (altura, olhos e pele claros), outros são morenos (com expressão de índio mexicano); e o cenário não mostra nenhum ponto de referência turística.
Com o desenrolar do enredo, dá para concluir que a cidade em cena fica bem distante da América. Trata-se de uma pequena cidade da República Tcheca, em que a língua de origem eslava só se fala praticamente naquele País.
A história se centra em um grupo de moradores de um conjunto habitacional atrás de suas realizações pessoais. O tema universal torna-se peculiar por se tratar do norte da Boêmia, uma região devastada pelas minas de carvão durante o período da Cortina de Ferro.
Ali os antigos aldeões tiveram seus vilarejos destruídos e foram transferidos para tais moradias populares. Perderam suas raízes e, diferente de qualquer outra periferia, o que lhes assombra não é a violência, mas sim os sonhos e ideais que devem buscar. “Passamos lá muito tempo durante a pré-produção e encontramos pessoas que, freqüentemente em condições muito difíceis, lutam por algum sentido em sua vida. Eu queria que os personagens do nosso filme fossem parecidos com elas”, conta o diretor e roterista Bohdan Slama.
Deu certo. Algo como a Felicidade ganhou seis prêmios no Czech Lion, o mais importante do cinema Tcheco e os prêmios de Melhor Filme e Atriz no Festival de San Sebastian.
Monika (Tatiana Vilhelmová) se despede do noivo em um aeroporto. Ele parte para os Estados Unidos, confiante em um novo trabalho e nova vida. Ela pretende esperar a adaptação do companheiro para, em pouco tempo, se unir a ele.
Acontecimentos inesperados no pacato subúrbio fazem com que Monika vá adiando sua viagem. Enquanto isso, seu melhor amigo, Tonik (Pavel Liska), que nutre uma paixão platônica por ela, tenta levar uma vida independente da família que reside no conjunto habitacional. Ele mora com a tia em uma fazenda decadente, rodeada de usinas, de resíduos e de atividades de extração de minérios.
Todavia, Tonik se agarra na utopia de reerguer esse lar, sem se dar conta que não há ao redor dali mais natureza alguma. Romântico, passivo diante de Monika, Tonik mostra certa indolência como se estivesse sempre chapado por conta de seus baseados.
Assim, ele é consigo mesmo: cabelos despenteados, oleosos e uma camisa surrada da banda brasileira Sepultura, que não tira do corpo.
Um elo se fortalece entre ele e Monika quando a amiga em comum Dasha (Anna Geislerová) tem uma crise mental e é internada em um hospital psiquiátrico. Seus dois filhos pequeninos ficam aos cuidados de Tonik e Monika.
A relação da mãe desequilibrada com as crianças é o ponto mais alto e também o mais dramático do filme. Dificilmente não causará um mal estar proposital no espectador.
“ Foi uma aventura incrível filmar com as crianças. Eles carregavam a autenticidade e a força da história. Esses dois garotos são a coisa mais preciosa no meu filme, como na minha vida. Eles são irmãos e órfãos, e eu os adotei”, ainda ressalta Slama.
Neste entrelaçamento de relações complicadas e, “humanas”, Slama, consegue expor as incongruências do amor, o medo da solidão e a destreza da amizade. No final, há a sensação de ter visto uma passagem da vida de pessoas que nos rodeiam, mesmo que a gente nem saiba de onde é que venha aquela língua complicada."

airtonshinto said...

PAULA FERRAZ, do Almanaque Virtual:
"Existe uma linha bastante fina que separa o "dramalhão mexicano" e o realismo exagerado do filme Algo como a Felicidade (Stestsí, 2005), de Bohdan Sláma. Na teoria, pode parecer até a mesma coisa, mas não é. O que divide os dois é a forma como o drama é narrado, pois para algumas pessoas (assim como para os personagens dessa produção) o cotidiano pode ser tão difícil como o de uma protagonista de telenovela.
Os amigos, Monika, Tonik e Dasha, moram desde pequenos no mesmo edifício localizado no subúrbio de uma cidade industrial na República Tcheca. Cada um, ao seu modo, leva a vida de forma simples, ocultando desejos e aflições típicas de quem chega a vida adulta e não sabe como encarar a realidade social na qual está inserido. Monika, a mais centrada entre os três, espera reencontrar o namorado que foi para os EUA em busca de uma vida melhor. Tonik nutre um amor secreto por Monika, e tenta ajudar a tia a manter uma fazenda, que está sendo engolida pelo desenvolvimento industrial e Dasha é uma mulher perturbada, mãe de dois filhos, e que vive um romance irresponsável com um homem casado.
Sem perceber, cada um deles, deseja algo que o outro tem, como o amor e a família. Existe, então, uma relação de amizade e um ingênuo interesse que provoca conflitos e sentimentos, que os levam a praticar atitudes extremas. E que através desse ciclo de dificuldades, no qual são obrigados a enfrentar, os personagens Monika e Tonik começam a descobrir do que são feitos, e vão crescendo e aprendendo com os próprios erros e o da amiga, Dasha.
Assim como outra produção Tcheca, "Kolya - Uma Lição de Amor", de Jan Sverák, famosa no Brasil por ter ganhado o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1997, as crianças de Algo como a Felicidade são decisivas para a história. São elas as responsáveis pela trajetória dos personagens, como um impulso, que por serem frágeis e indefesos, os obrigam a tomar atitudes maduras e de crescimento.
Algo como a Felicidade foi o grande vencedor do Czech Lion 2005 (Prêmio do cinema nacional da República Tcheca). É uma produção que trata de temas não tão simples de uma forma bastante digna e competente. As atuações são marcantes, principalmente, a de Anna Geislerová, a intérprete de Dasha, que consegue impressionar, inclusive pela aparência perturbadora e forte, lembrando os personagens mais marcantes da atriz Glenn Close (Atração Fatal).
É um filme sensível, que merece ser visto não apenas pelos seus méritos, mas pela curiosidade em assistir a um filme de um país onde são poucos os trabalhos que chegam aos nossos cinemas, mas, geralmente, bastante apreciados em festivais e mostras do mundo todo. "

airtonshinto said...

MARCELO HESSEL, do site Omelete:
"As sobras da dependência soviética e o esforço de reconstrução da República Tcheca se fazem ainda sentir na cidadezinha industrial onde se passa a história de Algo como a felicidade (Stestí, 2005), de Bohdan Slama.
Especialmente para a juventude, depender da metalurgia, construir uma família ali mesmo dentro do condomínio apertado, dançar e embriagar-se à noite, seguir os passos dos mais velhos - enfim, contentar-se com a subsistência - é uma opção que muitos refutam quase instintivamente.
Monika não quer essa vida para si; ela só aguarda o dia em que seu namorado, que acabou de se mudar para os Estados Unidos, lhe enviará uma passagem de avião para que ela se mude também. Dasha, jovem mãe de dois filhos, apaixonada por um homem casado, não tem opção - talvez por isso ela esteja se afundando cada vez mais. Tonik também não tem muita perspectiva na vida, mas lhe basta a idéia de ajudar as duas amigas.
Tonik é apaixonado por Monika desde jovem, mas nunca tentou se aproximar em demasia. Quando Dasha surta definitivamente, Monika e Tonik passam a tomar conta dos dois filhos dela. Como o título diz, essa família construída na urgência - Monika, Tonik e filhos de Dasha - já são algo como a felicidade.
A idéia de Slama é discutir conceitos que, de maleáveis, acabam se misturando, como realização pessoal e mero contentamento. O que fazer: sonhar alto e perigar cair ou procurar a completude na modéstia?
Algo como a felicidade pode parecer, nessa simplificação, um filme conformista, mas na tela a situação é mais complexa e envolve também a questão da identidade (expatriação, emprego, ordem familiar). Para quem não procura um filme pela sua mensagem, mas pelo entretenimento, vale frisar: Algo como a felicidade trata desses dramas densos sem abrir mão da comoção. Os personagens podem ser problemáticos, mas não deixam de ser cativantes."