HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX
(Harry Potter and the Order of the Phoenix, EUA, 2007)
Direção: David Yates
Roteiro de Michael Goldenberg baseado em livro de J. K. Rowling publicado em 2003. Elenco: Daniel Radcliffe (Harry Potter); Emma Watson (Hermione Granger); Rupert Grint (Ron Weasley); Michael Gambon (Professor Albus Dumbledore); Maggie Smith (Professora Minerva McGonagall); Robbie Coltrane (Hagrid); Alan Rickman (Professor Severo Snape); Julie Walters (Molly Weasley); Fiona Shaw (Tia Petunia); Richard Griffiths (Tio Vernon); David Bradley (Argus Filch); Robert Hardy (Cornelius Fudge); Mark Williams (Arthur Weasley); David Thewlis (Remus Lupin); Jason Isaacs (Lucius Malfoy); Gary Oldman (Sirius Black); Ralph Fiennes (Lorde Voldemort); Katie Leung (Cho Chang); Emma Thompson (Professora Sybil Trelawney); Imelda Staunton (Professora Dolores Umbridge); George Harris (Kingsley Shacklebolt); Robbie Jarvis (James Potter jovem); Natalia Tena (Nymphadora Tonks); Evanna Lynch (Luna Lovegood); Helena Bonham Carter (Belatriz Lestrange); Kathryn Hunter (Sra. Figg); Sian Thomas (Amelia Bones); Jason Boyd (Piers Polkiss); Richard Macklin (Malcolm); Charles Hughes (Rabicho jovem); Susie Shinner (Lily Potter jovem); Richard Leaf (Auror Dawlish); Nick Shim (Zacharias Smith); Apple Brook (Professora Grubbly-Plank); Jason Piper (Bane, o centauro); James Walters (Sirius Black jovem); James Utechin (Remo Lupin jovem); Alec Hopkins (Severo Snape jovem); Jessica Stevenson (Mafalda Hopkirk).
Sinopse: No final de uma tarde em que a previsão do tempo garantia uma temperatura bem elevada, Harry estava sentado na cadeira de balanço do playground tentando entender porque não havia recebido nenhuma notícia que indicasse que o mundo mágico estaria se preparando para enfrentar sua maior ameaça: a volta de Lord Voldemort. Nos últimos dias Harry mal tem conseguido dormir, atormentado com pesadelos perturbadores em que revive o duelo com Voldemort e a morte de Cedrico. Enquanto isso, o primo de Harry, Duda, e seus amigos, divertem-se batendo em meninos menores.
De repente, o céu começou a escurecer, o tempo fechou e iniciou uma tempestade. Harry e seu primo são perseguidos e atacados por Dementadores, os tenebrosos seres que roubam o ânimo de viver das pessoas. Para escapar, o jovem Potter utiliza o feitiço "Expectro Patrono", o que é proibido quando os garotos bruxos estão fora da escola ainda mais na presença de um trouxa.
Harry fica indignado ao receber a carta informando que foi expulso de Hogwarts por ter violado o código de conduta mas fica mais tranquilo ao saber que Dumbledore interveio em seu favor e conseguiu fazer com que o "Caso de Potter" fosse levado ao tribunal para apreciação pela Assembléia presidida pelo rigoroso Ministro da Magia Cornelius Fudge.
Fudge não acredita que Lord Voldemort está de volta, e acha que Dumbledore está espalhando esse boato para causar tumulto e chamar a atenção para si, diminuindo seu prestígio como Ministro.
Mas a volta de Lord Voldemort é um fato evidenciado pela morte de Cedrico Diggory e que mobiliza seus opositores numa organização secreta, A Ordem da Fênix, a brigada fundada por Alvo Dumbledore durante a Primeira Guerra Bruxa, ainda nos anos 70, contra Lord Voldemort e os seus seguidores, quando Thiago e Lily, os pais de Harry Potter, foram mortos.
Com o reaparecimento de Lorde Voldemort, a Ordem da Fênix volta a se reunir na casa de Sirius Black, no Largo Grimmauld 12, em Londres. È lá que Harry reencontra o padrinho Sirius, que explica para Harry a história da Ordem da Fênix e fala sobre a iminente Segunda Guerra Bruxa que se aproxima com Voldemort reorganizando o seu antigo exército, os Comensais da Morte.
O piadista Rony e a estrategista Hermione continuam sendo os amigos leais de Potter e confidentes do interesse amoroso do bruxo, apaixonado por Cho Chang. A amizade dos três supera até a instabilidade emocional de Harry, seriamente preocupado com Voldemort.
Após sua absorvição nos tribunais, Harry retorna a Hogwarts para o quinto ano de estudos e descobre que, graças às notícias do "Profeta Diário", boa parte da comunidade bruxa foi levada a crer que o encontro de Harry com Voldemort não passou de uma mentira. O Ministro da Magia Cornelius Fudge designou para ser a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, a "tirana que veste rosa" Dolores Umbridge.
Acontece que as aulas da Professora Dolores, aprovadas pelo Ministério e que se resumem a aspectos teóricos da magia, deixam os jovens bruxos perigosamente despreparados para se defenderem das forças do mal que os ameaça, mas que são falácias no entender do Ministério. E Dolores ganha cada vez mais força em Hogwarts, ao ser promovida a Alta Inquisidora, passando a questionar os métodos didáticos empregados, o currículo de todos os demais professores e o conteúdo programático dos cursos.
Então, após uma conversa na sala comunal com o espectro de Sirius na brasa da lareira, Hermione, Harry e Rony decidem que a "nova geração" de bruxos que se opõem às forças das trevas precisa agir antes que seja tarde.
Harry começa a lecionar Defesa contra as Artes das Trevas secretamente para um grupo de alunos que se denominam "Armada de Dumbledore". Em suas aulas, Harry ensina o que aprendeu não na escola, mas na vida real, enfrentando ameaças como uma legião de Dementadores (no 3o. ano) ou o próprio Lord Voldemort frente a frente (no 4o ano).
Graças às aulas, Neville Longbottom, cujos pais, membros da Ordem de Fênix original, foram torturados até a morte por Bellatrix Lestrange, aprende a desarmar o seu oponente com o feitiço "Expelliarmus" e Gina Weasley, irmã de Rony, torna-se especialista no feitiço "Reducto", que remove objetos à sua frente.
Após o período de recesso escolar, a volta às aulas tem algumas novidades, uma boa e outra má: a boa é que Hagrid está de volta a Hogwarts depois de ter sumido por algum tempo e a má é que um grupo de dez prisioneiros fugiu do presídio de Azkaban, entre eles a terrível Bellatrix Lestrange, aliada de Voldemort.
Site Oficial: http://harrypotter.br.warnerbros.com/site/index.html
AS TENTAÇÕES DO IRMÃO SEBASTIÃO
(Brasil, 2006)
Direção: José Araujo
Elenco: Rodolfo Vaz, Marcus Miranda,Luthyane D Montmartre, Aury Porto
Sinopse: O planeta está devastado por guerras e pela poluição.Irmão Sebastião, um noviço de uma congregação que sincretiza o cristianismo da era dos mártires com cultos messiânicos do sertão, prepara-se para sua ordenação. A missão dos irmãos é pregar o evangelho dos beatos e mártires e reconstruir as esperanças perdidas nos centros urbanos e sertões. Mas, torturado por dúvidas, pela vergonha de haver sido violentado sexualmente quando criança e pela paixão desenfreada que sente pelo andrógino Irmão Gabriel, Irmão Sebastião confessa-se com o fundador da ordem, Padre Sanctus, o único que pode salvá-lo. O ano é 2030, mas pode ser qualquer futuro desolador. O foco do filme é o impasse sexual e psicológico do protagonista, que relembra de fortes momentos de seu passado, como quando, ainda menino, conheceu Exu.
Notas da Crítica:
Daniel Schenker, Contracampo: 1/4
Cid Nader, Omelete: 1/5
Rodrigo de Oliveira, Contracampo: 0/4
Ruy Gardnier, Contracampo: 0/4
MEDOS PRIVADOS EM LUGARES PÚBLICOS
(Coeurs, França/Itália, 2005)
Direção: Alain Resnais
Elenco: Sabine Azéma, Lambert Wilson, André Dussollier, Pierre Arditi, Laura Morante.
Sinopse: Flocos de neve caem sobre Paris.
A elegante Nicole está à procura de um apartamento para mudar-se com Dan, seu namorado. Ao ver o anúncio de uma oportunidade num prédio na àrea mais cobiçada da cidade, localizada próximo à Biblioteca da França e com vista privilegiada para o rio Sena, ela decide visitar o local com o corretor de imóveis Thierry.
Dan, o namorado de Nicole, desempregado desde que foi afastado da carreira militar, passa os dias no bar de um hotel, onde tornou-se conhecido por Lionel, o barman.
O corretor de imóveis Thierry trabalha numa imobiliária junto com sua colega, a religiosa Charlotte. Ela grava no videocassete de sua casa um programa de TV chamado "Canções Que Mudaram sua Vida" e empresta a fita para Thierry.
Thierry mora com a irmã, Gaëlle. Enquanto ela sai para um encontro que teria marcado com as amigas, Thierry fica em casa e coloca a fita emprestada por Charlotte para ver.
E a neve continua caindo sobre Paris...
Gaëlle disse para o irmão que sairia para encontrar-se com as amigas, mas na verdade tinha marcado um encontro pela Internet com um desconhecido num restaurante.
Enquanto Gaëlle aguarda ansiosamente pela chegada do tal desconhecido, em casa Thierry assiste ao programa de música gospel gravado na fita de Charlotte com o controle remoto na mão, avançando de vez em quando a fita para aborrecer-se menos. Mas quando acaba a gravação de "Canções Que Mudaram sua Vida", Thierry surpreende-se com um "extra" que ficou de uma gravação anterior e que não foi apagado quando o programa de TV foi sobreposto .
Arthur é o pai de Lionel. Adoecido e senil, sem poder locomover-se, ele passa os dias na cama em seu quarto sendo cuidado por mulheres contratadas pelo filho, que resiste à idéia de interná-lo num asilo.
Charlotte apresenta-se para trabalhar para Lionel depois do expediente na imobiliária.
Nicole está preocupada e irritada com a falta de empenho de Dan em encontrar um trabalho. O relacionamento entre eles está prestes a chegar ao limite.
E a neve continua caindo sobre Paris...
Bastidores: Prêmio de direção no Festival de Veneza.
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Saturday, June 02, 2007
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12 comments:
PABLO VILLAÇA, do site Cinema em Cena:
"Quanto mais avançamos na série Harry Potter, mais sombria esta fica – basta nos lembrarmos da alegria e do encantamento do personagem-título ao descobrir cada elemento fantástico do mundo bruxo no filme original para percebermos, por contraste, o desencantamento gradual de Harry com tudo que o cerca. Se antes o jovem bruxo mal continha a euforia por poder escapar dos Dursley, agora ele indubitavelmente percebe que há um preço alto a ser pago por sua liberdade: possivelmente sua própria vida. Da mesma maneira, o universo mágico criado por J.K. Rowling vem assumindo características cada vez mais incômodas: foi-se o tempo em que nos divertíamos ao vermos os bruxinhos correndo em direção à coluna que leva à plataforma 9½; agora, é mais provável que a interação entre os mundos “trouxa” e “bruxo” nos faça lembrar de Cidade das Sombras, que serve como referência óbvia na cena em que um prédio habitado por trouxas é transformado para abrir espaço ao Ministério da Magia sem que os humanos percebam o que está ocorrendo.
Foi-se, também, aquele Harry Potter de expressão extasiada dos primeiros filmes; em seu lugar, surge um rapaz amargurado que, influenciado pelas tragédias que testemunhou (e por seus hormônios em ebulição), apresenta-se sempre impaciente e nervoso – e para piorar sua situação, o confronto com Lorde Voldemort em O Cálice de Fogo transformou o garoto em centro absoluto das atenções, algo delicado para qualquer adolescente consciente de si mesmo. Como se não bastasse, A Ordem da Fênix (primeiro exemplar da série a ser adaptado por Michael Goldenberg, que substitui o habitual Steve Kloves) traz o mundo bruxo à beira de uma guerra, já que Você-Sabe-Quem, fortalecido e novamente poderoso, vem trabalhando com seus Comensais da Morte para tomar o poder – e é claro que Harry é uma peça importante nos planos do vilão.
Tornando-se o quarto cineasta a contribuir com a série, David Yates apresenta-se como uma escolha eficiente (ainda que inesperada) para comandar este quinto filme, já que sua experiência prévia – basicamente limitada a trabalhos para a tevê – revela sua familiaridade com temas essencialmente políticos, desde a série State of Play (que não vi) ao excepcional telefilme The Girl in the Café. E por que a série Harry Potter precisaria de alguém experiente em narrativas políticas? Porque A Ordem da Fênix tem, como núcleo dramático, o confronto entre Potter e o “Sistema”: sem querer aceitar o fato de que Voldemort retornou, o primeiro-ministro encarrega a ambiciosa Dolores Umbridge (Staunton) de supervisionar as atividades em Hogwarts – uma mera desculpa para tentar desacreditar Harry e seu mentor, o professor Alvo Dumbledore (Gambon). Para isso, os políticos empregam uma arma típica de seu arsenal, a mídia, utilizando-a para difamar seus inimigos. Além disso, Yates é hábil ao imprimir um tom de urgência ao filme – e (mais uma vez) ver Dumbledore nervoso ou impaciente é algo que já indica, para o espectador, a seriedade da situação (algo salientado também pela foto da formação original da Ordem da Fênix, já que somos informados de que a maior parte daquelas pessoas encontrou um fim trágico).
Com isso, pela primeira vez desde que a franquia teve início, um filme da série acaba revelando-se melhor do que o livro que o inspirou – algo que não seria difícil de alcançar, já que, particularmente, considero A Ordem da Fênix o mais fraco entre os seis livros já lançados, incluindo uma série de subtramas dispensáveis que dão a clara impressão de que Rowling estava enchendo lingüiça para aumentar o número de páginas (como referência para os fãs da escritora, meus favoritos entre seus livros são O Prisioneiro de Azkaban e O Enigma do Príncipe). O longa, em contrapartida, concentra-se nos pontos mais relevantes da trama, o que é ótimo, embora acabe falhando ao não conectá-los com mais fluidez, tornando a narrativa quase tão episódica quanto a de A Pedra Filosofal (e quando as aulas chegam ao fim, somos pegos de surpresa pela informação de que um ano se passou, já que a passagem do tempo jamais é retratada de maneira eficaz pelo filme). Para piorar, o roteiro exagera na utilização de manchetes de jornal para revelar acontecimentos importantes de forma rápida, aumentando ainda mais a sensação de que a história está saltando abruptamente de um ponto a outro. Por outro lado, é preciso reconhecer que a evolução dos treinamentos comandados por Harry é retratada com competência, ilustrando bem a habilidade cada vez maior de seus colegas da Armada de Dumbledore.
Preocupando-se bem mais com a trama do que com o desenvolvimento dos personagens, A Ordem da Fênix dedica mais tempo apenas a duas figuras: Dolores Umbridge e o próprio Harry. Encarnada por Staunton como uma criatura moralista, conservadora e sedenta de poder, Dolores é uma figura perigosa justamente por sempre manter um sorriso nos lábios e por agir como se tivesse apenas o interesse coletivo como prioridade. Daniel Radcliffe, por sua vez, concentra-se na instabilidade emocional de Potter, retratando com sensibilidade o processo de auto-conhecimento de um adolescente repleto de dúvidas sobre si mesmo. E se atores brilhantes como David Thewlis, Maggie Smith e Emma Thompson mal abrem a boca ao longo da projeção (aliás, que elenco!), Alan Rickman mais uma vez consegue transmitir toda a ambigüidade de Snape em poucas cenas – e um flashback protagonizado pelo personagem e pelo pai de Harry traz uma revelação fascinante sobre o passado dos dois bruxos, ajudando também a romper um pouco a aura de mártir beatificado de Tiago Potter (e a resultante complexidade do sujeito acaba beneficiando a série do ponto de vista dramático). Para completar, Yates demonstra ter feito o dever de casa ao incluir detalhes na interação dos personagens que certamente agradarão os fãs, como o olhar de Gina ao ver Harry caminhando em direção a Cho Chang.
Impressionante em seus aspectos técnicos (algo ao qual já nos acostumamos nesta série), A Ordem da Fênix encanta particularmente com sua direção de arte – a começar pelo imenso Ministério da Magia e passando pela sala rosada e enganosamente receptiva de Dolores Umbridge, culminando na imensa parede repleta de quadros com regras. Já os efeitos visuais se mostram relativamente inconstantes: se os “cavalos” esqueléticos que podem ser vistos apenas por quem já testemunhou a morte convencem em seu design e movimentos, outras criaturas digitais já não alcançam o mesmo sucesso – e o gigante Grope, com seus olhos sem vida, chega a ser menos convincente do que o troll do longa original. Da mesma forma, a sala de profecias que serve de palco para o terceiro ato traz um conceito visual fascinante, mas acaba se parecendo demais com o que é na realidade: um cenário virtual acrescentado sobre o green screen.
Emocionalmente inócuo, A Ordem da Fênix falha, ainda, justamente no mesmo quesito que prejudicava o livro: a morte de determinado personagem simplesmente não consegue provocar o impacto esperado, surgindo mais como um anti-clímax do que como um acontecimento dramático digno de nota. Em contrapartida, o duelo entre dois poderosos bruxos exibe uma intensidade admirável, além de transmitir muito bem o imenso poder dos dois combatentes.
Funcionando melhor em sua metade inicial, quando vemos um pouco da dinâmica entre o mundo dos bruxos e o dos trouxas (algo que merecia mais espaço), A Ordem da Fênix é indubitavelmente um bom filme, mas que acaba soando mais como preparativo para os acontecimentos dos dois últimos capítulos de uma série que, de um modo ou de outro, ainda não trouxe motivos reais para desapontamentos. "
NEUSA BARBOSA, do site Cineweb:
"Este quinto filme da milionária franquia cinematográfica, desenvolvida a partir dos livros da escritora escocesa J. K. Rowlings, aprofunda o tom sombrio na personalidade do personagem, vivido desde a infância pelo jovem ator britânico Daniel Radcliffe. Dirigido pelo diretor britânico David Yates e com roteiro assinado por profissional que ainda não tivera experiência com a série, Michael Goldenberg, Harry Potter e a Ordem da Fênix é movimentado por acontecimentos sinistros.
Logo no começo, Harry enfrenta a ameaça de expulsão de sua escola, Hogwarts, por ter usado a magia diante de um “trouxa” – como são chamadas as pessoas normais, sem poderes mágicos. No caso, tratava-se de seu primo Duda Dursley (Harry Melling), que Harry acaba salvando quando os dois sofrem o ataque de terríveis criaturas, os dementadores.
Defendido por um grupo fiel de professores de Hogwarts, além do diretor da escola, Alvo Dumbledore (Michael Gambon), Harry ganha ao menos a oportunidade de defender-se, revertendo a punição. O incidente é apenas o começo de uma disputa de poder que abalará a escola de Hogwarts.
De um lado estão o atual diretor e um grupo de professores e outros bruxos como Sirius Black (Gary Oldman). Estes bruxos formaram uma sociedade secreta, a Ordem da Fênix, que se mobiliza há tempos para enfrentar as forças do mal, representadas pelo poderoso Lorde Voldemort (Ralph Fiennes) – aquele mesmo que matou os pais de Harry e lhe produziu a cicatriz que ele guarda na testa.
Do outro lado, está a nova professora Dolores Umbridge (Imelda Staunton, indicada ao Oscar em 2005 por “Vera Drake”). Ela representa os interesses do ministro da Magia, Cornélio Fudge (Robert Hardy), que acredita que o diretor de Hogwarts está de olho em seu lugar. Aproveitando-se da paranóia do ministro, ela muda os currículos da escola e cria uma série de assustadoras novas regras autoritárias, tornando-se a inquisidora do lugar.
Impossível não ver algum sentido político nesta disputa de poder e neste retorno ao obscurantismo mais medieval representado por Umbridge – que tem até um modelo ideal num passado recente na Inglaterra, a ex-ministra britânica Margaret Thatcher. A crescente chamada por mais ordem autoritária para enfrentar a ameaça terrorista em todo mundo com certeza se encaixa com perfeição como uma das fontes de inspiração neste novo ambiente de Hogwarts. Nem o mundo da feitiçaria escapa a tentativas de ditadura.
Felizmente, nunca se deixa de lado a fantasia, ainda que o tom predominante seja mesmo sombrio. As forças do mal estão se organizando e Harry descobre que Voldemort pode entrar na sua mente – e vice-versa.Este detalhe contribui para que Harry se sinta atormentado e sozinho e procure cada vez mais para assumir responsabilidades de adulto. No filme, aliás, ele dá seu primeiro beijo. O que é muito coerente com a figura real do próprio ator, que completa 18 anos no próximo dia 23 e já apareceu até nu na peça Equus, de Peter Shaffer, em Londres.
Seus fiéis amigos, Ronny Weasley (Rupert Grint) e Hermione Granger (Emma Watson), não ficam atrás. Ambos estão bem altos e com cara de adultos, especialmente Emma, uma verdadeira moça e muito bonita. Ela tem até um momento parecido com o filme King Kong, quando um gigante, Grope, a pega no colo e a olha com amor. Tudo acaba bem, porque Hermione consegue convencê-lo a colocá-la no chão, sem um arranhão. A moça tem personalidade.
O tema da passagem de responsabilidade de uma geração a outra é importante na trama. Os bruxos da Ordem do Fênix vão contar cada vez mais com a participação de Harry para combater Voldemort. Ele, por sua vez, esforça-se para assumir seu papel, com a ajuda dos fiéis amigos Ronny e Hermione, mas também de alguns outros.
Um novo rosto na turma é da atriz Evanna Lynch, escolhida entre 15 mil jovens britânicos para interpretar Luna Lovegood. A nova aluna de Hogwarts tem o mesmo poder de Harry para enxergar algumas criaturas e ouvir algumas vozes que os demais bruxinhos não conseguem. Por isso, entra no pequeno grupo de alunos que vai se chamar “Armada de Dumbledore” e treinar secretamente seus dons de magia, longe do conhecimento da inquisidora Umbridge, que agora só quer que a moçada se entregue a exercícios teóricos. Nada de magia, nada de namoros, nada de reuniões secretas, é o que pretende a ditadora megera.
Sem esquecer também que se trata de uma aventura, há bons momentos de diversão. Como aquele em que os gêmeos Weasley (James Phelps e Oliver Phelps) promovem uma rebelião voando em vassouras e usando fogos de artifício em dia de provas e uma perseguição dentro da galeria das profecias, repleta de prateleiras e esferas de vidro. Esta última seqüência foi o primeiro set completamente gerado por computador de um filme de Harry Potter, já que seria impraticável construir e quebrar depois nada menos de 15 mil esferas de vidro, como chegou a ser imaginado pelos produtores. "
DIEGO BENEVIDES, do site Cinema com Rapadura:
"Hogwarts já não é a mesma. O sol que, anteriormente, embelezava o céu azul do mundo mágico cheio de seres estranhos e aprendizes de bruxos, já se esconde atrás das montanhas mais distantes. A constante névoa escurece o castelo que, agora mais do que nunca, não está seguro (algum dia já esteve?). Dumbledore e sua escola parecem estar esperando a qualquer minuto o início de uma batalha que, certamente, não terá hora para terminar. Antes de iniciar o quinto ano de estudos e ver com os próprios olhos que Hogwarts não passa mais aquelas segurança e receptividade de antes, Harry Potter desfruta da solidão de sempre que ataca suas férias anuais. Sempre desrespeitado pela família de tios trouxas, o bruxo acaba se deparando com uma esquisita mudança de tempo, enquanto discutia com o primo Duda. Durante a fuga, os dois vão parar em um túnel, que é invadido por dois dementadores que os fazem de refém. Ameaçados de morte, Harry solta o feitiço do patrono e se livra das aberrações, recebendo a ajuda da Sra. Figg para rebocar Duda para casa, que estava em choque.
Ao chegar em casa, Harry é ameaçado pelos tios após Duda dedurar que ele tinha causado tal perturbação. Como se não bastasse, o protagonista recebe uma carta do Ministério da Magia informando que ele fora expulso de Hogwarts por não ter a idade permitida para usar magia, principalmente na frente dos trouxas. Sem saber o que fazer, Harry acaba sendo resgatado por uma trupe de bruxos, composta pelos conhecidos professores Quim e Moody, além da exótica Tonks. O grupo vai parar em uma sede conhecida como a Ordem da Fênix, onde Harry encontra a família Weasley, os amigos Rony e Hermione, além de outros rostos conhecidos, como o do seu padrinho Sirius Black. Lá, o garoto fica sabendo que o Ministro da Magia, Cornelius Fudge, está usando seu poder para abnegar que Lord Voldemort teria voltado a atormentar o mundo bruxo, fato este a ser defendido por Harry e Dumbledore. Logo, Harry estaria frente a frente com Fudge para um julgamento sobre o acontecimento com os dementadores, no qual é absolvido pela maioria dos votos.
De volta a Hogwarts, uma das surpresas é a mudança do professor de Defesa Contra a Arte das Trevas, indicada por Fudge, agora ficando a cargo da “rosada” Professora Dolores Umbridge. Sendo uma das que duvidam da volta de Voldemort, a professora afirma que sua metodologia de ensino será apenas teórica, fazendo com que os bruxos deixem de lado as varinhas e façam apenas os testes finais. Ameaçados por um ataque a qualquer momento de seres do mal, Harry e seus amigos resolvem montar um grupo para treinar a disciplina de forma prática, ficando preparados para qualquer evento. É aí que Harry assume o comando do grupo e passa a ensinar feitiços para os bruxos mais inexperientes, como Gina Weasley, Cho Chang e Luna Lovegood, no que foi intitulado Armada de Dumbledore. Enquanto isso, Dolores Umbridge aplica disciplinas severas em Hogwarts, chegando a tomar a direção de Dumbledore. Os heróis terão que lidar com todos esses contratempos que parecem não ser nada fáceis de resolver.
A franquia Harry Potter tem um quê de fascínio que conquistou (e ainda conquista) milhões de admiradores no mundo todo. Desde que o primeiro volume, “A Pedra Filosofal”, foi lançado nas prateleiras das livrarias, o fenômeno se espalhou como água. Logo, a Warner Bros. abriu os olhos para levar a história do aspirante a bruxo aos cinemas, garantindo, caso tivesse bom resultado, uma série de sete filmes, já que a autora da saga, a britânica J.K. Rowling havia prometido uma septologia para a história de Harry Potter. Seriam sete anos de estudos e amadurecimento não só como bruxo, mas também em questões pessoais. Entretanto, é bom ressaltar que um dos fatos mais interessantes é que o amadurecimento que atingiria os personagens no decorrer dos anos, também acaba sendo paralelo ao que atinge os leitores. O que vemos atualmente é um número crescente de adolescentes sendo mais fãs de Harry Potter do que crianças, justamente pelo fato de terem sido envolvidas com a história quando aqueles eram mais jovens. A curiosidade continuou incitada e a febre não passou. É bem diferente de hoje um pai comprar o conjunto de livros ou filmes e fazer com que uma criança de dez anos veja tudo e consiga entender o crescimento da história. Claro que, neste caso, entenderá em partes, mas não terá feito parte de uma cultura(!) que envolve "n" coisas para funcionar do jeito que fora planejado.
Nos dois primeiros filmes e livros, o que é notável é aquele sentimento de descoberta de um mundo mágico que, certamente, muitos gostariam de conhecer. Quem, por exemplo, não gostaria de sair por aí soltando Reductos em várias pessoas? Chris Columbus fez nos dois primeiros filmes um ensaio de um mundo que, mesmo ameaçado por aberrações, estava ali para proteger e mostrar um pôr-do-sol bonito a cada fim de dia. No terceiro filme, “O Prisioneiro de Azkaban”, Alfonso Cuarón, injustamente criticado por alguns fãs, começa a mostrar uma imensidão sem limites para o desenvolvimento da história. Cuarón conseguiu estabelecer metas não só de roteiro, mas também de visual e de crescimento dos personagens, que pode ser vista nos filmes seguintes. Cuarón foi o primeiro a aderir a uma filosofia que iria interfeor não somente na história, mas também em relação à direção de atores. Os personagens principais começaram a passar mais segurança de seus papéis e até a melhorar a atuação após o dedo do diretor. No quarto filme, a trama deixa a entender que, desta vez, tempos ruins em Hogwarts realmente estão por vir. No quinto, muito do que foi reclamado das outras películas foi consertado e está digno a aplausos.
Uma semelhança dos filmes citados acima é, de certa forma, uma redundância ao se falar de Harry Potter. Não adianta esperar que todos os detalhes dos livros consigam estar presentes nos longas e isso continuará acontecendo nos dois últimos que virão por aí. Em “A Ordem da Fênix”, já era de se imaginar que grande parte da história passasse por uma peneira para se encaixar em um filme de duas horas e dezoito minutos. Seria ingenuidade analisar o nível da adaptação, percebendo que nunca será satisfatória ao extremo. Vale ressaltar que isso não é só para Harry Potter, mas para qualquer outro filme adaptado. De qualquer forma, o que vai reger a produção cinematográfica é justamente a capacidade de desenvolvimento do enredo e da linearidade que basta para o entendimento, seja de quem leu a obra, ou dos que apenas gostam dos filmes. Neste quinto filme, David Yates controla com mãos de ferro uma história que mexe com o público em diversos âmbitos, desde toques de humor, até momentos de tensão ou emoção.
Com uma harmonia clara com o roteiro, desta vez adaptado por Michael Goldenberg, Yates pensa em todos os detalhes para amarrar a história que tem nas mãos. O diretor entende que, mesmo na fase da adolescência, muita maturidade é exigida de seus personagens e isso acaba sendo dignamente mostrado. O pequeno Harry Potter já não é tão pequeno assim e se impõe, fica perturbado com seus poderes, grita com superiores e toma decisões importantes. Com ele, Rony e Hermione continuam sendo o suporte do que é preciso para haver um funcionamento lógico das coisas. Como se não bastasse o crescimento de uma consciência dos personagens, estes passam por conflitos adolescentes que não são abordados de formas enlatadas como podemos ver em diversos outros filmes adolescentes. Tudo vai fluindo naturalmente e ganhando dimensões assustadoras. O diretor conseguiu trabalhar com os feitos iniciais de Cuarón, dando atenção especial também aos atores. Quanto à história, Yates não tem medo de escurecer a película e criar momentos de quase-terror-suspense. É incrível como, de uma hora para a outra, um sentimento é rapidamente substituído por outro e a incerteza do que acontecerá causa uma tensão cada vez mais forte. É isso que chama a atenção em um filme desse naipe.
Sem medo de mostrar sangue e cicatrizes, o longa chega com uma proposta sombria que, obviamente, será o pano de fundo das próximas produções, já que a história promete muita surpresa, além da luta final de Harry e Voldemort. Yates controla o timing das cenas e dá um luxuoso toque de ousadia em alguns planos que constrói. As passagens de cena também são bem pensadas e o uso de gruas e câmeras altas continuam funcionando de forma adequada. Além de criar o clima para toda e qualquer tomada, Yates abusa da criatividade para fazer surgir tiradas impagáveis, que vão moldando a personalidade de cada personagem. Conseguimos ver um Harry Potter mais determinado a atingir seus objetivos, enquanto seu primo Duda vira um dos arruaceiros da cidade. Do mesmo modo, Rony e Hermione começam a criar uma tensão apaixonada, bem como Gina, que se rói com apenas um olhar para Harry e Cho. A irremediável Dolores Umbridge irrita com o sorriso irônico e a presença arrebatadora em qualquer cena. Sibila, por menos que apareça, apieda qualquer fã quando quase é expulsa de Hogwarts. Snape continua o ser introspectivo e esquisitão que sabe ser engraçado e impiedoso nas horas certas. Luna, a lunática em eterno transe, exala uma identificação muito forte com Harry, por terem passado por coisas semelhantes. Dumbledore salva a pátria várias vezes e dá um verdadeiro show na batalha final. Sirius Black precisa somente piscar um dos olhos para eletrizar o público. Todas essas características, e outras, são responsáveis por um filme com pé no chão e sem maneirismos que qualquer outro diretor talvez tivesse apelado em vários momentos.
Como nem sempre um diretor basta para fazer de um filme um sucesso, a vasta colaboração do elenco em deixar se envolver com uma história mais madura rendeu bons resultados. Por mais que ainda não esteja em sua melhor forma, Daniel Radcliffe assume Harry Potter com mais punho e decência. O mesmo serve para Rupert Grint, levemente apagado do quinto filme, porém com uma postura mais correta. Emma Watson desde sempre mostrou uma facilidade em se comunicar com as câmeras e só aperfeiçoa o talento a cada produção. Entretanto, “A Ordem da Fênix” tem somente uma dona: Imelda Staunton, ou a odiada Dolores Umbridge. Trejeitos, olhares, intolerância e outras características fizeram com que Staunton roubasse a cena e se revelasse o melhor investimento do quinto longa. Ao lado dela, a pottermaníaca Evanna Lynch faz de Luna Lovegood um personagem muito interessante e que causa bons momentos em cena. Sempre no mundo da lua, Luna ressalta bem os dotes de seu personagem e ensina muito a Harry. Gary Oldman traz de volta o cultuado Sirius Black em uma performance também arrebatadora. Ele só precisa constar na cena que já consegue o máximo do seu personagem. Michael Gambon abusa do bom senso de Dumbledore e dá uma aula de atuação, principalmente ao enfrentar a ira de Ralph Fiennes, como Voldemort. Em participação menor, Helena Bonham Carter como Belatriz Lestrange, Maggie Smith, como Minerva McGonagall, Jason Isaacs, como Lucio Malfoy, dentre outros, também são dignos de méritos.
“A Ordem da Fênix” também abusa dos efeitos visuais em grandes proporções, porém torna piegas alguns mais simples que poderiam ter recebido uma maior atenção. A preocupação com as cores e com os detalhes característicos de cada cena dão um caráter mais obscuro à fotografia do longa, sendo assim positivo para o context, além da direção de arte impecável, que constrói cenários grandiosos e realistas. A trilha sonora continua sendo um dos pontos altos do filme, agora aparecendo com mais vitalidade, ou mortalidade. Ainda no quesito sonoro, a captação de sons está detalhista, mas poderia ter deixado de lado sons comuns e "de arquivo" como os de felinos. Detalhes desagradáveis a parte, o longa se destaca por um olhar que traduz sentimentos, por gestos e momentos únicos, mostrando que, se continuar seguindo esta linha, trará nos próximos dois filmes um verdadeiro ensaio de bons elementos que se harmonizam e dão certo. É impossível não vibrar ou se emocionar e ficar ansioso para a próxima façanha dos bruxos mais queridos do mundo."
RODRIGO CARREIRO, do site Cine Reporter:
"Premiado por trabalhos na televisão inglesa, o diretor David Yates deu um passo ousado ao estrear no cinema assinando “Harry Potter e a Ordem da Fênix” (Harry Potter and the Order of the Phoenix, EUA/Inglaterra, 2007). Comandar um exemplar da franquia do bruxo adolescente não é nenhum doce de coco. O tamanho da produção, que envolve uma equipe técnica formada por algumas centenas de especialistas e pelo menos três dúzias de atores experientes, é capaz de intimidar até mesmo veteranos. Por causa disso, antes mesmo do lançamento, muitos fãs temiam pelo resultado do filme, cuja narrativa é a mais longa e intrincada da série de romances da inglesa J.K. Rowling.
O resultado final, porém, é surpreendentemente bom (especialmente para quem não leu os livros e não tem como fazer comparações desnecessárias). Apesar de amarrado pela necessidade de ser excessivamente fiel ao livro, sob pena de fazer o filme sucumbir ao peso das reclamações dos milhões de fãs irados que querem ver na tela cada detalhe da trama dos livros, Yates foi capaz de elevar as nuances emocionais do protagonista a um novo patamar. Mesmo com três dúzias de personagens, que emperram e enferrujam a narrativa, fazendo-a ranger como uma fechadura velha, o novo diretor teve sucesso na tarefa de humanizar o bruxo adolescente. O filme logra sucesso ao transformá-lo em uma figura trágica, atormentada, que finalmente empresta à serie, como um todo, uma dimensão apenas sugerida nos capítulos anteriores.
“Harry Potter e a Ordem da Fênix” não tem a inventividade visual, as elipses criativas ou o arrojo dramático de "O Prisioneiro de Azkaban”, terceiro filme da série, e primeiro em que o personagem ganhou multidimensionalidade. Também não possui as seqüências fogosas (a partida de quadribol, o confronto no labirinto) de “O Cálice de Fogo”, quarto exemplar da franquia. Estes dois são considerados por todos os melhores filmes com o personagem. Por outro lado, “A Ordem da Fênix” supera de longe o tom didático e infanto-juvenil dos dois primeiros títulos (“A Pedra Filosofal” e “A Câmara Secreta”). Um olhar mais atento, porém, dribla todas essas observações acima. A chave para apreciar o que há de melhor no quinto longa da franquia é analisá-lo como parte de um todo maior, e não como um filme que se basta em si mesmo. Este é o capítulo da história de Potter que se firma como peça fundamental na tarefa de dar unidade e peso dramático à série. É preciso, contudo, vê-la como uma história única dividida em sete capítulos.
O trabalho fundamental de Yates foi manter intacto o cerne dos últimos dois filmes – as aventuras, as intrigas, os namoricos, o primeiro beijo, tudo isso é poeira para os olhos. O que interessa está sob a superfície: a evolução dramática do protagonista, a sua transformação. O diretor acerta ao acrescentar novas camadas psicológicas ao desenvolvimento de Potter, tornando-o um personagem mais trágico e mais complexo. Nos dois primeiros filmes, o pequeno bruxo era só um fedelho assustado com certo talento para mágica. O mexicano Alfonso Cuarón e o inglês Mike Newell iniciaram a transformação do pirralho em adolescente com hormônios agitados. Yates vai mais longe, e completa a tarefa ao radiografar Potter como um líder inseguro e triste, um rapaz solitário para quem o talento nato para a magia é menos uma benção e mais uma maldição. “A Ordem da Fênix” antevê aspectos trágicos e sombrios que, nos dois capítulos finais da série, darão à jornada de Harry Potter um sentido completo de humanidade.
Na tarefa de transpor os eventos mostrados no livro – uma maçaroca de 700 páginas – para a tela, Yates e o roteirista Michael Goldenberg mostram poder de síntese. É verdade que a trama sofre com os excessos de personagens e pequenas aventuras secundárias, mas a dupla sabia que não havia maneira de driblar este problema com cortes muito radicais na narrativa. Deste problema decorrem outros, como o grande número de diálogos expositivos (talvez um problema que Yates trouxe de seu passado televisivo, já que n TV estes diálogos são comuns). Um exemplo claro: numa confissão de grande carga emocional, em conversa com o padrinho e mentor Sirius Black (Gary Oldman), Potter diz estar sentindo raiva o tempo todo, e teme que isto seja um sinal de que pode estar se transformando em um novo Voldemort, o grande vilão da série. A resposta de Black é o melhor momento do filme, mas este diálogo não encontra amparo nas cenas que vieram antes – quantas vezes, neste filme, você tinha visto Harry Potter com raiva?
Entre os pontos negativos também estão, por incrível que pareça, alguns dos efeitos visuais. Embora as aventuras de Harry Potter integrem uma das franquias mais milionárias do cinema contemporâneo, com cada filme arrecadando cerca de US$ 1 bilhão nas bilheterias, a qualidade dos efeitos digitais não se compara aos melhores filmes (“King Kong”, “Homem-Aranha”) de Hollywood. Aqui, isto fica evidente a partir do design pobre, nada realista, da criatura de maior destaque na trama – o gigante Grope, meio-irmão de Hagrid (Rob Coltrane). Construído em CGI, com a mesma técnica utilizada para compor o magistral Gollum (de “O Senhor dos Anéis”, ainda a maior referência na área), o gigante debilóide tem evidente dificuldade em demonstrar sentimentos através das expressões faciais.
Por outro lado, a vibrante seqüência final – um duelo de mágicos empolgante, cheio de perigo e totalmente realista – mostra que o esforço para criar bons efeitos especiais foi empregado aonde realmente era necessário. Outro grande acerto é a clara evolução do ator Daniel Radcliffe, que interpreta Harry Potter. Até o terceiro filme, parecia que o menino carecia de talento dramático, mas “A Ordem da Fênix” confirma o crescimento dele como intérprete – tanto isso é verdade que Radcliffe engole todos os outros atores-mirins com quem contracena, estando quase à altura de pesos pesados como Michael Gambon (o sábio Dumbledore) e a magistral Imelda Staunton, que está espetacular na pele de Dolores Umbridge, a interventora casca-grossa da escola de Hogwarts cuja paixão por gatos e roupas cor-de-rosa esconde uma pessoa inflexível e sádica.
Um problema especialmente claro – mas não exatamente um defeito – é a grande quantidade de referências a personagens e eventos mostrados nos quatro filmes anteriores da série. Até o quarto longa, os novatos poderiam mergulhar no universo mágico de J.K. Rowling sem seguir a série cronologicamente, mas isto não ocorre desta vez. De qualquer forma, este dado confirma a maior virtude de David Yates: ver “Harry Potter e a Ordem da Fênix” não como uma aventura isolada, mas como filme de transição da franquia, uma ponte que prepara o protagonista para visitar uma dimensão emocional que os filmes anteriores apenas insinuavam. Em outras palavras, pode ser que este longa-metragem não seja percebido no futuro como a melhor aventura do bruxo adolescente no cinema, mas certamente será visto como aquele que transformou um rapazinho promissor em um personagem sólido."
IGOR VIEIRA, do site Cinema com Rapadura:
"Após os últimos acontecimentos no quarto ano letivo da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Harry Potter (Daniel Radcliffe) está de volta ao mundo dos trouxas em mais um verão ao lado dos tios no subúrbio inglês. O retorno do Lorde das Trevas, no entanto, ameaça até a pacata Rua dos Alfeneiros. Sofrendo com as memórias da recente morte do amigo Cedrico Diggory e atormentado pelo primo Duda Dursley (Harry Melling) e seus amigos valentões, Harry é atacado por dois dementadores. Obrigado a usar o feitiço do patrono para defender-se, é expulso de Hogwarts pelo Ministério da Magia por usar indevidamente seus poderes diante de trouxas.
Resgatado pela Ordem da Fênix, organização criada pelo Professor Alvo Dumbledore (Michael Gambon) nos tempos em que Voldemort aterrorizava os bruxos, Potter é levado à sede da organização, onde toma conhecimento que ganhou o direito a um julgamento antes da expulsão. Livre de todas as acusações, ele retorna à escola junto de seus amigos inseparáveis Rony (Rupert Grint) e Hermione Granger (Emma Watson) e descobre um ambiente hostil, no qual poucos acreditam em seus relatos sobre o encontro com Lorde Voldemort e acusações de complô entre o garoto e Dumbledore para tomar o poder são constantemente publicadas no jornal Profeta Diário.
Para exercer total controle sobre Hogwarts e manter-se mais perto do diretor, o Ministro Cornélio Fudge (Robert Hardy) nomeia a subsecretária Dolores Umbridge (Imelda Staunton) como professora de Defesa Contra as Artes das Trevas e alta-inquisidora do Ministério. Infernizando a vida dos alunos, Umbridge os proíbe de preparar-se para a guerra iminente, forçando Harry, Rony e Hermione a criar um grupo intitulado Armada de Dumbledore, que teria reuniões secretas nas quais o primeiro faz às vezes de professor e ensina aos outros feitiços defensivos.
Anunciado como o mais sombrio dos cinco filmes da franquia, “Harry Potter e a Ordem da Fênix” começa mantendo o ritmo de melancolia e medo deixado ao final de “Harry Potter e o Cálice de Fogo”. Com o desenrolar da história, as situações que envolvem humor, romance e o clima de magia sempre presente na série equilibram a tensão. Aliás, ainda não entendi o porquê do rótulo de “mais sombrio”. É evidente o suspense e o terror criado nas cenas em que Voldemort aparece para Harry em sonhos e visões e na batalha final, mas o humor é muito bem utilizado para amenizar o clima, inclusive em uma das personagens mais tiranas, a alta-inquisidora Umbridge, o que justifica a classificação livre para a produção, diferentemente de “O Cálice de Fogo”, restrito a maiores de 10 anos.
Pela primeira vez nas mãos de David Yates, “A Ordem da Fênix” foi responsável por introduzir personagens novos e muito importantes para o desfecho da saga do bruxinho. O diretor, com a ajuda das intérpretes, criou três personagens femininos melhor do que os fãs poderiam imaginar. São elas Luna Lovegood, Belatrix Lestrange e Dolores Umbridge. A jovem Evanna Lynch, pottermaníaca, venceu milhares de jovens em testes e conferiu doçura à avoada Luna. Helena Bonham Carter parece ter saído direto de um filme de Tim Burton (seu marido) e, apesar do pouco tempo em cena, faz de Belatrix uma louca odiável. Essa referência ao universo de Burton desperta mais uma vez a questão de como seria um Harry Potter conduzido pelo diretor de “A Noiva Cadáver” e “Os Fantasmas Se Divertem”. A melhor das três é, sem dúvidas, Imelda Staunton. Confesso que após assistir a “O Segredo de Vera Drake” não pude imaginar como a gentil intérprete de Vera Drake daria vida à severa Professora Umbridge, mas Staunton não decepcionou. Ela criou uma afetada e cínica Dolores que irrita até os mais indiferentes à projeção. Não seria exagero conferir à atriz uma indicação aos maiores prêmios da indústria cinematográfica.
Outros personagens que fazem sucesso com os fãs e foram introduzidos na película, porém sem muito tempo para seu desenvolvimento, foram a auror Nynphadora Tonks e o elfo-doméstico Monstro. Os nomes já conhecidos e as atuações já celebradas de Alan Rickman (Severo Snape), Maggie Smith (Minerva McGonagall), Emma Thompson (Sibila Trelawney), Gary Oldman (Sirius Black em sua melhor forma) e Michael Gambon (Alvo Dumbledore na melhor interpretação de Gambon para o papel) também estão presentes. Do trio principal, o roteiro não exigiu muito de Grint e Watson, que mantém entre seus personagens um clima de brincadeiras que oscila entre romance e amizade. Radcliffe, por sua vez, evoluiu muito de seu último e insatisfatório desempenho em “O Cálice de Fogo” e segurou as pontas das confusões hormonais enfrentadas por Harry.
“A Ordem da Fênix” enche os olhos do espectador com os belíssimos efeitos visuais que vão dos mais simples e tradicionais que servem para incorporar a atmosfera de magia ao cotidiano da escola e aos arrasadores feitiços lançados na batalha final do Ministério. Bonito de ver ainda são as seqüências que se passam no ar. Quando resgatado pela Ordem, Harry e os outros sobrevoam uma Londres noturna toda iluminada. As criaturas mágicas criadas por computação gráfica continuam a não decepcionar. Centauros, dementadores e elfos-domésticos ganharam a companhia de um meio-gigante e trestálios.
Suspense na medida certa compondo com a trilha sonora marcante, Yates construiu um filme que garante ao espectador emoções variadas, utilizando o humor como saída em grande parte da projeção, o que lembra muito o trabalho de J.K. Rowling nos livros. Se tivesse saído como anunciado pelo trailer e pela crítica, talvez não tivesse agradado aos fãs mais ardorosos, que reclamaram de "O Cálice de Fogo" ter focado somente no torneio tribruxo e ter esquecido outras tramas. Seria outro trabalho se centrado somente no horror da retomada de Voldemort, sem as emoções mais delicadas presentes nas cenas mais leves e recordações em formas de flashback. O resultado do filme de Yates, apesar das mudanças em relação ao livro devido ao tempo, é das cinco fitas levadas às telonas aquela que mais se aproxima da mensagem de amor e amizade como principais armas contra o mal presentes no texto de Rowling. Piegas? Definitivamente. Mas qual clichê que bem construído não é perdoado?
Em tempo, alguns comentaram da importância da obra de Rowling para a literatura inglesa. Além das mudanças operadas nos personagens com o passar do tempo, ela soube incorporar elementos sérios como uma ditadura reacionária que domina a imprensa, interfere na educação e censura qualquer manifestação contrária. O diretor aproveitou o conteúdo presente no texto e fez referências claras ao clássico “Cidadão Kane” de Orson Welles."
EMILIO FRANCO JR., do site Cineplayers:
"Na literatura a lógica tem se mantido. Com o amadurecimento de seus personagens, os livros da série Harry Potter sempre superam seus antecessores. Já no cinema, essa lógica não funciona muito bem. Harry Potter e a Câmara Secreta, por exemplo, é inferior ao primeiro longa, e esta quinta produção, Harry Potter e a Ordem da Fênix, não consegue superar o quarto filme, de Mike Newell, que é o melhor de todos. Mas isso não significa que a mais nova aventura do bruxo mais famoso do mundo seja ruim. Pelo contrário, é boa. Entretanto, fica a sensação de que poderia ter sido melhor.
Como se já não bastasse ter passado as férias de verão inteira na companhia dos Dursley e sem nenhuma notícia de seus amigos, Harry ainda tem de enfrentar o ataque inesperado de dois dementadores – guardas da prisão de Azkaban -, que, inexplicavelmente, atacaram a ele e a seu primo, Duda, no bairro da família, em Londres. Como a prática de magia fora da escola de Hogwarts é proibida para menores de 17 anos, o bruxo corre o risco de ser expulso da escola caso um tribunal do ministério da magia entenda que essa é a medida correta a ser tomada. Nesse meio tempo, alguns bruxos, entre eles Olho Tonto Moody, vão à casa dos Dursley para resgatar Harry, e levá-lo para a sede da Ordem da Fênix, onde diversos bruxos, inclusive seu padrinho Sirius Black, reúnem-se para discutir como combater as ações do Lorde das Trevas. Absolvido das acusações contra ele, Potter e seus amigos terão de enfrentar um ano complicado em Hogwarts, com desafios cada vez mais perigosos.
O novo Harry Potter está melhor em muitos aspectos. O principal deles foi saber como transpor a história para as telas sem prejudicar o entendimento. A produção aborda todos os conceitos do livro de maneira clara, e mesmo quem nunca leu um livro da série, saberá tudo o que ocorre, e tudo que de importante aconteceu no longa anterior. Uma continuação muito coerente. Dinâmicas, as duas horas e meia de filme passam rápido, ou ao menos não demoram. Além disso, os conflitos internos de Harry são interessantes. Se a história, acompanhando o crescimento de seus leitores, fica, a cada livro, menos infantil, o filme tem de acompanhar essa mudança. Mas às vezes ainda peca ao tentar apropriar a produção para todas as idades. No livro, tudo parece muito crível e realista – mesmo o leitor sabendo que não é -, no longa, há momentos em que a credibilidade é afetada. Voltando a analisar o personagem principal, Harry sente-se, no início, sozinho e se isola de seus amigos por não saber com quem pode contar para enfrentar os problemas que vieram – e ainda o atormentam – e os que virão.
O crescimento de Harry vem acompanhado de seu primeiro beijo. A cena em que o bruxo beija a estudante Cho Chang vai se desenhando de maneira clara e calma, até que o inevitável momento chega, sem que ocorra nenhum tipo de exagero, apenas um beijo simples. Mas, o mais empolgante não é ver Harry dando seu primeiro beijo, e sim a conversa em que ele conta para Rony e Hermione sobre o ocorrido. As colocações de Rony são sensacionais. E as conclusões de Harry sobre como foi o beijo também não ficam atrás. Vale lembrar que Chang é ex-namorada de Cedrico Diggory, personagem assassinado na produção anterior. E as mortes são outro ponto que amadurecem a história. Aqui, Harry novamente passará pela desagradável experiência de perder alguém. Sem falar que, a cada filme, vai se desenhando o caminho para histórias cada vez mais sérias e trágicas. Prepare-se para acompanhar mais perdas nas próximas continuações. Em filmes com mocinhos e vilões bem definidos, como os desta série, poderíamos acompanhar um filme maniqueísta, mas isso é inexistente em Harry Potter. Além de o próprio personagem colocar em cheque sua condição de pessoa boa, há ainda o trecho em que Sirius diz ao garoto que ninguém é inteiramente bom ou ruim. Todos têm um pouco de treva e luz dentro de nós. Que bom que a produção deixa claro querer se afastar desse conceito de batalha “bem X mal”, aproximando-se mais do conceito de “liberdade X tirania violenta”.
Os alunos dividem-se, em Hogwarts, entre aqueles que acreditam e os que duvidam da versão de Harry a respeito do retorno de Voldemort. Esta é a divisão principal do filme, tanto que em momento algum são citados os nomes das casas (Sonserina, Grifnória, Corvinal e Lufa-Lufa), com exceção das cenas no refeitório, porque desta vez não importa quem defende qual casa, mas sim, quem defende Harry e quem o acha um louco.
As interpretações estão melhores. O trio mirim melhorou muito, mas ainda não chegou a um nível ideal de interpretação, com exceção de Rupert Grint, o Rony, que claramente é o ator que mais amadureceu profissionalmente, e realiza um trabalho muito competente sempre que aparece. Outra figura interessante em cena, como não poderia deixar de ser, é Lorde Voldemort, vivido pelo ótimo Ralph Fiennes. Seu vilão é bastante imponente. Mas quem rouba a cena é a competente Imelda Stauton, intérprete da nova professora de defesa contra a arte das trevas, Dolores Umbridge. Com um jeito meigo de ser detestável, a atriz soube bem encarnar o espírito de sua personagem.
Falando em Dolores Umbridge explicarei melhor seu papel no filme. Durante o julgamento de Harry, ela deixa claro ser uma importante aliada do ministro da magia, Cornélio Fudge, que nega o retorno de Voldemort acusando Harry e Dumbledore de estarem mentindo a fim de que o diretor de Hogwarts possa assumir a posição de ministro. O método de aula da professora, apenas teórico, desagrada os alunos que acreditam no retorno de Voldemort e, por isso, acham que não estão sendo devidamente preparados para se defender do poder das trevas. Enquanto Dolores vai aumentando seu prestígio junto ao ministro e tendo, conseqüentemente, mais poderes na escola de magia, os alunos descontentes, liderados por Harry, formam a organização secreta ”Aramada de Dumbledore”, que tem como objetivo ensinar defesa contra as artes das trevas na prática.
Os alunos estão cada vez mais independentes e mais conscientes do que acontece no mundo em que vivem, e da importância de estarem preparados para participar de mudanças. Harry Potter é pontuado por mensagens discretas como essa, o que é interessante, já que cada espectador tira a lição que quiser e, se preferir não tira lição alguma, apenas se diverte com a ação presente no transcorrer da projeção. Entretanto, algumas mensagens ainda são mastigadas para o público. Não era necessário, mas dessa maneira, ao menos, passa seu recado para a platéia mais nova, sem exagerar na quantidade.
Para não me prolongar muito, falarei, por último, dos aspectos técnicos de Harry Potter e a Ordem da Fênix. O trabalho de maquiagem não pode ser ignorado, ainda mais com Voldemort em cena. Os efeitos especiais estão cada vez melhores, trazendo o mundo do impossível mais perto da realidade. Já a trilha sonora, de Nicholas Hooper, infelizmente, é muito bobinha. A série Harry Potter ainda não teve a trilha que merece. Está na hora de chamarem alguém do gabarito de Clint Mansell. O grande destaque fica mesmo por conta da brilhante direção de arte que cria cenários fantásticos com riqueza nos pequenos detalhes. Stuart Craig é um dos grandes desenhistas de produção do cinema. Direção de arte talvez seja a única chance real de Harry Potter receber uma indicação ao próximo Oscar. Se der zebra, o bom trabalho de maquiagem pode ser lembrado, assim como o trabalho da figurinista Jany Temime, também muito competente.
O diretor David Yates poderia ter sido um pouco mais ousado, mas até que acabou realizando um bom trabalho. Soube arrancar boas atuações e trouxe uma visão correta sobre o mundo mágico de Harry Potter. Enfim, a série apresenta mais um bom exemplar, mas ainda fica devendo sua obra-prima (se é que virá). Os próximos filmes têm tudo para serem melhores, e a esperança é de que o sétimo feche a série com chave de ouro."
DEMETRIUS CAESAR, do site Cineplayers:
"E a mágica mais uma vez se fez: foi só começar Harry Potter e a Ordem da Fênix, o quinto, pesado e entediante filme da série do Enjoadinho e seus amigos malas, que os bocejos começaram. Pois se há um poder que é realmente forte do Enjoadinho é esse: o de entediar os espectadores com idade mental e cultural acima de 13 anos.
Em relação ao filme anterior, o muito superior Harry Potter e o Cálice de Fogo, dirigido por Mike Newell, de longe o melhor da série, este A Ordem da Fênix, do quase iniciante David Yates, é um evidente retrocesso. O Enjoadinho e os malas-sem-alça estão novamente infantilizados, recitando diálogos canhestros, piegas e tolos, embalados pela historinha frágil, que mal se agüenta nas intermináveis três horas de duração (o de sempre: Harry tristonho na primeira parte, as ameaças na segunda hora, a luta na terceira). É muito chato.
Afinal, o Enjoadinho, sem sal e sem charme, é o obrigado a segurar o filme sozinho, uma vez que seus coadjuvantes são mal aproveitados. Hermione (a linda Emma Watson), a amiga madura, vem sendo diminuída desde o primeiro filme, quando quase roubou a cena. Mas isso é normal, as mulheres costumam ser mesmo mais interessantes que os homens, é assim desde Romeu e Julieta, de William Shakespeare. A peça é Julieta, Romeu é um bobão. Tanto que as melhores coisas do filme são a nova amiga de Harry, Luna Lovegood (Evanna Lynch), uma obscura amante de pássaros que só vê quem já viu a morte de perto, e a nova namoradinha japonesa de Harry, Cho Chang (Katie Leung) – afinal, o Enjoadinho, agora de barba e músculos torneados, dá seu primeiro beijo. “Foi úmido”, resumiu.
Já Rony Weasley (Rupert Grint), em tese o melhor amigo do Enjoadinho, tem poucas aparições durante o filme e não mais do que umas 10 falas. Também foi assim com Romeo e Julliet: Shakespeare matou Mercúcio, o melhor amigo de Romeo, logo no primeiro terço da peça, antes que ele tomasse a cena. Lembram-se do jogo de xadrez do primeiro filme? Pois é, Rony continua tão constrangedor quanto.
Além disso, a série Harry Potter é um desperdício de atores do primeiro escalão da Inglaterra em papéis insignificantes. Maggie Smith, a grande dama do teatro e do cinema, aparece três vezes no filme, duas delas só fazendo figuração. Alan Rickman, no pouco que aparece, ilumina e dá alento. O mesmo não se pode dizer de Helena Bonham Carter, Emma Thompson e Imelda Staunton, caricatas e mal dirigidas, em atuações constrangedoras. Gary Oldman deve ter se sentido aliviado, pois seu personagem morre no final. Nem mesmo a luta final de Michael Gambon e Ralph Fiennes traz algum benefício: seus personagens, para citar uma fala de Hermione, “têm a profundidade emocional de uma colher”.
Mas houve algumas melhoras gerais. Saiu a pavorosa trilha sonora de John Williams (o filme anterior era melhor, de Patrick Doyle) e entrou a do compositor Nicholas Hooper, o que deixa o filme mais aprazível e menos torturante para os ouvidos. Os efeitos visuais continuam impecáveis, sendo que toda a cena final foi feita para ser vista em Imax, com óculos de terceira dimensão, nos cinemas que detêm a tecnologia. Saiu também o roteirista Steve Kloves, que fora apontado como responsável pelo fracasso da série como um todo por ser reverente demais com o original. A entrada de Michael Goldenberg (que escreveu Peter Pan e Contato) tampouco contribuiu muito.
Se há algo impecável no filme e digno de todos os elogios é o departamento de arte. Na verdade, Harry Potter e a Ordem da Fênix é um desfile luxuoso de cenários grandiosos meticulosamente desenhados pelo desenhista de produção Stuart Craig. Três vezes ganhador do Oscar (por Gandhi, pelo espetacular trabalho que fez em Ligações Perigosas e pela sofisticação de O Paciente Inglês), é provavelmente o único da equipe técnica que não foi convidado a sair desde o primeiro e desastrado Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001). É dele ainda a direção de arte de filmes que, por ele decorados, se tornaram belos: Chaplin, O Homem Elefante, Os Vingadores e O Jardim Secreto.
Toda essa beleza (nunca a escola Hogwarts esteve tão bela) é embalada pelas belíssimas luzes do fotógrafo polonês Slawomir Idziak, conhecido colaborador do diretor polonês Krzysztof Kieslowski, para quem fotografou magnificamente A Dupla Vida de Véronique e A Liberdade é Azul.
Se o quarto filme da série é melhor é porque seu diretor, o excelente Mike Newell, é melhor do que os demais. David Yates veio da televisão (nota-se pelos excessos de caricaturas de praticamente todos os coadjuvantes), veículo pelo qual dirigiu inúmeras séries e telefilmes. É dele A Garota da Cafeteria (HBO). O fato de os produtores terem escolhido um estreante para dirigir um filme tão complexo é fácil de ser explicado: queriam alguém que não interferisse muito na série. Um peão, como diz o Arnaldo Jabor. E o peão Yates fez um filme dentro das suas limitações de peão (sem ofensas aos trabalhadores rurais).
Os filmes de Harry Potter são vistos com certa condescendência porque afinal as crianças estão lendo os livros. Tenho sérias dúvidas se alguém que leia a frágil literatura de J. K. Rowling vá ser um bom leitor no futuro, digamos de Proust. As crianças, claro, adoram, pois são menos exigentes e adoram histórias repetidas. Os adolescentes de verdade, até uns 17 anos, treinados que são pela sociedade e em especial pela mídia a idolatrar os bezerros de ouro atuais, as celebridades, idolatram Harry Potter, como idolatram também Britney Spears, Paris Hilton, Justin Timberlake etc.
Enfim, o fenômeno Harry Potter no cinema quase ameaçou levantar vôo de sua mediocridade no filme anterior, mas foi golpeado agora de novo em A Ordem da Fênix, um produto comercial que faz parte de uma estratégia de venda de um produto milionário – e, infelizmente, não muito mais do que isso. Não é uma obra de arte, como o anterior, mas um instrumento de propaganda, dentro do marketing elaborado para vender a franquia Harry Potter."
ÉRICO BORGO, do site Omelete:
"Não estivesse ali Daniel Radcliffe, dificilmente seria possível adivinhar que as cenas iniciais de Harry Potter e a Ordem da Fênix fazem parte da série baseada nos livros de J.K. Rowling.
O apuro estético - o contraste das cores, a movimentação de câmera, o enquadramento - do começo do filme chega a ser chocante. David Yates, diretor que até então era apenas conhecido pelos seus premiados trabalho na televisão inglesa, entra com o pé na porta na franquia e entrega um dos melhores Harry Potter até aqui.
Passado o choque inicial, incluindo aí sustos verdadeiros graças ao ataque dos Dementadores, o filme retoma a estética consagrada da série, mas não o seu tom. Esqueça a criançada boazinha que estava aprendendo a atuar nos filmes anteriores. Yates é excelente diretor de atores e extrai dos jovens protagonistas momentos inspirados. Rupert Grint (Ron Weasley) não é mais o palhaço, Emma Watson (Hermione Granger) parou de chorar. Os jovens, agora líderes de sua geração, sofrem de verdade - e até sangram, veja só.
O trabalho do cineasta é diferente de toda a série e funciona mais como a primeira parte de uma trilogia final do que como uma continuação. Obviamente é necessário ter conferido os demais filmes pra entender tudo, mas a impressão de recomeço é intensa, especialmente pelo fim do fascínio que deu as caras em todos os filmes da série até aqui (nada de fantasmas, corujas, quadribol, risadas...). Já é o quinto ano em que Harry Potter (Radcliffe) vive naquele mundo, quase metade de sua vida, então é hora de parar com a expressão de assombro pelo mundo mágico e começar a encarar de verdade os piores defeitos daquele universo. E eles não são poucos aqui...
Na casa dos tios, Harry está furioso, sentindo-se abandonado pelos amigos e seu mentor, Alvo Dumbledore (Michael Gambon). Seu retorno ao mundo mágico, porém, não é satisfatório como nos outros anos. Depois de ser forçado a empregar suas habilidades mágicas sem autorização, Harry acaba exposto à burocracia e ao jogo sujo da política no Ministério da Magia. Sua volta à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts não é menos traumática. O órgão que regulamenta o mundo mágico está controlando a instituição - e há uma campanha de desmoralização de Harry, tratando seus encontros com Lorde Voldemort (Ralph Fiennes) como mentiras. Sem apoio, e sentindo uma crescente conexão com o mago do mal, cabe ao jovem bruxo assumir as rédeas de sua vida e seu papel, ensinando os amigos como se defenderem das Artes das Trevas e preparando-os para a cruel batalha que se aproxima.
As principais adições ao elenco são Imelda Staunton, que vive a retrógrada professora Dolores Umbridge - a grande vilã do episódio -, e a estreante Evanna Lynch, como a misteriosa Luna Lovegood. A primeira emprega sua enorme competência habitual ao papel, e a novata, escolhida entre 15 mil candidatas, tem desempenho igualmente feliz. Ou melhor... ela garante ser assim na vida real, portanto não dá pra chamar de atuação o que ela apresenta na tela. De qualquer forma, a estranhíssima Luna está muito bem representada no filme. A terceira grande novidade no elenco é Helena Bonham Carter como a seguidora de Voldemort Bellatrix Lestrange. O papel é pequeno e pouco expressivo neste, mas vale como introdução ao próximo filme, no qual ela terá muito mais trabalho.
Outra novidade é o compositor Nicholas Hooper, que utiliza apenas pequenos trechos do tema original de John Williams, o que distancia ainda mais este filmes dos demais e sedimenta a impressão de novo momento para a série. Mas não se engane. Em meio a todo esse clima sombrio e voltado às relações entre os personagens, Yates não economiza nos efeitos especiais - que ele domina surpreendentemente bem! - e o clímax é intenso e repleto de ação.
Sábia decisão dos produtores darem também o sexto filme também a David Yates (que ele já define como menos sombrio e mais "rock´n´roll"). É definitivamente um cineasta que queremos ver mais uma vez (ou quem sabe duas?) na série."
LAIS CATASSINI, do site Cinema com Rapadura:
"J.K. Rowling não criou um livro de sucesso, criou seis. Seus personagens conquistaram um grupo de fãs absurdamente grande, que ultrapassa as barreiras culturais, diferenças de idades e, muitas vezes, até os limites da sanidade. Uma obra literária dessa magnitude tem muitas expectativas para superar e poucas chances de conseguir.
"Harry Potter e a Ordem da Fênix" é o quinto volume da série de aventuras do jovem bruxo que aprende a usar a magia na escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Desde os onze anos, Harry vem aprendendo a lidar com o poder que tem, a se relacionar com outros bruxos, a conviver com sua própria fama e a, infelizmente, combater o mais terrível dos bruxos das trevas, Lord Voldemort. Em quatro anos de convivência no mundo mágico, Harry enfrentou Voldemort três vezes e, mesmo quando não esteve cara a cara com ele, teve que superar as cicatrizes do passado para provar que o bem deve vencer.
No entanto, em "Harry Potter e o Cálice de Fogo" a batalha final não deu um fim ao eterno combate, apenas o iniciou, e é aí que "A Ordem da Fênix" começa. Harry tem agora 15 anos e vive atormentado com a morte de Cedrico Diggory no cemitério escolhido para o renascimento de Voldemort e com o ressurgimento de um mal extremamente poderoso. O mundo trouxa (povo não-bruxo) parece não ter sofrido qualquer alteração e Harry vive constantemente preparado para um ataque surpresa, o que parece iminente quando ele e seu primo, Duda, são atacados por dementadores. O feitiço Patrono salva a vida dos dois, mas coloca sobre o adolescente a ameaça da expulsão de Hogwarts.
O sentimento de abandono é inevitável, até que a Ordem da Fênix resgata o jovem da casa dos tios e o leva para o quartel general da organização. O combate às trevas se tornou prioridade para muitos aliados de Dumbledore, que ressurgem o movimento de heróis formado durante o primeiro domínio de Voldemort. Os membros da Ordem parecem ser os únicos a acreditarem em Harry Potter. O Ministério da Magia tenta a todo custo desmentir os fatos apresentados pelo bruxinho no ano anterior e, com isso, todos estão sob ameaça, não há proteção.
Enfrentar o Ministério da Magia de frente não parece problema quando Hogwarts representa um porto seguro para as decisões perigosas do ministro Cornélio Fudge. Entretanto, Harry descobre que nem sua escola está livre da influência política e Dolores Umbridge (Imelda Staunton em grande atuação) se torna os olhos, os braços e a força de Fudge dentro de Hogwarts. É ela a verdadeira vilã do novo filme.
"A Ordem da Fênix" é o mais sombrio de todos os volumes. Não é apenas o retorno das trevas que faz com que a densidade aumente, mas Rowling conseguiu fazer de Harry um perfeito adolescente frustrado e pronto para explodir. O quinto livro pode não ser o mais adorado pelos fãs, mas é definitivamente o mais complexo.
Complexidade que não é facilmente traduzida às telas. Com duas horas e dezenove minutos, David Yates tentou contar uma história escrita em 702 páginas. Muita coisa ficou de fora, muita coisa faz falta, mas mesmo assim o roteiro foi bem construído a ponto de desenvolver a temática principal sem prejudicar o entendimento. O que assusta é imaginar o que vem depois e quais serão as resoluções em "Harry Potter e o Enigma do Príncipe" para suprir os cortes em "Ordem da Fênix".
Michael Goldenberg assume pela primeira vez a adaptação da obra para o cinema. Steve Kloves, seu antecessor, travou uma dura batalha contra os detalhes descritos por Rowling e teve seu êxito em "Harry Potter e o Cálice de Fogo". É bom ver que Goldenberg consegue pegar o rítimo onde Kloves havia parado.
Yates também dirige pela primeira vez o grupo de adolescentes tornados celebridades internacionais desde "A Pedra Filosofal". Diferente de Chris Columbus, que dirigiu os dois primeiros longas, seu estilo é mostrado, mas com uma sutileza mais parecida com a de Mike Newell, diretor de "Cálice de Fogo", diferente de Alfonso Cuarón, que afogou a obra em sua direção peculiar, mesmo que genial.
O maior trunfo desse novo filme é o time de novos personagens e as brilhantes atuações. Imelda Staunton retrata a inquisidora Dolers Umbridge com cada característica mínima descrita por Rowling. A novata Evanna Lynch interpreta Luna Lovegood com a atitude de quem leu os livros e se apaixonou pela série muito antes de embarcar no projeto.
Gary Oldman é a alma de "Ordem da Fênix". Seu personagem, o adorável e impetuoso fugitivo Sirius Black, é o porto seguro de Harry Potter. Ao lado de Ron e Hermione, Sirius forma algo próximo a uma família para seu afilhado. São as lembranças e os momentos vividos por Harry entre esses três personagens que dão a dose de emoção na história.
O problema é que a curta duração do novo filme privilegia a ação. Viinte minutos a mais não fariam falta, colocariam um pouco mais de sentimento em uma reunião de efeitos visuais de tirar o fôlego e acontecimentos que vão do revoltante ao engraçado em segundos. Com uma troca de olhares uma explicação é feita, para economizar diálogos. Uma economia que faz falta no final.
"Harry Potter e a Ordem da Fênix" mostra uma evolução enfrentada por produtor, roteirista, diretor e, principalmente, por todos os atores que cresceram interpretando ídolos. A cada volume houve uma melhora e, como nos livros de J.K., uma pequena revelação do mistério que envolve a existência de Harry Potter. O difícil é tentar descobrir quais as peças do quebra-cabeça que terão papel no final da série, que chega às livrarias no dia 21 de julho."
CARLOS EDUARDO CORRALES, do site Delfos:
"Cara, a J.K. Rowling deve ser uma pessoa deveras chata. Assim como foi feito na cabine de Harry Potter e o Cálice de Fogo, novamente o material de imprensa (como imagens do pôster do filme) vem acompanhado de uma lista com um monte de frescuras que devem ser seguidas caso o veículo opte por utilizá-lo. Tem um monte de regras chatas, como não poder cortar as imagens (o que é ridículo, já que os veículos têm que adequá-las ao padrão do seu layout) ou ter que colocar linhas de copyright. Dentre elas, a pior, contudo, é a proteção contra cópia.
Que eu saiba, não existe absolutamente nenhuma forma de um site impedir a cópia das imagens. Mesmo sendo flash ou qualquer outra tecnologia que eu conheça, ela só é exibida na sua tela se for copiada para seu computador (tudo bem que nem todos sabem mexer em cache e em coisas do tipo). Ou seja, todo site que utilizar as fotos, já não estará seguindo as regras.
Isso já tinha me incomodado no filme anterior e inclusive manifestei essa opinião na resenha apropriada, mas, caramba, insistir nisso é burrice. E não é coisa da Warner, pois eles lançam um monte de filmes tão grandes quanto esse sem essas frescuras. É coisa da Rownling mesmo.
Eu entendo a preocupação dela proteger sua propriedade intelectual, mas uma coisa é impedir que o texto do livro ou o filme sejam copiados, outra é impedir que o pôster do filme seja reproduzido! Mesmo que algum delfonauta copiasse o pôster e o colocasse em um blog, que mal isso faria? É um material de divulgação, cacilda! Quanto mais se espalhar pelo mundo, melhor para ela, pois vai fazer com que mais pessoas pensem no filme!
De qualquer forma, a propriedade intelectual é dela e ela faz o que quiser com isso. Justamente por não concordar com as abusivas e estúpidas regras para reprodução do material essa resenha não tem nenhuma imagem e o destaque da capa está com o sorrisinho maroto do nosso dragão preferido. E você agora sabe que todos os sites que veicularem imagens do filme estarão perigando de serem processados pela autora que é quase tão rica quanto a rainha da Inglaterra.
Mas vamos ao filme. Com os desastres que vieram após a saída de Chris Columbus da direção, eu tinha perdido completamente a fé na franquia. Eu a via mais ou menos como a maior parte das pessoas vê Star Wars: teve ótimos filmes no passado, mas os mais recentes não fazem jus ao seu legado. Contudo, foi com imenso prazer que me surpreendi positivamente com Harry Potter e a Ordem da Fênix.
Aparentemente, desistiram daquela bobeira de fazer os filmes serem sombrios e fizeram deste o que a franquia Harry Potter nunca deveria ter deixado de ser: mágica. Sim, eu realmente me emociono ao ver um bando de bruxos voando em suas vassouras ou fazendo feitiços e não tenho a menor vergonha disso. E a mágica está impressa em cada fotograma do filme, seja na beleza dos cenários, nas criaturas fantásticas ou mesmo na incompreensível escolha de uma pedra (chamada Daniel Radcliffe) para interpretar um personagem tão importante. Aliás, se eu fosse fazer um desenho tipo South Park, que tira sarros de celebridades, provavelmente reproduziria Radcliffe como sendo uma pequena pedra, de óculos e cabelinhos fashion. Só não acho que conseguiria fazê-la ser tão inexpressiva quanto o ator.
O quinto ano em Hogwarts já começa conturbado. Com o retorno de Voldemort no final da história anterior, os bruxos do bem são obrigados a fazer planos de defesa e assim reformam a Ordem da Fênix, sociedade secreta criada para combater aquele que não deve ser nomeado. Paralelamente, a nova professora de defesa contra as artes das trevas parece ter objetivos escusos, pois não está disposta a ensinar feitiços de defesa para as crianças. Aliás, isso de todo ano o vilão ser o novo professor de defesa contra as artes das trevas já deu, né? Hogwarts devia eliminar a matéria de vez e parar de colocar seus alunos em perigo contratando esses loucos para a vaga. Enfim, diante do novo perigo e da falta da disciplina, os alunos decidem se organizar por conta própria para poder se defender de um possível ataque do malvadão, no melhor estilo Adava Kedavra e tal.
Praticamente todos os personagens principais estão de volta, nem que seja em pequenas pontas. Draco Malfoy, por exemplo, entra mudo e sai calado, é praticamente um figurante. Outros, como Sirius Black e Cho Chang têm um pouco mais de destaque, mas a maioria está lá apenas para marcar presença. E é triste que um personagem como o Snape não seja melhor aproveitado.
Quando o clímax se aproxima, contrariando todas as convenções hollywoodianas, é quando o longa atinge sua parte mais chata, culminando com o momento onde Harry vira para Voldemort e fala “você que é fraco, pois nunca vai conhecer a amizade e o amor”. Ah, faça-me o favor! Essa é uma das frases mais clichês e mequetrefes que eu já vi no cinema e tem todo o jeito de estar no livro também (não, eu não o li). J.K., você é mais criativa do que isso! Também fiquei um pouco decepcionado com a minúscula participação da Ordem da Fênix. Poxa, a tal sociedade secreta dá nome ao episódio e praticamente nem aparece.
Apesar desses problemas (que o impediram de levar o Selo Delfiano Supremo), Harry Potter e a Ordem da Fênix é deveras divertido, pois traz de volta a mágica e a fantasia dos dois primeiros filmes e o melhor, utiliza essas características para contar uma boa história. E falando em ordens e sociedades secretas, estou atrasado para a reunião da Ordem Delfiana Secreta. Aparatar!"
ANDREISA CAMINHA, do site Cinema com Rapadura:
"Após ter conseguido eficientemente a posse da pedra filosofal, desvendado os mistérios da Câmara Secreta, enfrentado fugazmente Dementadores e se deparado com um torneio que media a inteligência e esforços, Harry Potter, o bruxo adolescente mais famoso dos mundos literário e cinematográfico, está de volta em mais uma aventura. Dessa vez, em "Harry Potter e a Ordem da Fênix", o jovem é obrigado a lidar com situações mais do que inusitadas e estreitar os seus laços de amizade, uma vez que o grande Lorde das Trevas parece estar de volta definitivamente.
Logo no começo deste quinto filme, notamos que Harry não é mais o mesmo dos projetos anteriores. Com um olhar mais preocupado do que o normal, o garoto demonstra ter adquirido mais maturidade ao presenciar a morte cruel de um dos seus colegas, Cedrico Diggory, durante o Torneio Tribuxo, que aconteceu no quarto longa-metragem. Durante as férias, as quais passa, como sempre, com a família Dursley, o jovem bruxo encontra-se mais solitário do que o comum. Até que, enquanto discutia com seu primo Duda, é surpreendido por uma alteração drástica no tempo. Junto com esta mudança, vem os dementadores, guardas da prisão de Azkaban, que ameaçam Harry e Duda. Temendo pela morte, Potter profere o feitiço do patrono, salvando, assim, tanto a si próprio quanto o primo.
Todavia, o uso de magia feito por menores de 17 anos fora do período escolar e ainda na presença de trouxas é totalmente proibido, fazendo com que Harry tenha que passar por uma ameaça de expulsão da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Logo, o jovem é visitado por bruxos já conhecidos por ele, como Olho-Tonto Moody e Quim, que os leva à sede da Ordem da Fênix, onde se reúne novamente com seus amigos Ronny Weasley e Hermione Granger. Sendo encaminhado a julgamento no Ministério da Magia, é provado que o bruxinho apenas conjurou a magia do patrono devido à grave ameaça pela qual passava. Com seu futuro garantido por mais um ano em Hogwarts, Harry embarca em uma aventura bastante difícil, uma vez que a maioria dos estudantes da escola e bruxos acredita que os fatos anteriormente narrados pelo jovem, os quais davam conta da volta definitiva de Lorde Voldemort, são falsos.
Para piorar a situação, o diretor Alvo Dumbledore tem toda a sua autoridade questionada por Dolores Umbridge, nova professora de Defesa Contra Arte das Trevas e sub-secretária do Ministério da Magia. Logo, Umbridge é nomeada Alta Inquisidora de Hogwarts, fazendo com que o poder de Dumbledore dentro do recinto escolar seja, de certa forma, diminuído. Uma das novas mudanças feitas por Dolores é que, na escola, não se deve usar magia, visto que um estudo teórico já basta para a defesa. Sendo, a priori, desacreditado por alguns alunos e constantemente vigiado pela Alta Inquisidora, Harry Potter começa a liderar um grupo chamado "Armada de Dumbledore", no qual os alunos mais preocupados com segurança aprendem feitiços que poderão ajudá-los no futuro. Após muito treinamento, dúvidas e desavenças com Umbridge, Harry ainda terá que enfrentar Lorde Voldemort, em uma batalha mais do que esperada.
Primeiramente, uma grande observação pertinente a este quinto projeto cinematográfico diz respeito à sombriedade da trama. À medida que Harry Potter e seus amigos crescem, aventuras cada vez mais repletas de suspense e aspectos maduros aparecem na história. Aquele Harry infantil e fraco visto em "Harry Potter e a Pedra Filosofal", principalmente, é substituído por um adolescente que começa a passar por problemas mais sérios do que os muitas vezes vivenciados por alguns adultos. Sabendo dar valor às amizades verdadeiras, que se mostram bem mais importantes no desenrolar desta quinta trama, e vivenciando a sua primeira paixão, Potter agora precisa de maturidade suficiente para enfrentar o misterioso e maligno Lorde Voldemort. Junto com isso, conseqüentemente, características sombrias se mostram necessárias para possibilitar que os espectadores sintam, de fato, que o bruxo não deve ser mais visto como uma criança e sim um adolescente que deve aprender a lidar com seus próprios atos.
Um dos fatores responsáveis por esta alteração de ambientes foi a contratação de David Yates. O diretor demonstrou capacidade de captar o universo mágico dos livros escritos por J.K. Rowling ao trazer uma trama envolvente à primeira vista e, ao mesmo tempo, repleta de mistérios. Em nenhum momento, Yates parece pestanejar ao retratar Harry como, acima de tudo, um ser humano que possui seus receios e incertezas. Aliado a um roteiro bem desenvolvido, o cineasta transmitiu facilmente para as telonas os elementos que necessitavam de uma abordagem mais complexa, deixando de lado algumas características originais do livro. Neste quinto filme, não vemos a vontade de abarcar todos os elementos escritos por Rowling, muito pelo contrário. Parece que o bom senso prevaleceu, fazendo com que o destaque central seja, definitivamente, o treinamento dos bruxinhos contra o Lorde das Trevas e o caos vivenciado em Hogwarts, o que não permitiu que a história se desenrolasse em várias subtramas. A preocupação com os NOM's, exames principais da escola, a disputa entre as casas e o quadribol, por exemplo, é praticamente nula.
Embora o balanço entre as situações seja primordial para o bom desenvolvimento da trama, também fez com que alguns elementos mágicos deixassem de ser vistos em primeiro plano, permitindo que todo o encanto da descoberta fosse um pouco esquecido pelos espectadores. Todavia, mesmo que não haja encantamento, é impossível que o público não se entusiasme e passe a torcer juntamente com os atores mirins à medida que estes aprendem a lançar os seus primeiros feitiços importantes como Reducto, Expectro Patronum e Estupefaça. Além disso, a introdução à trama de novos personagens, mesmo que não tenham adquirido tanto espaço, foi essencial para manter o ar de mistério já existente.
O quinto filme, ao utilizar-se de efeitos visuais divididos entre regulares e destacáveis, demonstra que esforços não foram poupados para transmitir maior veracidade – se é que é possível – ao mundo mágico. Ao retratar a luta travada especialmente entre Dumbledore e Voldemort, não são economizados destaques, que vão de uma imensa bolha de água criada especialmente para o filme até vidros estilhaçados que tomam conta de todo o ambiente. Também ganham as telas criaturas criadas por Rowling como centauros e o inocente e simpático gigante Grope. Outro ponto alto de "Harry Potter e a Ordem da Fênix" diz respeito aos cenários impetuosos presentes durante toda a projeção. A administração de ambientes notáveis logo pode ser vista com a reconstituição do Ministério da Magia, com um salão dotado de detalhes importantes, como as fontes e as redes de Pó Flu, e aparentemente sem relevância, como o elevador que conta com a presença simpática de memorandos interdepartamentais.
Em relação às atuações, todas se mostram satisfatórias. Daniel Radcliffe demonstra potencial para melhorar como ator, ao incorporar de forma eficiente um Harry adolescente e em conflito. Emma Watson continua a encarnar uma Hermione imperativa e corajosa, enquanto Rupert Grint faz de Ronny Weasley o mesmo garoto simpático, no entanto, limitado a ser apenas amigo do protagonista. Atores de peso como Ralph Fiennes, Michael Gambon, Gary Oldman e Maggie Smith, que vivem, respectivamente, Lord Voldermort, Professor Dumbledore, Sirius Black e Professora Minerva McGonagall, não possuem tanto destaque, todavia são essenciais para dar um ar de maturidade à história. Dos personagens introduzidos neste quinto longa-metragem, definitivamente, Dolores Umbrigde e Luna Lovegood são os que mais merecem ressalvas. A experiente Imelda Staunton faz de Umbridge uma criatura fascinantemente repugnante. A atriz consegue mexer com os lados positivos e negativos do papel, possibilitando que uma pessoa dotada de uma aparência inofensiva se mostre o pior pesadelo dos alunos de Hogwarts. Evanna Lynch, por sua vez, consegue repassar para Luna todo o potencial inteligente e desligado da personagem, despertando simpatia da maioria dos espectadores.
Abordando questões rotineiras como o fato de todos possuirmos um lado bom e mau e a importância da amizade para a nossa existência, "Harry Potter e a Ordem da Fênix" consegue se estabelecer como o melhor filme da franquia até agora. O clima envolvente e sombrio criado pelo diretor David Yates ainda é ajudado por uma trilha sonora bastante adequada criada por Nicholas Hooper, que vai de melodias simples até aquelas que fazem ressurgir todo o temor visto nas telonas. Desta vez, J. K. Rowling deve estar orgulhosa devido à maneira como repassaram a magia de seus livros para os cinemas."
THIAGO SIQUEIRA, do site Cinema com Rapadura:
"O mundo da magia não é mais o mesmo. Durante os quatro filmes anteriores, acompanhamos a animação e o entusiasmo do jovem Harry Potter em sair de uma existência banal e medíocre rumo a um mundo especial, repleto de significado, amigos e desafios. Como dizia aquele velho ditado, “só é divertido até alguém se machucar”. No final de seu quarto ano na escola de magia de Hogwarts, Potter viu um amigo, Cedrico Diggory, ser morto e ele mesmo quase ser liquidado por sua nêmese, o ressurgido Lorde Voldemort, escapando da morte por um triz. Harry finalmente percebeu que sua nova vida tem um preço e que as coisas só começaram a piorar. Neste quinto ano, o jovem bruxo não só terá de lidar com aulas de magia e com “a ameaça da vez”. O perigo agora é advem do medo no coração dos poderosos, no fanatismo dos inimigos e, pior ainda, na desconfiança justamente daqueles que ele deseja salvar. Hormônios e intrigas serão algumas das outras pedras nos sapatos do rapaz. Neste, que é o mais político e ambicioso filme da série até o momento, tudo irá mudar na vida do “menino que sobreviveu” e a guerra, que teve seu prelúdio no último ato do filme anterior, se inicia.
Pela primeira vez, um filme da série não é roteirizado por Steve Kloves, que cede o lugar para Michael Goldenberg, responsável pela ótima versão de “Peter Pan”, que chegou às telas em 2003. Goldenberg conseguiu comprimir o gigantesco texto do livro de J.K. Rowling em um roteiro mais enxuto, cortando várias sub-tramas e se concentrando na veia principal do original literário. Não apenas por conta do novo roteirista, mas a saga começa a mudar sensivelmente. As diferenças entre “Harry Potter e a Ordem da Fênix” e seus antecessores já começam a se mostrar logo na introdução da fita. Em uma seqüência incrivelmente tensa, não só conhecemos o estado emocional frágil em que o personagem-título (Daniel Radcliffe) se encontra, mas temos uma das cenas mais assustadoras da saga até o momento, com o ataque de dementadores ao protagonista e a seu fútil primo “trouxa” Duda. Sendo obrigado a recorrer à magia pra salvar a própria vida e a de seu parente, Harry acaba sendo expulso de Hogwarts pelo Ministério da Magia. Descobrindo que a situação no mundo dos bruxos está indo de mal a pior, dada a recusa do Ministro Fudge (Robert Hardy) em reconhecer o retorno de Voldemort, ele e o Prof. Dumbledore (Micheal Gambon) são alvos de uma campanha maciça da mídia, orquestrada pelas figuras políticas no poder, para desacreditá-los junto ao público.
Mesmo após ser reintegrado a Hogwarts, o lugar ainda não é seguro para Harry, graças a crença dos alunos quanto a veracidade da história oficial e à presença nada bem-vinda de Dolores Umbridge (Imelda Staunton), nova professora de Defesa Contra Artes das Trevas que, além de não ensinar nada útil aos alunos, é completamente devotada a “doutrina Fudge”, chegando ao ponto de torturar aqueles que desacatem suas várias imposições - independentemente da idade do transgressor - e ganha, graças ao paranóico Ministro, cada vez mais poder dentro da instituição de ensino. Sabendo da batalha vindoura e dos riscos que todos irão correr, Harry e seus amigos Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) montam um grupo de estudo secreto para tentar passar aos outros estudantes tudo aquilo que eles aprenderam em suas batalhas anteriores. Ainda somos apresentados à Ordem da Fênix, uma equipe de bruxos, liderados por Dumbledore, que tem como objetivo acabar com Voldemort de uma vez por todas. Entre seus membros, está o padrinho de Harry e único familiar amado pelo jovem órfão. o impetuoso Sirius Black (Gary Oldman). Se isso ainda parece pouco, ainda vemos o relacionamento platônico de Potter e sua colega Cho Chang (Katie Leung) ganhar novos ares e somos apresentados a uma outra aluna da escola de magia, a avoada e carismática Luna Lovegood (Evanna Lynch).
Dado ao verdadeiro batalhão de atores que desfila pelo filme, fica realmente difícil para que haja destaques no elenco, mas eles existem. A começar pelo próprio protagonista, Daniel Radcliffe, cuja atuação vem melhorando absurdamente desde o início da saga. Encarnando um Harry bastante diferente desde os eventos do último filme, ele consegue exprimir a verdadeira sobrecarga de emoções pela qual seu personagem passa durante a projeção. Medo, raiva, ódio, frustração, amor, desejo e ternura são alguns dos sentimentos despertados pelas diversas provações pelas quais o jovem Potter passa e Radcliffe se sai muito bem em mostrar isso ao público. Seus companheiros de cena mais antigos e próximos, Rupert Grint e Emma Watson conseguem manter o bom nível das atuações do exemplar anterior da série, mas sem terem grandes momentos durante o filme. Michael Gambon continua impondo respeito e autoridade como o imponente Alvo Dumbledore e ganha sua primeira grande cena de ação, mostrando a força real do personagem. Voltando aos jovens atores, Matthew Lewis também merece ser lembrado, já que o atrapalhado Neville vivido por ele continua roubando as poucas cenas em que aparece. Ah, e preste bastante atenção todas as vezes em que Bonnie Wright aparece na tela, já que algumas das reações de sua Gina Weasley a determinados eventos dão dicas para o próximo filme. Os demais veteranos da série, em sua grande maioria consagrados atores britânicos, continuam dando um banho de interpretação quando o filme os enfoca, especialmente Gary Oldman, que simplesmente conquista a platéia com seu cativante Sirius Black.
Entre os novatos, ressalto a ótima atuação de Evanna Lynch, que concede uma aura toda especial a sua Luna Lovegoode, tornando toda aparição da (aparentemente) desligada personagem um deleite. Entretanto, o grande destaque vai para a absolutamente detestável Dolores Jane Umbridge, interpretada com maestria por Imelda Staunton. Cada risada, todos os gestos contidos e atos autoritários perpretados pela personagem são acompanhados por uma deliciosa – a assustadora - noção de sadismo que o trabalho da atriz inglesa transmite. Sendo uma pessoa absurdamente mal amada, cheia de manias, com um apetite para o poder e um fanatismo pela ordem igualmente desmedidos, ela é um dos maiores desafios que os alunos de Hogwarts já enfrentaram (e sim, eu me lembro do basilísco do segundo filme), justamente por possuir um poder hierárquico dentro da instituição.
Há uma cena genial entre Staunton, Micheal Gambon e as atrizes Maggie Smith e Emma Thompson (respectivamente as professoras Minerva McGonagall e Sibila Trelawney) que enfatiza todas as características negativas que Umbridge carrega consigo. Por várias vezes, ela me lembrou o Capitão Vidal, interpretado por Sergi López em "O Labirinto do Fauno". Quanto aos grandes vilões do filme, é sempre ótimo rever o aristocratíco Lúcio Malfoy, vivido por Jason Isaacs com sua energia habitual. Porém, é uma pena que vejamos tão pouco de Helena Bonham Carter no filme, já que sua personagem, a lunática Belatriz Lestrange, só possui uma grande cena de destaque. Já o Voldemort de Ralph Fiennes, apesar de sua influência ser sentida durante todo o filme, torna a aparecer novamente em todo o seu esplendor somente no clímax da produção, mas a seqüência em que atua realmente vale a pena.
Quanto aos aspectos técnicos, vemos na tela o resultado de cada milhão de dólares gasto na série. O diretor David Yates, debutando em grandes produções, consegue, não apenas arrancas boas interpretações do seu gigantesco elenco, como cuidar muito bem de cada aspecto visual, atentando até mesmo para detalhes que serão importantes para os capítulos finais da saga. A direção de arte do filme é absolutamente impecável, conseguindo retratar com perfeição desde o gigantesco e imponente ministério da magia, até os subúrbios ingleses, passando ainda pela primeira grande aparição de Londres do modo com que os “trouxas” a vêem e a interessante interação entre os dois mundos. Melhor ainda é notar que até os tons de luz e cores do mundo “normal” diferem do mundo dos bruxos.
Além disso, o diretor de fotografia Slawomir Idziak consegue fazer um ótimo trabalho até mesmo em cenas escuras e repletas de efeitos visuais (algo dificílimo e que prejudicou a recente continuação de “Quarteto Fantástico”). Os efeitos visuais são, em sua maioria, espetaculares. Porém, mais uma vez a ILM teve problemas com criaturas de aspecto mais parecido com o humano. Apesar de conseguir esconder as falhas nos centauros em sombras e penumbras, o gigante Grope, que aparece com maior destaque que os seres de quatro patas, tem evidenciado seus defeitos, contando uma pele borrachuda e olhos sem vida que remetem ao trasgo de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Dois profissionais que haviam trabalhado com David Yates em “A Garota do Café”, filme que colocou o diretor em destaque, foram trazidos para este quinto exemplar da série: o editor Mark Day e o compositor Nicholas Hooper. Enquanto Day parece ter tido alguns problemas trabalhando com o imenso material que tinha em mãos, resultando em uma narrativa não tão fluida como seria esperado, Hooper reinventa o estilo de trilha da saga, adicionando partituras mais rápidas e trabalhando pouco com o material dos filmes anteriores.
É bastante irônico que a maioria das dificuldades enfrentadas por Harry e seus amigos sejam advindas justamente daqueles que foram eleitos para defender e governar o mundo bruxo. Muitos verão em Cornélio Fudge e em Dolores Umbridge representações de governantes reais e eles não estarão equivocados. Alias, as várias imposições de Umbridge (retratadas em pergaminhos emoldurados em uma parede) me fizeram lembrar os famigerados Atos Institucionais que caracterizaram o período da ditadura militar aqui no Brasil. Independente disto, “Harry Potter e a Ordem da Fênix” surge como o melhor exemplar desta série que vem conseguindo apresentar, em cada um de seus capítulos, novos motivos para aguardarmos ansiosos o próximo. Novembro de 2008 ainda parece tão longe..."
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