UM BEIJO A MAIS
(The Last Kiss, EUA, 2006)
Comédia - 115 min.
Direção: Tony Goldwyn
Roteiro de Paul Haggis baseado em "L'Ultimo Baccio", longa dirigido em 2001 pelo italiano Gabriele Muccino. Produzido por Tom Rosenberg, Marcus Viscidi, Gary Lucchesi e Andre Lamal para a DreamWorks - Paramount Pictures. Elenco: Zach Braff (Michael), Jacinda Barrett (Jenna), Casey Affleck (Chris), Michael Weston, Eric Christian Olsen (Kenny), Rachel Bilson (Kim), Blythe Danner (Anna), Tom Wilkinson (Stephen), Lauren Lee Smith (Lisa), Marley Shelton (Arianna).
Sinopse: Com a rápida despedida dos seus 20 e poucos anos, Michael se vê obrigado a encarar a realidade quando Jenna, sua namorada durante muito tempo, fica grávida. Relutando com a idéia de viver o papel de marido e pai, ele fica bastante surpreso e confuso ao notar que ficou instantaneamente atraído por Kim, uma jovem de apenas 18 anos. Enquanto isso os melhores amigos de Michael também sentem com certo espanto o avanço do tempo e o peso de ter que encarar suas próprias responsabilidades profissionais e familiares da maturidade . Por sua vez, os pais de Jenna, passando por dificuldades no casamento, estão surpresos com a possibilidade de serem avós.
Notas da Crítica:
Andreisa Caminha, Cinema com Rapadura: 8/10
Carlos Dunham, Sobrecarga: 4/5
Rita Almeida, cinerama.blogs.sapo.pt: 4/5
Thiago Siqueira, Cinema com Rapadura: 8/10
Paulo Roberto Selbach Jr., Baú de Filmes: 7,5/10
Celso Sabadin, Cineclick: 7/10
Christian Petermann, Guia da Folha: 7/10
Miguel Barbieri, Veja SP: 7/10
Sérgio Rizzo, Folha Ilustrada: 7/10
Silvio Pilau, Cineplayers: 7/10
Suzana Uchôa Itiberê, SET: 7/10
Alessandro Giannini, SET: 6,5/10
Alex Xavier, Guia do Estadão: 6/10
Tony Tramell, Almanaque Virtual: 3/5
Ludmila Azevedo, Jornal da Tarde: 6/10
Mariane Morisawa, Isto É Gente: 6/10
Pablo Villaça, Cinema em Cena: 3/5
Alexandre Koball, Cineplayers: 5/10
Andy Malafaya, Cineplayers: 5/10
Bruno Yutaka Saito, Folha Ilustrada: 2/4
Régis Trigo, Cineplayers: 5/10
Tatiane Crescêncio, Cineplayers: 5/10
Alysson Oliveira, Cineweb: 2/5
Marcelo Hessel, Omelete: 2/5
Mariana Marques, Pílula Pop: 30/100
ÍNDICE NC: 6,16/25
I HATE SÃO PAULO
(Brasil/EUA, 2003)
Direção: Dardo Toledo Barros
Elenco: Claudio Fontana, Wolney de Assis, Regina Remencius Melissa Panzutti
Sinopse: Alegoria social contemporânea, baseada na experiência de vida do diretor, questionando sua identidade e as conseqüências da ditadura militar na maior cidade da América do Sul. Daniel, um bem-sucedido operador da bolsa, perde a fortuna e o emprego numa especulação fraudulenta. Sua vida toma rumo inesperado quando encontra Tomas, amigo do pai, e sua simpática filha Mônica. Paralela à revelação de episódios da vida do pai, a cidade de São Paulo também se destaca com a descoberta de imagens de um antigo documentário.
Notas da Crítica:
Miguel Barbieri Jr., VEJA SP: 0/5
NA CAMA
(En La Cama, Chile /Alemanha, 2005)
Drama - 85 min.
Direção: Matías Bize
Elenco: Blanca Lewin (Daniela), Gonzalo Valenzuela (Bruno)
Sinopse: Bruno (Gonzalo Valenzuela) e Daniela (Blanca Lewin) se conheceram poucas horas antes, em um café, e agora estão numa cama de motel. Eles fazem amor, contam suas vidas e dividem sonhos, verdades, mentiras, anseios e medos. Ao fim da noite a intimidade entre eles é tão forte quanto passageira, já que terminará ao amanhecer.
Bastidores: Recebeu uma indicação ao Goya de Melhor Filme Estrangeiro de Língua Espanhola.
LINK PARA OS MELHORES FILMES DE 2007
CAIXA DOIS
(Brasil, 2007)
Direção: Bruno Barreto
Roteiro de Juca de Oliveira e Márcio Alemão, baseado em peça teatral de Juca de Oliveira. Elenco: Fúlvio Stefanini (Luiz Fernando), Giovana Antonelli (Ângela), Zezé Polessa (Angelina) Daniel Dantas (Roberto), Cássio Gabus Mendes (Roberto), Thiago Fragoso (Henrique).
Sinopse: Luiz Fernando (Fúlvio Stefanini) é um banqueiro rico, que em uma transação de precatórios consegue um ganho extra de R$ 50 milhões. Como o doleiro que geralmente desconta o cheque e envia os dólares para sua conta em Zurique está em coma, Luiz decide usar sua secretária (Giovana Antonelli), que é também sua amante, como "laranja". Porém ele se vê em apuros quando, ao fazer o depósito, um dígito errado faz com que o dinheiro caia na conta de uma mulher trabalhora e honesta (Zezé Polessa), cujo marido foi recentemente demitido pelo banco de Luiz Fernando. Ao saber do caso ela se recusa a fazer o estorno, gerando complicações para todos.
Notas da Crítica:
Suzana Uchôa Itiberê, SET: 7,5/10
Miguel Barbieri Jr., VEJA SP: 3/5
Kleber Mendonça Filho, Cinemascopio: 2/4
Daniel Schenker, Tribuna de Imprensa: 1/4
Alysson Oliveira, Cineweb: 1/5
Ruy Gardnier, Contracampo: 0/4
AS FÉRIAS DO MR. BEAN
(Mr. Bean's Holiday, Inglaterra, 2007)
Direção: Steve Bendelack
Elenco: Rowan Atkinson, Max Baldry, Emma de Caunes, Willem Dafoe, Jean Rochefort, Karel Roden, Pierre-Benoist Varoclier.
Sinopse: Mais uma empreitada no cinema de Mr. Bean, personagem criado por Rowan Atinkson na TV. Dessa vez ele está de férias e decide viajar para o sul da França, onde vai aprontar muita desordem. Inclusive no tradicional festival de cinema de Cannes, quando ele filma suas próprias trapalhadas.
Notas da Crítica:
Andreisa Caminha, Cinema com Rapadura: 7/10
João Lopes, Premiere: 3/5
Tatiane Crescêncio, Cineplayers: 5/10
Alysson Oliveira, Cineweb: 2/5
Luis Salvado, Premiere: 2/5
Rui Brazuna, Premiere: 2/5
Rui Pedro Tendinha, Premiere: 2/5
Vitor Moura, Premiere: 2/5
Pablo Villaça, Cinema em Cena: 2/5
Alexandre Koball, Cineplayers: 4/10
A. Pascolinho, Premiere: 1/5
Andy Malafaya, Cineplayers: 1/10
UMA JUVENTUDE COMO NENHUMA OUTRA
(Karov La Bayit, Israel, 2005)
Direção: Vardit Bilu e Dalia Hagar
Elenco: Neama Shendar e Smadar Sayar.
Sinopse: Aos 18 anos, duas garotas israelenses que servem o Exército têm de conviver com a dura realidade política do país enquanto passam por transformções pessoais.
Notas da Crítica:
Neusa Barbosa, Cineweb: 4/5
Kleber Mendonça Filho, Cinemascopio: 2,5/4
Erico Fuks, Cinequanon: 3/5
Leonardo Mecchi, Cinequanon: 3/5
Marcelo Hessel, Omelete: 3/5
Sergio Nunes, Cinequanon: 3/5
Fabio Yamaji, Cinequanon: 2/5
ÍNDICE NC: 6,00 (6)
A FAMÍLIA DO FUTURO
(Meet The Robinsons, EUA, 2007)
Roteiro de Michelle Bochner baseado no livro `A Day with Wilbur Robinson`, de William Joyce.
Sinopse: Era uma noite fria e chuvosa. A diretora Mildred ouviu um barulho do lado de fora da porta do orfanato e ao abrir, surpreendeu-se com um bebê recém-nascido que havia sido abandonado ali.
Doze anos se passaram e o menino abandonado foi criado no orfanato e transformou-se num jovem e obstinado inventor. Seu mais recente e ambicioso projeto era o Scanner de Memória, uma máquina que poderia ajudá-lo a recuperar a única lembrança que guarda de sua mãe biológica e com isso talvez conseguir encontrá-la. A meta de Lewis é apresentar a invenção na Feira de Ciências da escola.
O colega de quarto de Lewis, Mike "Goob" Yagoobian mal conseguia dormir tamanha a barulheira de desenhos, soldas, martelos e serrotes que Lewis fazia construindo a invenção.
Porém, no dia da Feira de Ciências, aparece um misterioso garoto dizendo ser o Agente Especial Wilbur Robinson, que teria vindo do futuro para proteger Lewis de um homem que usa um chapéu-côco e que estava disposto a roubar o Scanner de Memória.
É só o início de uma série de confusões e aventuras emocionantes.
OS MELHORES FILMES DE 2007
CARTOLA - MÚSICA PARA OS OLHOS
Documentário - 88 min.
Direção: Lírio Ferreira, Hilton Lacerda
Sinopse: "Machado de Assis morre no ano em que Cartola nasce. É a transição de uma cultura literária, acadêmica, para uma cultura também mulata, mas de traço mais popular"
A história de um dos compositores e intérpretes mais importantes da música brasileira. Angenor de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1908. Ganhou o apelido de Cartola quando, como pedreiro, resolveu usar um chapéu coco para que o cimento não grudasse em seus cabelos.
O início do documentário mostra imagens do enterro do sambista em que se percebe a comoção popular por sua perda.
Cartola foi um dos fundadores da Estação Primeira de Mangueira, em 1928, além de autor de mais de 500 canções, solo ou em parceria, entre as quais "O Sol Nascerá", "O Mundo é um Moinho", a favorita do poeta Carlos Drummond de Andrade e "As Rosas Não Falam", tornada famosa na interpretação de Beth Carvalho.
Cartola é a prova da surpreendente natureza do talento genuíno. Ele completou somente o curso primário e trabalhou sempre em bicos, como pedreiro, pintor de paredes, lavador de carros, ator de cinema, dono de bar, vigia de prédios e contínuo de repartição pública. Mas seu dom fez dele o maior sambista carioca de todos os tempos, com letras impecáveis e batidas deliciosas.
Utilizando linguagem fragmentada, o documentário traça um poderoso painel da formação cultural do Brasil, convidando a uma reflexão sobre a construção da memória do país. É o retrato de um homem que se reconstruía com seu tempo.
O filme se baseia em entrevistas com parceiros, amigos, pessoas que conviveram com o sambista na intimidade, além de pesquisadores da política, da sociologia e da antropologia do Rio de Janeiro daquela época.
Cartola teve meningite, quase ficou paralítico e, aos 38 anos, sumiu da cena artística e foi até dado como morto.
Cartola foi reencontrado por acaso, em 1956, pelo jornalista Sérgio Porto, o Stanislau Ponte Preta, quando o sambista lavava carros em Ipanema. Um encontro que o levou a ser redescoberto e, finalmente, a ter sua voz registrada, em 1966, num disco de Elizete Cardoso.
Entre os detalhes do filme, está a reconstituição do Zicartola, restaurante no Centro do Rio, um sobrado no número 53 da Rua da Carioca, criado pelo compositor e pela mulher Euzébia da Silva, a Zica (companheira de janela, Mangueira, palco e fogão por 26 anos, até o fim da vida) em 1964. Um lugar que juntava três ingredientes fundamentais na cultura carioca: samba, feijão e cerveja.
LINK PARA OS MELHORES FILMES DE 2007
Tuesday, March 06, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
6 comments:
ALYSSON OLIVEIRA, do site Cineweb:
"Os remakes hollywoodianos de filmes estrangeiros raramente acrescentam algo novo à obra original, ou sequer dão certo. Um Beijo A Mais não foge à regra. Refilmagem da comédia italiana O Último Beijo (2001), a produção remove o que havia de mais pungente e interessante no filme original: os exageros melodramáticos.
O Último Beijo foi escrito e dirigido pelo italiano Gabriele Muccino (que recentemente fez nos Estados Unidos À Procura da Felicidade, estrelado por Will Smith), e tinha em seu centro algo que o cinema norte-americano raramente consegue fazer: uma mistura entre um melodrama excessivo, uma comédia doce e um romance forte. No filme, lançado no Brasil em 2003, os personagens (Stefano Accorsi e Giovanna Mezzogiorno) levam seus dramas ao limite, com muita gritaria e lágrimas.
Em Hollywood, exige-se uma saída mais politicamente correta, com mais argumentações – todas em tons muito sóbrios –e poucos excessos. Assim, Um Beijo A Mais é apenas só mais uma comédia romântica sobre personagem na crise dos 30 anos, quando finalmente percebem estão no mundo adulto, e isso não tem volta.
O personagem central Michael, interpretado por Zach Braff, que não está muito diferente (no tom e nos conflitos) daquilo que fez em Hora de Voltar (2004). Ele tem uma vida confortável, um bom emprego, uma namorada (Jacinda Barrett) que ama e com quem pensa em casar, quando descobre que ela está grávida. Mas o casamento agora significa abrir mão de todas as outras mulheres do mundo – ao menos em teoria.
Embora o casal siga tocando os preparativos para as núpcias, Michael se envolve com uma outra garota uns dez anos mais jovem do que ele, interpretada por Rachel Bilson. Ele vê nela toda a liberdade que irá perder quando se casar. Levado mais pelas circunstâncias do que por sua atitude, até porque muitas vezes o personagem não parece ter muita vontade própria, ele acaba tendo um caso com a menina.
Como nos Estados Unidos impera uma certa moral mais rigorosa, a personagem jovem amante deixa bem claro em diversas cenas que ela tem 20 anos – ao contrário do filme original, no qual ela é menor de idade. Essa mudança não chega a ser o problema, mas é um sintoma de que as regras aqui são outras. A choradeira e gritaria do original fazem muita falta, pois eram o que o longa tinha de mais forte. Havia um certo charme naqueles personagens desesperados em busca de sua felicidade. Aqui, eles são seres educados que podem encontrar ou não o amor e a felicidade – e a vida vai continuar a mesma.
Em paralelo, a narrativa retrata alguns amigos de Michael. Todos na mesma faixa etária, e enfrentando problemas que, se não semelhantes, têm a mesma origem: o medo de aceitar a vida adulta. Também problemática é a vida de Anna (Blythe Danner), sogra do protagonista. Chegando àquilo que chamam de ‘3a idade’, a personagem percebe que o tempo está correndo e ela perdendo a chance de ser feliz.
Não melhora nada o filme o fato de que a direção de Tony Goldwyn (Alguém Como Você) é tremendamente impessoal e que transforma Um Beijo A Mais em só mais uma comédia romântica genérica – dessas que são despejadas nas locadoras aos montes. Não se salva nem o roteiro de Paul Haggis, diretor e roteirista de Crash – No Limite, Oscar de melhor filme 2006. Com diálogos pouco inspirados, só aumenta a sensação de déjà vu."
ANGÉLICA BITO, do site Cineclick:
"Refilmagens estão em alta no cinema norte-americano não somente no gênro de terror, no qual as releituras norte-americanas de produções orientais torna-se cada vez mais freqüentes, mas também entre os dramas românticos (como o recente A Casa do Lago) e policiais (Os Infiltrados). Um Beijo a Mais também vai na esteira de uma produção que já existia, mas é um filme bastante diferente do original. Refilmagem do drama italiano O Último Beijo, dirigido por Gabriele Muccino (À Procura da Felicidade) em 2001, a versão americana é capaz de caminhar sozinha e se tornar uma leitura única da história italiana.
A primeira cena de Um Beijo a Mais arrepia: a câmera filma pés de pessoas atravessando a rua, enquanto toca Chocolate, a belíssima música do grupo indie escocês Snow Patrol. Ela sobe e foca o semblante entediado do protagonista, Michael (Zach Braff), que dirige um carro ao lado de sua namorada, Jenna (Jacinda Barrett). Aparentemente, ele tem tudo: um bom emprego, uma bela namorada com quem gostaria de se casar e amigos divertidos. Mas é claro que o fato dele estar chegando nos 30 anos é motivo para que uma fagulha de crise se inicie na mente do rapaz. Afinal, Michael e seus amigos fazem parte de uma geração que quer tudo, exceto lidar de frente com as responsabilidades da vida adulta. No casamento de um de seus melhores amigos, o protagonista conhece a jovem Kim (Rachel Bilson, do seriado The O.C. - Um Estranho no Paraíso). Ela é o motivo que ele precisava para dar aquela última "enlouquecida" antes de entrar de vez na vida adulta. A pergunta é: será que a vida adulta o "aceitará" desta forma?
O triângulo amoroso que se forma entre Michael, Jenna e Kim é o principal motor desta comédia dramática, mas não o único. Na realidade, as histórias paralelas que acontecem nas vidas dos coadjuvantes chegam a ser tão interessantes quanto. Como o caso de Izzy (Michael Weston), que quer embarcar numa viagem à América do Sul para fugir das lembranças de sua ex-namorada, que o abandonou. Ou de Chris (Casey Affleck), que está em plena crise no casamento ao lado da mulher estressada com o primeiro bebê do casal. Mas o mais especial envolve os pais de Jenna, Anna (Blythe Danner) e Stephen (Tom Wilkinson). Num dado momento depois de tantas décadas casada, Anna começa a ter dúvidas quanto às suas decisões na esfera romântica e põe o casamento em risco. Em meio a tantos personagens imersos em crises, a personagem de Jenna parece ser a única que sabe o que deseja e não tem medo de mostrar o que sente. Ou pelo menos pensa que sabe, já que, frente ao excesso de opções e caminhos a serem escolhidos, crises são comuns. Na busca pela tão almejada felicidade, a vida perfeita, os personagens de Um Beijo a Mais acabam se perdendo.
O desenvolvimento das tramas paralelas e dos personagens coadjuvantes é essencial para que o filme flua de uma forma agradável. Ao mesmo tempo em que emociona ao mostrar personagens reais e plausíveis, a produção diverte e faz pensar, especialmente os que já passaram por situações como essas ou já conheceram garotos com "crise de Peter Pan", ou seja, com dificuldades para crescer, como é o caso dos personagens deste filme. Graças ao roteiro de Paul Haggis, que já mostrou saber lidar com tramas paralelas nos textos de filmes como Crash - No Limite e A Conquista da Honra. Blythe Danner brilha sempre que aparece em cena como a mãe em crise conjugal, mostrando de forma natural que a maternidade e a maturidade não significam a anulação de uma mulher, muito pelo contrário, sendo a personagem mais honesta da rica palheta de personalidades apresentada pelo filme. A escolha de Braff como protagonista também foi acertada. Mais conhecido por seu trabalho cômico na série Scrubs, ele não é um galã nos moldes tradicionais da palavra, mas tem um carisma único, um semblante naturalmente entediado que cabe perfeitamente ao personagem, como acontece no filme que ele dirigiu e protagonizou, o excelente Hora de Voltar.
No entanto, quando se entra na esfera das comparações com a produção original, não há como se encher de "poréns". Um Beijo a Mais não tem a paixão de O Último Beijo; tudo parece trabalhado e asséptico demais em comparação ao filme italiano. Basicamente porque são produções baseadas em culturas diferentes. Um dos charmes da produção de 2001 é essa paixão italiana dos personagens, o que não existe nesta refilmagem. Isso não compromete esta nova versão, mas, aos que apreciam a versão italiana, pode ser motivo para uma leve decepção.
Mesmo assim, Um Beijo a Mais tem tudo para agradar ao público dos 20 e poucos anos que sabe o que é ter uma crise à beira da vida adulta por conta de sua abordagem honesta em relação a esta época tão enigmática. O filme também é capaz de se desvencilhar da produção original, caminhando por suas próprias pernas, o que é uma boa notícia em meio à mesmice hollywoodiana de refilmagens sem criatividade.
Em tempo: depois de ter recebido um Grammy pelo trabalho na trilha sonora de Hora de Voltar, Zach Braff ficou responsável pela compilação das músicas deste filme. A exemplo de seu longa, o ator escolheu músicas de bandas de rock indie para ilustrar Um Beijo a Mais. A já citada Chocolate funciona como a síntese da crise e da situação na qual o protagonista se encontra. O longa-metragem, portanto, também é capaz de dialogar muito bem com a cultura pop, já que todas as canções pontuam muito bem os momentos da produção."
MARCELO HESSEL, do site Omelete:
"No papel, é mínima a diferença entre o italiano O último beijo (2000) e a sua versão hollywoodiana, a comédia dramática Um beijo a mais (The Last Kiss), de Tony Goldwyn. O texto, os personagens, as situações são os mesmos. O que difere os dois filmes é a escalação do elenco - especificamente, a relação que o público mantém com os protagonistas e a imagem prévia que se faz deles.
Stefano Accorsi já era conhecido mundialmente por Capitães de Abril quando protagonizou o original, mas não é um tipo de fama como a de Zach Braff, o astro da telessérie cômica Scrubs. Criado no humor, o maior desafio de Braff é se desligar da imagem de comediante para que a parte dramática de seus filmes deslanche. Ele conseguiu transitar entre o choro e o riso em sua estréia no cinema, Hora de voltar, mas o desafio de Um beijo a mais é maior.
Maior porque envolve uma trama romântica convencional - em oposição ao tom indie-caricato de Hora de voltar, que já era um subterfúgio em si mesmo - e envolve uma reviravolta moral e emocional mais difícil de ser manejada. Na história, Braff vive Michael, um arquiteto prestes a casar que atravessa a crise dos 30 anos. O fato de não haver mais surpresas no seu horizonte o angustia. Sua noiva, Jenna (Jacinda Barrett), está grávida e quer comprar uma casa. Durante uma festa de casamento, Michael conhece Kim (Rachel Bilson).
Todos à volta de Michael se arrependem de suas vidas, como o amigo Chris (Casey Affleck), que não suporta a mulher de seus filhos. O protagonista não quer isso para si mesmo. A traição vem como um respiro. Em Kim, Michael recupera a liberdade, a inconsequência etc. Mas crise é crise, uma hora se supera. Quando percebe o que fez, Michael tentará de tudo para que Jenna o aceite de volta.
É uma trama no limite da água-com-açúcar e do bom senso, na qual a principal âncora dramática, o ponto que o espectador tem para se segurar, é em Michael. Se não acreditamos que ele sofre, que ele se arrepende, que ele muda, então o filme não funciona. E - o diabo está aí - fica sempre aquela sensação mole de que o choro de Braff é de brincadeirinha.
Sabe quando a sitcom, tipo Friends, arma um revés para o personagem só para dizer que injetou drama entre uma piada e outra? Então. Não adianta pôr a culpa na O.C. Rachel Bilson. Um beijo a mais tem cara de drama-Friends por causa do ator mesmo. Para aproximar mais a comparação, é como quando morre um paciente em Scrubs - chega a ser ofensiva a maneira como o drama se infiltra na comédia com o intuito, desnecessário, de justificá-la dramaturgicamente.
Em Um beijo a mais, essa incompatibilidade entre a seriedade da trama e a vocação para o descompromisso de Braff inviabiliza o filme. A qualquer momento parece que Michael vai virar para Jenna - que Jacinda interpreta excelentemente, aliás - e entregar que tudo não passava de uma pegadinha: "olha ali para a câmera escondida!". Braff é o rei dos fofos, inegável, mas tem hora que isso não basta."
RÉGIS TRIGO, do site Cineplayers:
"A versão italiana de O Último Beijo é um dos meus guilty pleasures preferidos. Lembro de alugá-lo há alguns anos sem qualquer referência. Assisti-o com certa desconfiança e má vontade. Depois de 10 minutos, o filme já tinha me conquistado. O Último Beijo tratava de tema universais, como o da passagem da vida adolescente para a adulta, a coragem de assumir responsabilidades e a necessidade de se tomar decisões que influenciam o resto das nossas vidas. Construído através de personagens bem desenvolvidos, pequenos e rápidos movimentos de câmera e com uma trilha incidental que acentuava o clima de tensão dos personagens, coerente com os momentos de definições por eles vividos, a fita chegou a ser chamada por alguns de Magnólia italiano.
O filme me chamou a atenção para o seu jovem cineasta, Gabrielle Muccino, que àquela altura do campeonato, já realizara outra obra, inédita nos cinemas brasileiros e que recebeu o título em DVD de No Limites das Emoções. Novamente ali estavam presentes a mesma sensibilidade no tratamento de outros temas importantes como a estabilidade familiar, a fidelidade conjugal e a difícil passagem pela adolescência.
Não demorou muito para que o nome de Muccino ecoasse nos EUA. De um lado, foi escolhido pessoalmente por Will Smith para dirigir seu último trabalho, o sucesso de bilheteria À Procura da Felicidade. De outro, o roteiro de seu O Último Beijo foi refilmado nos EUA, com um elenco de prestígio e um orçamento razoavelmente generoso. Lançado por lá no final do ano passado, recebeu críticas positivas dos principais veículos especializados. O resultado, agora, chega ao Brasil, com o título de Um Beijo a Mais. Impossível não evitar as comparações e uma certa decepção.
Em Um Beijo a Mais, Michael (Zach Braff) é um arquiteto que, apesar de jovem, é bem sucedido na profissão. Ele está prestes a completar 30 anos. Namora há algum tempo a bela Jenna (Jacinda Barrett). De acordo com o seu projeto de vida, Michael tem certeza que ela é a garota certa para levar uma vida a dois. Bonita, inteligente e de boa família. Tudo conforme manda o figurino. Esta mera expectativa se torna uma certeza com a notícia que Jenna está grávida. A notícia cai com uma bomba para Michael. Apesar de o matrimônio ser uma etapa natural de sua vida, ele se sente de certa forma incomodado com a novidade, como se a colocação em prática de todos aqueles planos, tivesse algo de, digamos, definitivo demais.
Essas dúvidas se intensificam ainda mais quando, num casamento de um amigo, ele conhece Kim (Rachel Bilson), uma adolescente de 18 anos. Kim surpreende Michael com sua personalidade despojada e uma inesperada maturidade. A tentação de um novo romance com uma nova mulher, coloca em xeque o futuro da estabilidade do seu relacionamento com Jenna.
Paralelamente, o filme contêm duas sub-tramas: a primeira relacionada aos dilemas vividos pelos amigos de Michael. São eles, Izzy (Michael Weston), preso há dois anos a um romance já definitivamente encerrado; Kenny (Eric Christian Olsen), o bonitão cujo lema é o sexo selvagem desde que sem envolvimento; e Chris (Casey Affleck), o mais sensível do três, que se vê preso a um casamento e à neurose da esposa (que é bem mais evidente na versão européia). A segunda, volta-se aos pais de Jenna, a dona de casa Anna (Blythe Danner) e o terapeuta Stephen (Tom Wilkinson), estes também vivendo uma crise conjugal.
Talvez a grande falha de Um Beijo a Mais esteja na abordagem do tema principal. O rito de passagem da adolescência para a fase adulta implica em assumir posturas diante da vida. Tomar decisões. Ter a consciência que escolhas implicam em perdas e ganhos simultâneos. Pais falham ao não habituar seus filhos a, desde cedo, andar com as próprias pernas, de modo que eles amadureçam da forma menos dolorosa possível. Filhos foram feitos para o mundo e nem sempre os pais estão prontos para enfrentar este fato.
Estes conflitos eram muito bem colocados na versão italiana da história. O protagonista transparecia uma amargura interior e uma dificuldade quase que intransponível de ultrapassar a barreira divisória das duas fases da vida. Suas angústias eram divididas com os amigos, todos eles passando por problemas semelhantes. Nós passávamos a ser cúmplices dos seus dramas e a torcer para que eles fossem resolvidos da melhor maneira possível.
Na refilmagem, as agruras de Michael deixam de ter um motivo mais palpável. A única razão seria que sua vida estaria muito próxima da realidade que ele programara quando criança. A falta de surpresas e de aventuras, ou, em outras palavras, de não ter vivido a adolescência em sua plenitude, faria com que ele se recusasse a assumir compromissos mais sérios. Ao contrário de O Último Beijo, o protagonista americano, nesta busca por um mundo repleto de fantasias, parece mais próximo de regressar à infância do que de dar um passo avante, em direção à maturidade. Esta opção do roteiro torna o personagem (que já é um adolescente que receia em crescer), excessivamente infantilizado e medroso, o que afasta o interesse dos espectadores dos seus dramas pessoais.
Como se disse, escolhas implicam em renúncias e conquistas. Este tema central de O Último Beijo se dilui em Um Beijo a Mais. Na versão italiana, o protagonista faz a sua opção. Sabe que ela importa na perda de uma série de outras vantagens e regalias que a vida lhe apresenta. Mas ele assume as responsabilidades que advém destas decisões. No final das contas, vê-se satisfeito com o que ganhou e não arrependido com o que deixou para trás. A constatação do personagem principal celebra o nascimento de um novo homem, adulto, maduro e pronto para iniciar uma nova etapa da sua vida a partir de um novo núcleo familiar.
Já na refilmagem, a essência se perdeu e o foco migrou para outros modelos mais adaptados ao american way of life, como a perseverança, a determinação, a luta pelos próprios sonhos etc. Sem querer revelar nada que estrague a surpresa do espectador, as seqüências finais, por exemplo, com Michael sentado durante dias a fio, nas escadas da casa de Jenna, não confirmam a evolução do personagem como pessoa, muito menos que ele esteja convicto diante das suas escolhas.
Zach Braff constrói um Michael lacônico, reflexivo e de poucas palavras. Sua passividade me incomoda um pouco. Só mesmo ao final, quando ele se vê num emaranhado de problemas, sentimos uma reação de sua parte. Em mais de um sentido, ele é uma espécie de alma gêmea de Andrew, seu personagem em Hora de Voltar, filme que ele mesmo dirigiu, roteirizou e estrelou. Na verdade, a todo instante era este filme que mais me vinha à mente do que a versão italiana. Pode ser que esta aproximação tenha sido intencional, uma decisão dos executivos do estúdio com o objetivo de conquistar o público fiel àquele filme (verdadeiro cult nos EUA). Consciente ou não, o fato é que talvez resida aí minha sensação do porque Um Beijo a Mais tenha deixado escapar a essência da obra original, preferindo adotar um tom excessivamente melancólico, muito próximo daquele existente em A Hora de Voltar.
O restante do elenco está bem, em especial Jacinda Barret, que já deu as caras nos fracos Bridget Jones: No Limite da Razão e Poseidon. Sua Jenna não deixa transparecer qualquer dúvida quanto à decisão de se casar. No entanto, por dentro, possui os mesmos medos que Michael. Mais forte como ser humano, ela interioriza estas incertezas porque em seu íntimo sabe que a opção pela vida a dois é a melhor para si e para seu parceiro. Da transposição americana, é a única personagem que consegue rivalizar com a sua paralela italiana (e olha que na versão original, a responsável pelo papel era a belíssima e talentosa Giovanna Mezziogiorno).
Os outros dois personagens que ganham algum destaque são os pais de Jenna. Ainda que Blythe Danner (mãe de Gwyneth Paltrow na vida real) e Tom Wilkilson defendam com dignidade seus papéis, o roteiro se descuida de aprofundá-los de uma forma mais adequada. Na versão italiana, sentimos que a personagem da mãe, interpretada por Stefania Sandrelli, está sufocada por um casamento que há muito caiu na rotina. Ela percebe que o marido, como terapeuta, é capaz de resolver os problemas pessoais dos outros, enquanto que, dentro do próprio lar, sua passividade a irrita profundamente. Sua conversa com um amante do passado, interpretado por Sérgio Castellitto, é mais do que tocante, um dos melhores momentos do filme.
Na adaptação americana é tudo feito meio às pressas, o roteiro se precipita em mostrar a insatisfação de Anna com o marido, quando este ainda sequer foi devidamente apresentado na trama. Além do mais, a mesma conversa entre Anna e seu amante (aqui interpretado pelo diretor Harold Ramis) é feita de passagem, sem qualquer paixão, nas alamedas da faculdade em que ele leciona.
Apesar de todos estes pontos negativos, o filme acerta em algumas situações. O roteirista Paul Haggis consegue criar bons diálogos, como aquele em que, após constatada a infidelidade do genro, Stephen lhe diz que a única coisa que importa na vida não é o que sentimos mas o que fazemos. Em outro momento, o mesmo Stephen se emociona ao saber que sua filha está esperando uma menina.
No geral, refilmagens de obras de outros países não são uma boa idéia. A regra, claro, comporta exceções (vide o exemplo de Os Infiltrados, vencedor do Oscar de 2006). No caso de Um Beijo a Mais, creio que o problema não está tanto na decisão de se refazer uma história já contada ou na adaptação das características italianas para o universo americano. Um Beijo a Mais falha ao não ter captado a real essência do filme no qual se inspirou."
FABIANE SECCHES, do site Zeta Filmes:
"Mais de cinco ano depois do original, chega aos cinemas a adaptação da ótima comédia dramática italiana, "L'Ultimo Baccio" (dirigida pelo talentoso Gabriele Muccino). A versão norte-americana batizada de "The Last Kiss" deve estrear no Brasil em janeiro de 2007 com o título em português "Um Beijo a Mais".
Para quem viu o original em 2001, a notícia do remake veio talvez com um misto de alegria e de reserva.
Primeiro, a alegria de trazer novamente à pauta temas sempre bem vindos e belamente abordados no longa: conflitos amorosos e existenciais atemporais e a grande dificuldade humana de fazer escolhas e renúncias.
Mas, de outro lado, recebemos esta informação ressabiados, já que o título original é tão bom que parecia dispensar qualquer releitura: "L'Ultimo Baccio" ("O Último Beijo" em português) é um filme simples, mas de uma sensibilidade tocante, com um refinado senso de humor e um olhar perspicaz sobre os relacionamentos amorosos.
Surge então a pergunta que a princípio incomoda: embora as reflexões trazidas por Muccino permaneçam válidas (como sempre permanecerão), e embora retomá-las seja mesmo um prazer, será que neste caso não valeria mais a pena uma boa sessão saudade de "L'Ultimo Baccio" no DVD?
Ou seja: será que a tal releitura americana seria boa o suficiente para fazer por merecer nossa ida aos cinemas?
O primeiro bom motivo para isso é que o roteiro da versão americana é assinado pelo prestigiado Paul Haggis, recentemente aclamado por "Menina de Ouro (2004)" e "Crash - No Limite (2004)" - no qual além de roteirista foi também diretor.
Diante da seriedade que o nome de Paul Haggis impõe, associoada ao material original de qualidade, as nossas expectativas naturalmente crescem...
A sinopse é essencialmente a mesma e caso você tenha perdido o italiano, aqui vai um resumo simplório: Michael (interpretado por Zach Braff, da série "Scrubs") se vê às voltas com seus trinta anos e uma profunda crise existencial que os acompanha. Dividido entre a juventude da qual de certo modo já começa a se despedir e a vida adulta que parece aterrisar com força total sobre si, Michael começa a questionar suas escolhas quando a namorada de longa data, Jenna (Jacinda Barrett, de "Poseidon"), descobre estar grávida.
Michael não se sabe ainda preparado para ser marido e pai e para complicar ainda mais, vê-se envolvido com a bela Kim (Rachel Bilson, da série "The O.C."), mais de dez anos mais jovem, que representa um universo leve e descompromissado do qual ele sente cada vez mais falta.
Não bastasse seus próprios dilemas emocionais, Michael acompanha também os conflitos vividos por seus amigos e pelos pais de Jenna. São gerações diferentes, mas com dilemas parecidos sobre o amor, a liberdade, a maturidade e as muitas alegrias e dificuldades dos relacionamentos afetivos.
O papel central, Michael (o Carlo do longa original), é defendido com competência por Braff, que merece destaque desde "Hora de Voltar" (2004), que roteirizou, dirigiu e estrelou. Talvez o Michael de Braff não seja páreo para o Carlo do belo Stefano Accorsi, mas não podemos culpá-lo por não ter o mesmo charme dos italianos, que como escreveu o Bernardo, até quando são feios, são bonitos.
E o inegável carisma de Accorsi é parte essencial para a química do triângulo central que sustenta o filme.
Ainda assim, Braff é talentoso e se sai bem. O mesmo vale para Jacinda Barrett, a Jenna, que neste caso até pode, quem sabe, se comparar em beleza e graça à Giovanna Mezzogiorno, que interpretou o papel similar (Giulia). Falta a Barrett o tal sangue italiano que empresta mais força à personagem e lhe tiraria o ar um pouco blasé.
Rachel Bilson, a Kim, mostra que pode dar conta de um bom papel nas telonas e convence na versão morena da lolita irresistível.
Ainda no elenco da adaptação estão nomes que merecem destaque como Tom Wilkinson, Blythe Danner e Cassey Affleck.
E não é que o filme é bom? Ainda que seja norte-americano, ainda que seu diretor e alguns de seus atores tenham mais experiência em tv do que em cinema (olha o preconceito...) e ainda que com a sombra do anterior que lhe ofusca, já que permanece superior.
A nova versão não tem aquele ingrediente delicioso que dá o incomparável gostinho à la italiana, mas ainda assim é um filme interessante: "Um Beijo a Mais" é sim uma doce surpresa e refresca idéias de um modo equilibrado e muitas vezes envolvente, com atores dedicados e um cuidadoso roteiro adaptado.
Então, a boa notícia é que embora a sessão do DVD original seja sempre uma boa pedida, a adaptação americana vale sim a pena e pode render quase duas horas de uma agradável sessão de cinema. "
TONY TRAMELL, do site Almanaque Virtual:
"O cinema feito fora dos Estados Unidos, de tempos em tempos, produz filmes que são um sucesso de bilheteria, por serem inteligentes, inovadores e possuírem uma temática universal. O resto do mundo se dá por satisfeito com produções como o argentino "Nove Rainhas" (2000), de Fábian Bielinsky, ou o francês, "Três Solteirões e Um Bebê" (1985), de Coline Serreau. Os estadunidenses, por não gostarem de ler legendas, ou pela necessidade de verem rostos familiares são mestres em refilmagem. E aí, o resultado costuma ser duvidoso. Para o público que nunca viu o italiano “O Último Beijo” (2001), de Gabriele Muccino, Um Beijo a Mais (Last Kiss, 2006), de Tony Goldwin, consegue ficar acima da média das refilmagens e nada mais. Nada acrescenta de novo e uma ida a uma boa locadora com o DVD do original será mais proveitoso.
Um Beijo a Mais, assim como o original, é sobre um grupo de jovens, alguns solteiros e outros não, que se aproximam dos trinta anos e se deparam com uma espécie de crise da meia-idade precoce. O diretor-roteirista Gabriele Muccino foi quem mais lucrou literalmente, nesta versão o roteiro ficou com o premiado roteirista Paul Haggis ("Menina de Ouro", "Crash – No Limite" e "Cassino Royale"), o que justifica a cotação dada, pois o sábio Haggis pouco mexe no original, enxuga personagens e cria diálogos mais ousados, mas nada demais. As boas atuações do impecável elenco (o ótimo Zach Braff, Rachel Bilson, Tom Wilkinson, Blythe Danner , Casey Affleck e Jacinda Barrett) e uma direção segura reforçam a produção americana.
O filme retrata uma busca pela autodescoberta enquanto suas personagens lidam com temas universais, como monogamia e compromisso. A trama começa com o anúncio da gravidez de Jenna (Jacinda Barrett) e seu namorado, com quem vive há anos, Michael (Zach Braff, de "Hora de Voltar" e "Scrubs"), mas sem casamento à vista. Que entra em pânico pela situação e pela necessidade de Jenna em ter um lar. É o suficiente para detonar em Michael um comportamento imaturo. Em paralelo os pais de Jenna, Stephen (Tom Wilkinson) e Anna (Blythe Danner) enfrentam sua crise conjugal e os amigos de Michael têm cada um seus problemas amorosos (muitas namoradas e nenhum compromisso ou uma esposa que cobra um pai mais atuante, só para citar alguns).
Entre os destaques, podemos citar, Tom Wilkinson e Blythe Danner, que estão muito bem e ganharam diálogos melhores que no original, e Zach Braff, que é um dos grandes trunfos do filme. Um ator talentoso e centrado, como eu pude constatar quando o entrevistei anos atrás. Ele já havia surpreendido em Sundance, em 2004, com "Hora de Voltar", que dirigiu, escreveu, estrelou e cuidou da trilha sonora. Aqui volta a cuidar da trilha, mas supervisionando a compilação. Sua atuação que é ótima, também é repetida na trilha.
A idéia de redenção de Michael é que destoa no final, soa estranha, mas Um Beijo a Mais mantém a mesma desenvoltura que tem desde o começo. Seu grande mérito, presente no original, é não julgar ninguém e sim entender suas motivações. "
Post a Comment