Thursday, February 26, 2009

A CERIMÔNIA

Premiação do Oscar não tem surpresas
Neusa Barbosa, do Cineweb

No final, foi um Oscar mais do que protocolar. Não houve nenhuma surpresa real nas principais premiações da noite, data da esperada consagração da comédia dramática Quem Quer ser um Milionário?, de Danny Boyle.

Das dez indicações, o filme de Boyle faturou todas as que mais interessam e até as principais técnicas – filme, diretor, roteiro adaptado, fotografia, montagem, efeitos sonoros, trilha sonora, canção original. Muito mais do que merecia.

Daqui a alguns anos, quando se revir a história do Oscar, a premiação de 2009 deverá entrar na lista daquelas em que se cometeram algumas das maiores injustiças. Impossível não pensar isso com essa exaltação do filme bem mediano e comercial (no mau sentido) do cineasta inglês que já produziu antes trabalhos como Cova Rasa e Trainspotting.

O comentário é inevitável num ano em que principal categoria, melhor filme, tinha concorrentes do quilate de O Curioso Caso de Benjamin Button (o grande injustiçado da noite), Frost/Nixon (que passou batido) e Milk – A Voz da Igualdade. Haveria boas razões para que qualquer deles levasse a estatueta de melhor filme e/ou a de melhor diretor, embora esses méritos devessem ter cabido a ...Benjamin Button, que teve de contentar-se apenas com três prêmios técnicos: direção de arte, maquiagem e efeitos visuais, merecidos e indiscutíveis.

Já outro concorrente mediano, O Leitor, de Stephen Daldry, ganhou apenas o que lhe cabia – melhor atriz, na sexta indicação da talentosa Kate Winslet (que deveria ter sido indicada por trabalho superior, em filme ignorado nas principais indicações, Foi Apenas um Sonho, de seu marido, Sam Mendes).

Milk, um belo e sóbrio perfil do militante gay Harvey Milk, ficou com duas estatuetas, ambas merecidas – melhor ator para Sean Penn (que conquista sua segunda estatueta, a primeira tendo sido por Sobre Meninos e Lobos) e roteiro original (Dustin Lance Black).

Do mesmo modo, ficou com dois troféus Batman – O Cavaleiro das Trevas: melhor edição de som e melhor ator coadjuvante, póstumo, para Heath Ledger – cuja estatueta foi entregue aos seus pais e irmã, responsáveis por discursos emocionados que levaram metade da platéia às lágrimas. Entre elas, os atores Angelina Jolie, Anne Hathaway, Kate Winslet e Adrien Brody.

A espanhola Penélope Cruz ganhou também o cantadíssimo Oscar de melhor atriz coadjuvante, pela comédia Vicky Cristina Barcelona, lembrando em seu agradecimento os diretores Woody Allen, Pedro Almodóvar e Fernando Trueba.

Outra barbada da noite foi a animação Wall-E levar a estatueta da categoria, assim como o documentário (longa) Man on Wire. A Duquesa conquistou sua solitária estatueta de figurino.

Uma pequena surpresa foi o filme japonês Departures ter levado o Oscar de filme estrangeiro. Esperava-se que a premiação fosse para o concorrente francês Entre os Muros da Escola, o desenho israelense Valsa com Bashir (ambos com estréia marcada no Brasil em março) ou mesmo o alemão Der Baader Meinhof Komplex. Mas foi pouca novidade numa noite mais animada pelo show do apresentador Hugh Jackman (que se saiu bem nas piadas, dançando e cantando) e as homenagens (dos atores premiados em anos anteriores apresentando os concorrentes deste ano, uma ótima ideia) do que pelas premiações propriamente ditas. Pelo menos, por conta disso, a audiência deste ano subiu.

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