Alysson Oliveira, Cineweb
O Oscar chega à sua 81ª edição neste domingo de carnaval, com a esperança de aumentar a audiência que cai a cada ano. Não devem ser os números do Brasil que irão ajudar nessa tarefa. A Rede Globo decidiu não apresentar a cerimônia na íntegra, privilegiando o desfile das escolas de samba cariocas. A única opção será ver pelo canal a cabo TNT, que apresentará a premiação completa.
Como todos os anos, os cinco finalistas na categoria melhor filme falam muito sobre o que se pensa em Hollywood e quase nada sobre o estado do cinema atual no restante do mundo. Como é quase de praxe, há um filme com o Holocausto rondando seu tema. No caso, O Leitor, de Stephen Daldry, que pode dar a Kate Winslet seu primeiro Oscar - depois de seis indicações. Esse deve ser o único prêmio do longa, que também concorre nas categorias melhor diretor, roteiro adaptado e fotografia.
Igualmente com poucas chances de premiação, mas ainda assim bem melhor, Frost/Nixon, de Ron Roward poderá render o Oscar de melhor ator a Frank Langella, no papel do ex-presidente norte-americano. Também com temática política e poucas chances, entre os cinco finalistas há Milk - A Voz da Igualdade. Dirigido por Gus Van Sant e protagonizado por Sean Penn, o drama retrata Harvey Milk, o primeiro homossexual assumido eleito a um cargo público nos Estados Unidos.
A briga para o prêmio de melhor filme está mesmo entre O Curioso Caso de Benjamin Button (13 indicações) e o drama Quem Quer ser um Milionário? (10 indicações). As diferenças entre os filmes não poderiam ser maiores. O primeiro é um drama que acompanha diversas década na vida de um homem que nasce velho e rejuvenesce ao longo dos anos. Custou US$ 150 milhões e tem no elenco Brad Pitt (indicado ao Oscar de melhor ator). Já o outro longa, dirigido por Danny Boyle, custou um décimo de seu concorrente e não traz nenhum nome famoso em seu elenco. Benjamin Button é um filme com pedigree para Oscar e tem chamado a atenção há um bom tempo. Com sua história aspirando grandes verdades sobre a existência, cai como uma luva na galeria de filmes oscarizados - como Forrest Gump - O Contador de Histórias, ao qual é constantemente comparado.
...Milionário, por sua vez, é o mergulho de Danny Boyle (Trainspotting) no esquema melodramático de sucesso de Bollywood, a meca indiana do cinema. Adaptando livro de Vikas Swarup, conta a história de um garoto pobre das ruas de Mombai (Dev Patel) que, depois de muitas tragédias e contato com o crime, tem a sorte de concorrer num famoso programa que dá prêmios enormes a quem acertar suas perguntas.
Nada mais distinto do que o formato dos dois filmes. Embora seja uma superprodução vistosa, Benjamin Button capricha na sofisticação narrativa e na contenção emocional. Totalmente ao contrário do exagero barroco do colorido e da montagem vertiginosa de Quem quer ser um Milionário?, que tem até uma dança coletiva com todos os personagens. Se a Academia consagrar um deles, o outro deverá passar batido na distribuição de estatuetas.
Com diretores também ocorre algo parecido. Neste ano, a Academia repetiu a dobradinha e indicou ao prêmio os diretores dos cinco filmes que concorrem na principal. Por isso, o painel é bem parecido. Parece pouco provável que os dois principais prêmios se dividam - ou seja, quem ganhar filme, também ganha direção.
As categorias de atuação devem consagrar os já premiados com Globos de Ouro, BAFTAs e outros troféus. Kate Winslet, finalmente, deve receber um prêmio, assim como Heath Ledger deve levar um Oscar póstumo por Batman - O Cavaleiro das Trevas. Se acontecer, ele será o segundo na história do prêmio. Até agora, o único póstumo foi Peter Finch, em 1978, por Rede de Intrigas.
Algumas disputas, no entanto, devem acontecer na categoria melhor ator, entre Sean Penn (Milk) e Mickey Rourke (O Lutador), e melhor atriz coadjuvante, entre Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona), Marisa Tomei (O Lutador) e Viola Davis (Dúvida).
Público - O maior desafio da cerimônia, neste ano, não é criar suspense, mas inventar uma superprodução que atraia a atenção do público - especialmente o norte-americano. Mas como fazê-lo se as superproduções de 2008 - Batman - O Cavaleiro das Trevas, Austrália, entre outros - ficaram de fora das principais categorias? As consequências na queda da audiência já são visíveis. O canal responsável pela transmissão, o ABC, baixou o valor da inserção comercial de 30 segundos no intervalo do show.
David Rockwell, um dos responsáveis pelo show, disse ao jornal The New York Times, que "o Oscar é um dos maiores eventos a mobilizar todo o planeta. É uma celebração. E nós queremos algo menos grandioso e previamente gravado para deixar a cerimônia acontecer como um show ao vivo". Se ele vai conseguir superar o tédio que domina cada edição do evento, é uma incógnita.
Saturday, February 21, 2009
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